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Os brasileiros valorizam a ciência?

A ciência no Brasil é uma área que enfrenta enormes empecilhos: crise na pós-graduação, baixos investimentos, difusão precária, etc. Mas desinteresse não é um desses problemas.

63% dos brasileiros revelam que, se pudessem voltar no tempo, teriam uma carreira relacionada a ciências, por exemplo nas áreas da engenharia, matemática, tecnologia e ciências, segundo o Índice Anual do Estado da Ciência.

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(Foto: Felipe Melo, Jornal GGN)

As principais justificativas para não terem feito essa escolha foram o alto custo da educação científica (38%), não terem estudado o suficiente (31%), o mau desempenho em matemática (25%) e a falta de percepção acerca de oportunidades de carreiras relacionadas a ciências (25%).

O estudo global foi encomendado pela companhia 3M para mapear as percepções da população em relação à ciência. Realizada com mais de 14 mil pessoas de 14 países, a pesquisa analisou a imagem, a relevância e o impacto da ciência na sociedade.

Discutir ciência no país

O objetivo da pesquisa era estimular discussões a respeito do tema. No entanto, ainda é preciso trilhar um longo caminho. No Brasil, 39% da população não acredita em ciência, e somente 27% a defende durante discussões.

Alguns fatores podem explicar esse ceticismo. As crenças pessoais, por exemplo, afetam nesse julgamento. 50% da população só acredita em ciência quando ela está alinhada a suas crenças pessoais.

“Mesmo que os avanços na tecnologia tentem impulsionar mudanças positivas na sociedade, muitas pessoas em todo o mundo estão céticas em relação à ciência”, afirma John Banovetz, vice-presidente sênior de Pesquisa & Desenvolvimento e Chief Technology Officer da 3M.

Protesto contra o corte de investimentos para pequisa científica no Brasil. (Foto: Pedro Kirilos/Jornal da Unicamp)

Apesar de 70% dos brasileiros raramente, ou nunca, pensarem no impacto da ciência no seu dia a dia, a maioria tem um sentimento positivo em relação ao tema. 85% acreditam que precisamos da ciência para resolver os problemas do mundo.

Analisando os resultados da pesquisa, vemos que os brasileiros valorizam a ciência e a veem com otimismo, mas ainda têm dúvidas e receios em relação a ela. Queremos ter cada vez mais pessoas engajadas e defensoras da ciência

Paulo Gandolfi, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da 3M do Brasil.

Uma explicação possível para essas contradições pode ser o fato de que os poiadores da ciência podem não saber que é necessário um apoio a ela. 79% das pessoas se sentem curiosas em relação à ciência – enquanto apenas 12% se mostram indiferentes e 9% intimidadas.

Comunicação é fundamental

A difusão de conhecimento é um dos empecilhos que dificulta o acesso à ciência. A pesquisa revela que há uma oportunidade para aproximar a ciência e os cientistas das pessoas. A comunicação pode contribuir para torná-la mais acessível.

“Todos nós nos beneficiamos da ciência, mas é preciso uma comunicação eficaz para torná-la mais compreensível”, afirma a dra. Jayshree Seth, defensora chefe da ciência da 3M.

A ciência não pode ficar atrás de vidros em laboratórios. (Foto: Carlos Macedo/Agência RBS)

Principais mudanças em relação à pesquisa do ano anterior no Brasil

  • É menos provável que brasileiros saibam “nada” sobre ciência (18% em 2019 vs. 22% em 2018).
  • Brasileiros estão menos propensos a pensar que aciência é entediante (19% em 2019 vs. 26% em 2018).
  • Brasileiros estão menos propensos a dizer que a ciência causa tantos problemas quanto soluções (45% em 2019 vs. 52% em 2018).
  • Brasileiros estão menos propensos a acreditar que, se aciência não existisse, sua vida cotidiana não seria tão diferente (32% em 2019 vs. 38% em 2018).
  • Os brasileiros se tornaram mais céticos em relação à ciência (39% em 2019 vs. 34% em 2018).

Principais diferenças entre os resultados brasileiros e globais

  • Brasileiros gostariam de ter mais conhecimento sobre ciência (59% concordam completamente, contra 36% globalmente).
  • Brasileiros concordam que é importante que todos tenham conhecimentos científicos básicos, independentemente da sua profissão (63% concordam completamente contra 39% globalmente).
  • Brasileiros são mais propensos a buscar uma carreira científica se pudessem voltar no tempo (63% contra 58% globalmente).
  • É mais provável que brasileiros defendam a ciência ao debater seus méritos (27% contra 20% globalmente).
  • Brasileiros estão mais propensos a confiar completamente na ciência (40% contra 28% globalmente) e em cientistas(31% contra 20% globalmente).
  • Brasileiros estão mais propensos a pensar que outros países valorizem mais a ciência do que o Brasil (85% contra 68% globalmente).
  • Brasileiros estão muito mais propensos a acreditar que seu país está ficando para trás quando se trata de avanços científicos (74% contra 44% globalmente).
  • Brasileiros estão mais propensos a pensar que o governo seja responsável pelo financiamento da ciência (71% vs. 61% globalmente).
  • Mais propensos a acreditar que a ciência é muito importante para:
  1. Sociedade (82% vs. 60% globalmente).
  2. Comunidade local (77% contra 47% globalmente).
  3. Vida cotidiana (70% vs. 46% globalmente).
  4. Família (69% contra 42% globalmente).
  • Os brasileiros são menos propensos a desistir de sexo(18% contra 28% globalmente) do que de seu smartphone. *
  • É mais provável que os brasileiros tenham medo, em vez de entusiasmo, com futuros avanços:
  1. Robôs em todos os locais de trabalho (62% vs. 52% globalmente).
  2. Carros sem motorista em todas as estradas (54% vs. 47% globalmente).
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