O poema Os sentidos aborda a saudade da natureza provocada pelo isolamento social, realizado em função da pandemia do novo coronavírus. Assim, pequenos objetos artificiais, como uma simples fonte de água, podem nos fazer acessar as memórias de um contato próximo com a natureza. No entanto, essa sensação não chega nem perto do que é realmente estar em meio às arvores, aos rios, às cachoeiras, às águas do mar e aos animais.
Assim, nesse período de quarentena, muitas vezes, sentimos falta de muitas atividades que fazíamos antes da pandemia e somos tomados pela saudade. Mas o que é essa saudade? Talvez seja um sentimento forte de relembrar algo ou alguém com um pouco de tristeza, uma dose de alegria e uma pitada de esperança, ou talvez seja apenas uma grande ilusão de algo cristalizado que não é, nem será.
Os sentidos
Incessante tentativa essa minha de buscar conexão com ela Ela, que provém tudo de que precisamos que abastece nosso espírito em meio ao aconchego verde Que acolhe nossas almas e refresca os nossos corpos
Saudade de sentir a brisa no rosto as ondas estourando na ponta dos pés as montanhas criando belos contornos os frutos e flores nascendo os rios, riachos e lagos em meus olhos
Saudade de degustar o fruto das árvores de sentir o aroma da terra úmida de tocar nas múltiplas texturas das folhas de ouvir o som das cachoeiras e de apreciar as tartarugas no mar
Ela, mãe natureza, permanece viva porém está muito distante e enquanto aguardo nosso reencontro fui surpreendida com uma sensação Novamente ouvi as águas, senti a essência da terra após a chuva e toquei na textura das folhas
Uma fonte de água fez isso aqueceu o meu coração e me fez estar novamente na floresta Simples artificialidade essa que retirou a angústia da minha alma e alegrou os meus ouvidos
As pedras, as folhas e a água se assemelham às verdadeiras não com a mesma força nem com a mesma vida a natureza é insubstituível
Todavia, enquanto vejo algo maior que impede a nossa união meus olhos satisfeitos transbordam da felicidade que me passa essa fonte que nada mais é além de pura ilusão
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Por Camille Magri Garabosky – Fala! Cásper