Como já diria Gal Costa na música Palavras no corpo, “Ninguém diz eu te amo como eu” e na internet essas palavras se encaixam perfeitamente ao trazer o “eu te amo” em novo espaço, o virtual.
Essa temática apresenta um novo tipo de relacionamento, o Webnamoro, ou seja, um namoro pela internet em que os usuários constroem entre si uma relação à distância. Seria esse o modo de retrocesso no relacionamento humano ou a sua evolução?
Em tempos de quarentena, as relações costumam a ganhar espaço nos aplicativos de conversa on-line, contudo, não se equipara com a realidade de um namoro pela internet, visto que esse apresenta um caráter totalmente virtual e que ultrapassa o período de isolamento. Sendo assim, sem contato físico dos usuários. Esse contexto revela umas das consequências do século XXI, que é intitulado como a era técnico-científico-informacional da qual se destaca pelo avanço significativo da comunicação.
Logo, a facilidade permitida pelos meios de comunicação fez com que a distância real não fosse um obstáculo para o encontro de pessoas por todo globo, trazendo uma evolução comunicativa e abrangendo medidas como videochamadas, fotos e áudios, as quais possibilitam cada vez mais o entrosamento entre os membros que participam do webnamoro.
Nessa visão, a relação pode ser considerada como um fenômeno próprio da interligação proporcionada pela era globalizada, em que nem o amor pode medir distâncias.
Porém toda a tecnologia desenvolvida é capaz de compor um relacionamento amoroso? A ressignificação dos relacionamentos tem deixado lacunas para quem tenta compreender os benefícios dessa relação.
O filme HER, dirigido por Spike Jonze, ganhador do Oscar na categoria de ‘Melhor Roteiro Original’, relata a vida de um escritor solitário de cartas de amor, Theodore (Joaquin Phoenix), que acaba se apaixonando por um sistema operacional do seu computador. Porém, as lembranças do antigo relacionamento do personagem permite uma visão que analisa os malefícios e os benefícios da atual relação, da qual, ainda que a amada Samantha (dublada por Scarlett Johansson) esteja apenas nos meios eletrônicos, ainda o faz feliz e satisfeito.
Ao transpassar a realidade, muitos usuários desfrutam dessa experiência em que utilizam os aparelhos eletrônicos como ponte à pessoa amada e que são felizes sem o contato físico. Diante disso, o webnamoro não pode ser desconsiderado, pois é um fato cada vez mais recorrente em uma sociedade da qual consegue se relacionar mais pela internet do que na vida real, criando assim barreiras no contato físico humano.
Além disso, a relação por meio da internet gera uma preocupação no quesito da confiabilidade no que tange o desconhecimento de quem está do outro lado, conhecidos como fakes, ou seja, pessoas que se passam por outras e aproveitam a oportunidade de um envolvimento amoroso para manipulação e extorsão.
Dessa maneira, a falta da confiança é um fator que estimula a volatilidade desse relacionamento. Assim, o webnamoro é visto como um retrocesso para a maioria da comunidade virtual da qual utiliza de memes para expressar a desvantagem dessa relação.
Contudo, a pergunta é controversa. Ao lidar com o desenvolvimento comunicacional e a cultura do comportamento em uma relação, o choque é inevitável, pois o “estranhamento” induz a um caminho de visão singular.
Porém, o compreender do webnamoro requer muito além de um simples relacionamento, como também é preciso entender as transformações na sociedade causadas pelo avanço tecnológico.
______________________________________
Por Amanda Marques – Fala! UFPE