Arrogância, palavrões, xingamentos gratuitos, ameaças… estas e outras formas de agressões constantes fazem com que jornalistas e veículos de comunicação deixem, com o passar do tempo, de fazer coberturas jornalísticas sobre declarações do presidente Jair Bolsonaro, direto do Palácio da Alvorada.
Figuramente, o Alvorada transformou em “alvo” jornalistas e veículos de imprensa que reportam situações constrangedoras e escandalosas do Governo Bolsonaro. Se não bastasse o próprio presidente, Bolsonaro ainda ganha o apoio de correlegionários que, em certos momentos, chegam a apresentar um comportamento de alinhenamento político contra repórteres que estão lá para ouvir o presidente, constrangendo e até chantageando os profissionais de imprensa.
A relação entre Bolsonaro e a imprensa
Jornalistas do jornal Folha de S. Paulo e dos veículos do Grupo Globo (TV Globo, GloboNews, rádio CBN, jornal O Globo e G1), são os mais atacados. Recentemente, a Folha e o Grupo Globo suspenderam suas coberturas na porta do Alvorada, alegando insegurança física de seus profissionais.
Mas não são apenas jornalistas da Globo e da Folha que são agredidos e ameaçados! Repórteres de outras empresas também são criticados pelo presidente e pelos apoiadores.
Quando Bolsonaro manda um repórter se calar, afomenta ainda mais o comportamento inadequado de correligionários que, além de vibrarem contra os jornalistas, replicam as atitudes grotescas contra os profissionais.
Quem tem que garantir a segurança dos jornalistas na porta do Palácio da Alvorada é o Gabinete de Segurança Institucional, o GSI, liderado pelo general Augusto Heleno, que afirmou, em nota, que o GSI garante a segurança física dos profissionais de imprensa, mas não consegue evitar os xingamentos.
Bolsonaro classifica a Folha de S. Paulo e a Rede Globo como inimigas e exige que os repórteres das demais empresas não sejam “importunadores” e “manipuladores” como os da Globo e da Folha. Mas Bolsonaro responde perguntas que o convém e ignora e, não raramente, ataca repórteres que realizam perguntas que o incomodam.
Num regime democrático, a imprensa livre é um pilar fundamental que deve ser preservado, o que não está acontecendo no Palácio da Alvorada, com repressão da mídia por parte de apoiadores e até do próprio presidente, o que é um agravante de peso nesta situação. Esperemos que tal ataque contra a imprensa na porta da residência oficial da presidência não seja o simbolismo de uma alvorada de censura maciça contra o jornalismo e nem contra a democracia.
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Por Álvaro José – Fala! UFPE