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Opinião: manifestações pró-Bolsonaro expõem falta de empatia social?

Com máscaras no queixo, bandeiras do Brasil nas mãos e discursos anticiência, brasileiros bolsonaristas vão às ruas pedindo a abertura total dos comércios e proferindo palavras de oposição aos governadores e prefeitos antagonistas ao governo Bolsonaro, enquanto o país ultrapassa mais de 400 mil mortes por Covid-19 até os primeiros quatro meses de 2021.

Porém, após tantas falas que transparecem despreocupação com o povo de seu país, o presidente da República ainda possui muitos apoiadores, deixando a dúvida do porquê tantas pessoas concordam com os pronunciamentos antivacina. Muitos apostariam na criação de uma figura messiânica, mas a realidade é a falta de consciência social por parte de grande parte do povo brasileiro. 

Bolsonaro
Manifestantes em Copacabana contra as restrições impostas por prefeitos e governadores no dia 1º de maio de 2021. | Foto: Reprodução.

Manifestações a favor de Bolsonaro e consequências

Seus discursos negacionistas, que vão contra a Organização Mundial da Saúde (OMS) e colocam a economia da nação acima de vidas, seduziram boa parte da população. Nas palavras do historiador Leandro Napoleão Caetano de Oliveira, “até que ponto nós temos um messianismo hoje nesse bolsonarismo? Ele tentou criar, mas, na prática, existe? Não sei se tem esse culto tão grande, ou se na verdade é simplesmente uma ignorância social de não conseguir enxergar os erros, de não conseguir enxergar os problemas, conseguir enxergar o que ele está falando”.

Essa ignorância social sobre um coletivismo tange questões históricas e ideológicas internalizadas no povo brasileiro, pautadas na desigualdade social. O discurso do presidente e a reprodução por parte de seus adeptos exprime um discurso egoísta e neoliberal, pensando apenas na própria renda, e não na defasagem que o país sofrerá a curto, médio e longo prazos.

Isso porque os maiores afetados pela pandemia são da população de baixa renda. E, por conta da ignorância social citada pelo historiador e o pensamento neocolonial intrínseco na mente dos brasileiros, há o desprezo pela vida do povo pobre. Esta conjuntura decorre do fato de o Estado brasileiro ter interesse apenas na manutenção da estrutura social. 

A conceituação do sociólogo Jessé de Souza de que a estrutura escravista brasileira foi adaptada para uma estrutura de classes, onde o branco é elite e o negro é o pobre, não poderia ser mais verídica. Ninguém percebe porque ninguém questiona. O Estado sempre faz o possível para manter essa constituição social e, em meio a um governo que dissipa liberalismo a cada fala e ação, seus privilegiados não deixariam de prestar apoio.

Falas totalitárias de personagens que comandam um povo, como as de Bolsonaro, são presentes em messiânicos e líderes com falta de consciência coletiva, sendo igualmente perigosas, especialmente em um país religioso como o Brasil, de maioria cristã, de baixa escolaridade e que acredita nas receitas milagrosas do “jeitinho brasileiro”. São momentos difíceis que clamam o discernimento da população, e que esta busque informações verídicas da atualidade e do processo histórico brasileiro, para que nunca mais coloque no poder uma ameaça à tão preciosa democracia de massas do Brasil.

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Por Mariana Baiter – Fala! Cásper

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