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Opinião – M.L.K à violência policial: consequências do racismo nos EUA

Mesmo com os esforços de Malcom X e Martin Luther King, a sociedade estadunidense ainda vive com as consequências do racismo, não só estrutural. A prova disso está na eleição do ex-presidente Donald Trump.

Embora os EUA tenham tido dois mandatos com Barack Obama, a partir do momento que Trump assume o poder, por uma eleição democrática, os ideais de parte da população estadunidense ficam claros diante do público. A eleição de um presidente que ridiculariza pautas sociais como racismo representa um retrocesso na luta pela igualdade racial.

Escravidão

A escravidão na América do Norte começou em meados de 1520 e, logo nesse momento, já ficou claro qual seria o público-alvo. Enquanto no Brasil a escravidão não iniciou somente com afrodescendentes, mas também com indígenas, nos Estados Unidos, o foco principal foram os africanos, trazidos pelos espanhóis em suas excursões, e seus descendentes. 

Vale ressaltar que o ápice da escravidão ocorreu entre 1700 e 1810, ou seja, é preocupante analisar que a parte mais intensa durou 110 anos e isso fez com que quase 2 milhões de escravos fossem desembarcados nos portos coloniais. Entretanto, comparado com alguns lugares do mundo, a abolição da escravidão ocorreu consideravelmente cedo, em 1865. Mesmo assim, imaginar que a abolição melhoraria as condições de vida dos negros e seus descendentes era uma utopia. 

A abolição impedia que, formalmente, o “escravo” acabasse. Contudo, nem tudo são flores. Os negros não tiveram opções e foram obrigados a ocupar a camada mais inferior da sociedade. Logo, a liberação sem o auxílio ou algum tipo de ajuda resultou em um atraso histórico enorme que ainda não foi compensado nos dias atuais.

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Saiba quais são as consequências do racismo nos EUA. | Foto: Reprodução.

Racismo 

As consequências do racismo são claras na sociedade estadunidense contemporânea. Percebe-se isso ao analisar as condições dos negros quando se trata de saúde, educação e segurança. Infelizmente, em 2021, as pessoas ainda atravessam a rua ao ver um negro na mesma calçada e isso é uma das menores consequências do racismo. As questões socioeconômicas também são muito desiguais, a prova disso é que um estudo do Census Bureau americano mostrou que mesmo os negros nascidos em famílias ricas tendem a ter salários menores do que os brancos. 

Ao analisar a evolução dos direitos, fica claro que a comunidade negra vive em uma constante luta que, aparentemente, não acabará tão cedo. A série Um Maluco no Pedaço, iniciada em 1990 e terminada em 1996, fazia diversas críticas, de forma cômica, relacionadas ao racismo na vida dos estadunidenses. O problema é que, mesmo após mais de 25 anos, as críticas continuam atuais e diversas situações retratadas na série seguem acontecendo.

Se analisarmos mais a fundo, o discurso de Martin Luther King, feito há quase 60 anos, segue sendo atual também. Seu sonho ainda está vivo e poucas coisas realmente mudaram de 1963 para cá. M.L.K queria que o negro fosse verdadeiramente livre, pudesse viver sem distinções entre os brancos, não tendo nenhum tipo de segregação. Queria que as pessoas não julgassem mais pela cor, mas, sim, pelo que cada ser humano oferece. Ademias, queria que todos da sua cor tivessem os mesmo direitos dos brancos. Sim, os direitos foram alcançados, na teoria. Entretanto, na prática, os negros ainda não podem ser livres, visto que o racismo estrutural ainda interfere na vida deles.

A maioria dos negros é obrigada a viver na camada mais baixa da sociedade, vivendo com menos dinheiro, tendo menos oportunidades, sofrendo mais na vida somente por sua cor. Estamos em 2021 e o racismo ainda vive. A pior consequência do racismo é o próprio racismo. Ele é o princípio, o meio e o fim do problema cultural que mais faz um povo sofrer. 

Segregação nos EUA

Vale ressaltar que o período de segregação nos EUA durou até meados dos anos 60 e os maiores absurdos ocorreram nesse período, justamente por consequência do racismo. A separação de raças foi feita com base na lei e permitia que negros não pudessem frequentar os mesmos lugares que os brancos. Era comum ver bebedouros e banheiros para brancos e para negros, separadamente. No exército, os negros possuíam quartéis e locais de treinamento separados dos brancos. Por fim, a coisa mais grave que ocorreu nesse período foi a criação de grupos supremacistas brancos, como a Ku Klux Klan que, além de pensarem que eram uma raça superior, acreditavam terem o direito de matar e humilhar negros apenas por sua cor.

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Integrantes da Ku Klux Klan reunidos. | Foto: Reprodução.

Um dos maiores marcos contra a segregação racial nos Estados Unidos ocorreu em 1955, quando a negra Rosa Parks recusou se levantar de seu lugar no ônibus para que um branco se sentasse. Isso ocorreu no Alabama, um lugar altamente racista e segregado. Logo, esse ato resultou em sua prisão e fez com que a sociedade negra se revoltasse, fazendo protestos e revelando grandes nomes na luta racial, como Martin Luther King e Malcom X.

Resposta ao racismo

Quer um exemplo prático do violento racismo enrustido na sociedade? Os protestos do “Black Lives Matter”, que foram um marco histórico na luta racial em que diversas pessoas influentes participaram, parando até a NBA; e os protestos a favor de Trump no período presidencial. Enquanto um dos protestos exigiam os direitos dos negros motivados pela revolta de mais um deles morrendo pelos policiais de forma cruel, o outro era apenas uma revolta coletiva dos brancos por causa de outro presidente eleito, que não Donald Trump.

Agora a grande questão é: nenhum dos dois protestos foi completamente pacífico, um completamente compreensível, o outro não. Mas um deles teve a repressão policial e toque de recolher, já o outro, feito por “pessoas de bem”, pôde utilizar toda violência, tendo até uma mulher morta por um homem branco. Por que a polícia não agiu da mesma forma nos dois protestos? Suponho que todos sabemos a resposta só de analisar o público de cada um dos eventos.

A influência do racismo fez com que uma grande injustiça ocorresse na sociedade americana. O racismo estrutural cresceu e isso fez com que os negros, logo que nascem, já tenham menos oportunidades do que os brancos.

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Por Felipe Sapia – Fala! Cásper

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