Saiba como a população mais pobre lida com os padrões de beleza impostos pela sociedade e as consequências da busca pelo corpo idealizado
Você com certeza já ouviu falar dos padrões de beleza, e talvez até conheça alguém que se esforce para estar inserido neste processo. Através dos meios de comunicação, a sociedade tem imposto um estereótipo padrão (principalmente da beleza feminina), demonstrando o que a população precisa para ser aceita na sociedade. Ser magra, vestir manequim 36, ter um belo corpo de modelo, cabelos longos, lábios carnudos. Em vista disso, vem a cobrança para se sentir bonita, atraente e bem vista pela comunidade. Já no caso dos homens, também é imposto que sejam altos, musculosos, bronzeados e com mandíbula definida, porém, nada disso tem comparação com o peso que exercem sobre a exigência da aparência feminina.
Programas de televisão, revistas e comerciais vieram abrindo cada vez mais um espaço maior para apresentar novidades em setores cosméticos, vestuários e de alimentação. Essas propagandas estão com o intuito de vender o que não está disponível nos mercados: o sucesso e a felicidade. O Brasil é um dos países que mais realizam cirurgias plásticas no mundo. Conforme o levantamento realizado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, em 2019, o país obteve 13,1% do total de procedimentos, seguido dos Estados Unidos, com 11,9%. Essas são as condições para quem pode e tem onde gastar! Mas, e a classe baixa? Como essa população lida para se sentir melhor com os padrões de beleza que estão sendo impostos pela nossa sociedade?
Como a classe mais baixa lida com os padrões de beleza
A preocupação com a imagem e o culto ao corpo é algo que passa por todas as classes sociais e faixas etárias (inclusive a classe baixa), apoiadas em um discurso voltado para a abordagem estética. A percepção corporal, denominada pela existência de um vasto universo perfeito pelas mídias, tem como objetivo projetar corpos impecáveis para a sociedade.
Criamos um espaço econômico moldado por grupos distintos, desde os médicos cirurgiões plásticos aos esteticistas mais qualificados, e às elites que usam dos meios científicos para se adequarem aos padrões, até as vendedoras ambulantes ou a domicílio nas vendas através de catálogos, oferecendo produtos de beleza. Dessa forma, as relações entre a boa forma e beleza, juntamente com o crescimento das indústrias e da sociedade, tornam-se evidentes, pois não se trata apenas dos cosméticos caros e cirurgias, mas também o que tiver ao alcance da população de baixa renda, como as dietas, exercícios e o uso de marcas genéricas.
Diante disso, quando se trata da população de baixa renda, tem se tornado maior a procura por uma dieta e alimentação saudável, além da substituição das cirurgias plásticas pelas academias de ginástica; e até mesmo para os adolescentes, que desejam ter o corpo perfeito (imposto pela sociedade), e que não são indicados para passar por procedimentos cirúrgicos. A saúde também deve ser levada em conta, mas o que realmente incentiva o público à prática de exercícios não é nada mais, nada menos, do que pelas questões estéticas. Muitas pessoas que não possuem condições de pagar a mensalidade de uma academia optam por realizar os exercícios em casa, na maioria das vezes acompanhados por dicas e tutoriais na internet.
Soluções para a população menos abastada
Para estar dentro do padrão, as pessoas de classe baixa mostram que sim, é possível ser elegante e estar na moda gastando pouco! Uma dessas estratégias é a preferência por compras em ponta de estoque, buscando por marcas genéricas (aquelas que não são famosas, sendo mais baratas e mesmo assim garantindo qualidade), seja de acessórios, maquiagens e principalmente roupas e calçados. Existe também a questão da busca por réplicas dos produtos de marca, que geralmente são vendidos em bancas de camelô ou em pequenas lojas.
Algumas mulheres, em busca da elegância e possuindo uma baixa renda, optam por aprender a se cuidarem em casa. Tanto com a ajuda de outras mulheres da família, quanto com os tutoriais e informações encontrados na internet, que as auxiliam na hora de fazer o cabelo, as unhas e manter os cuidados com a pele sem precisar ir ao salão.
Busca pela perfeição e consequências
Com todas essas ideias de padrões impostos pela indústria da moda e alimentados pela mídia, a idealização do corpo perfeito tornou-se uma obsessão global. Cada vez mais pessoas buscam formas de transformar o físico e a aparência, em busca da elegância máxima, mas esquecem de priorizar sua saúde, colocando-a em risco na maioria das vezes.
A imposição desses moldes bem vistos para a sociedade podem trazer inúmeras consequências, desde problemas com a autoestima até o desenvolvimento de distúrbios relacionados à autoimagem. Problemas como o emocional, transtornos alimentares, abuso de substâncias nocivas e risco de lesões e acidentes são bem comuns quando estamos nos referindo ao encaixe no padrão de beleza. Por isso, é importante o cuidado e o apoio ou supervisão de um profissional.
Valorizar a autoestima e estar em paz perante o que a sociedade impõe é sentir-se bem consigo mesmo(a), e com a saúde mental em dia. Ser diferente é o que te torna único, pois cada pessoa tem sua própria beleza, e ninguém precisa ser igual a ninguém! A aparência física, um dia, acaba, e o que importa mesmo é a beleza e o brilho que vem de dentro e a realização dos seus sonhos. A vaidade faz parte da natureza humana, mas não chegue ao ponto de se escravizar por isso, por conta dos padrões de beleza que uma comunidade impõe. Viver feliz e com dignidade deve ser a nossa meta, uma vez que o envelhecer é o destino de todos nós.
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Por Ananda Miranda – Fala! Cásper