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Opinião: O vírus comunista, a hipocrisia exposta pela pandemia

Com as dificuldades impostas pela pandemia, as ideologias mudam, mas nem sempre isso é notado

Passando tempo em casa, muito tempo, começo a pensar e cruzar ideias. Convido, então, a seguir minhas ideias: a maioria dos negacionistas da pandemia e os que querem voltar ávidos à “vida normal” (com comércios abertos e pessoas indo trabalhar como antes) são ideologicamente de direita, divididos em liberais e conservadores, mas todos seguidores do capitalismo e adoradores do livre mercado. Sendo assim, arrisco-me a deduzir que, em todas as discussões, defendem a autorregulação do comércio e a livre concorrência. Porém, agora, com a pandemia que vem desolando o mundo, os países e as pessoas, essa geração de defensores de Adam Smith parece estar mudando de ideia, mas sem notar que isso ocorre.

Os empresários tiveram que passar por adaptações para atender a distância seus clientes, mas, como a mão invisível do mercado é rígida e cruel, muitos deles (os menos adaptados) foram falindo, fechando nesse “darwinismo econômico”.

Assim, os antes ferrenhos capitalistas, pegam auxílios estatais e começam, como crianças desesperadas, a chorar por injustiças, que antes só não incomodavam por atingirem apenas os outros, os mais pobres e vulneráveis. Injustiças como: clientes diminuindo, porque o concorrente tem serviço de entrega ou alguma reclamação egoísta por não poder abrir seu empreendimento, pois, em sua mente, o vírus é uma “gripezinha”.

Pode parecer injusto julgar pessoas que clamam por sobreviver neste mundo em crise econômica e sanitária, no entanto, o julgamento não deve cair sobre suas ações de hoje. Deve, sim, apontar a hipocrisia que estas demonstram: antes o Estado devia ser pequeno, agora deve crescer para salvá-los; a justa autorregulação que os deixava abrir, agora é má e os fecha; a clientela que lhes era fiel, agora prefere viver do que ir às ruas, sendo-lhes como Capitu foi para Bentinho (em sua mente, pois todos sabemos que não houve traição).

crise
Com a pandemia, algumas pessoas da classe média perderam seu capital. | Foto: Unsplash.

Hipocrisia exposta pela pandemia

Então, a crise mundial que se instalou graças a um ser microscópico, além de mostrar que serviços estatais de saúde são essenciais e que não é possível ter ensino a distância homogêneo, está fazendo com que ideologias de esquerda sejam implantadas de forma imperceptível na cabeça dos contemporâneos capitalistas, como argumentado antes.

O capitalismo moderno era o sistema perfeito até que seu lado cruel passou a atingir a classe média, como vinha atingindo as baixas desde sempre. Agora, vê-se que Renda Mínima (há muito tempo defendida por Eduardo Suplicy) é algo viável e até que a desigualdade não é normal, isto é, quando passa a atingir quem já teve dinheiro. Chega a ser cômico ver como o rico só adquire consciência social quando passa a se tornar pobre. 

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Por Vinícius Caldeira Novais – Fala! Cásper

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