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Pessoas em situação de rua e em meio à pandemia de Covid-19

A Covid-19 tem afetado pessoas por todo o mundo, e grande parte da população está atenta e assegurando os devidos cuidados necessários. Porém, nem todo mundo tem acesso a esse privilégio. Como as pessoas em situação de rua, especialmente no Brasil, estão se cuidando? E quais as medidas que os governos dos estados brasileiros estão tomando?

A desigualdade social que existe no Brasil fica abruptamente clara quando nota-se que o movimento #ficaemcasa não é direcionado para grande parte da população que não possui um lar para se manter segura, e é tão acostumada com a desumanização que não acredita que a Covid-19 seja perigosa, se comparada aos desafios diários que muitos deles passam diariamente. Em uma reportagem para o jornal Ponte Jornalismo, José de Souza, de 49 anos, morador de São Paulo afirma: “lavamos as mãos nas poças quando chove”. Isso deixa evidente a falha dos órgãos públicos com o cuidado dessas pessoas, que são as mais vulneráveis ao vírus.

Morador de rua
Moradores de rua em meio à pandemia. | Foto: Reprodução.

Moradores de rua em meio à pandemia

Mais de 140 mil pessoas estão em situação de rua no Brasil, de acordo com o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, mas o auxílio emergencial disponibilizado pelo governo só é solicitado com o uso de um smartphone, com um chip. Quantas dessas pessoas possuem um smartphone com acesso à Internet?

No Rio de Janeiro, o grupo Urbanistas contra o Corona, em parceria com Sindicato dos Servidores das Justiças Federais do Rio de Janeiro, lançaram uma cartilha de 4 páginas sobre a Covid-19, mas e quanto aos instrumentos necessários para tomarem os cuidados necessários? Como essa população vai ter acesso à água e sabão?

Pensando nisso, a Universidade Federal Rural de Pernambuco criou uma campanha de arrecadação, a meta é juntar R$10 mil em dinheiro, produtos de limpeza e alimentação para moradores de rua. A campanha carrega a hashtag #todospelarua, que foi adotada por outras universidades de Pernambuco.

Já em Minas Gerais, as ONGs têm atuado de forma direta nas ruas na distribuição de suprimentos para essas pessoas. Além das ações individuais de cada estado, o Ministério da Mulher e dos Direitos Humanos divulgou uma nota técnica com ações para o acolhimento de pessoas que não têm moradia, disponibilizando quadras, abrigos, hotéis, entre outros.

O Sistema Único de Assistência Social é o que viabiliza o acolhimento e outros suportes para essas pessoas, além desse, entre a lista de órgãos que disponibilizam assistência, está o Sistema Único de Saúde, com as equipes dos consultórios de rua, que atuam na linha de frente, realizando o acompanhamento de atenção primária à saúde, os Centros de Referência Especializados em Assistência Social e os Centros de Referência Especializados para a População em Situação de Rua.

É preciso olhar com humanidade e respeito para esse grupo, e designar políticas públicas especiais para a contenção da doença entre essas pessoas vulneráveis todos os dias nas ruas.

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Por Camile Barros – Fala! UFPE

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