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Opinião: como as cidades praianas estão lidando com a pandemia

Apesar de pandemia ser uma realidade, praias ficam lotadas em fins de semana

O verão, no Brasil, é um evento esperado o ano inteiro. Mesmo sendo um País que, de norte a sul, faz calor todos os meses, é nele que a população resolve viajar, se deliciar nas águas mornas e cristalinas do Nordeste ou se jogar nas violentas praias do Sul – como Florianópolis. 

Acreditava-se que, em 2021, seria diferente devido ao cenário pandêmico, sobretudo no próprio país, mas não está sendo. Já nas festas de final de ano, tivemos um exemplo de como estamos mal em termos de conscientização: enquanto os números de mortos e de infectados cresciam – sem ter nenhuma previsão de vacinação -, a população brasileira lotou as ruas, as praias, as festas fechadas, as casas. Onde era possível aglomerar, assim o fez.

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Praias lotadas em meio à pandemia. | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil.

Pandemia em cidades praianas

Desde o início da pandemia, “ir à praia” foi uma questão que exigia atenção das autoridades, pois, mesmo sendo um local aberto, acabava em aglomeração. Medidas como o fechamento da faixa de areia no Rio de Janeiro, isolamento em massa em Florianópolis, suspensão do comércio em Porto Seguro e até o cancelamento e adiamento gratuito de passagem agiram de forma pontual na contenção do contágio.

Mas, ao mesmo tempo, criou-se o desafio de auxiliar, de forma justa, todos os autônomos que dependem do lazer e turismo. O que não aconteceu e só serviu para justificar uma flexibilização irresponsável, sem qualquer fiscalização.

Florianópolis

 Florianópolis ganhou destaque. A capital que, no início da pandemia, era um exemplo de isolamento, demonstra, hoje, um descaso com as vidas perdidas e com os investimentos já feitos.

Nos primeiros meses, a prefeitura investiu 4.5 milhões em testes, e nas últimas semanas, a lagoa do paraíso, um dos “points” da cidade, protagonizou imagens de aglomeração sem qualquer preocupação ou medo.

As autoridades, que por sua vez, deveriam controlar a população fazendo “vista grossa” em um nível que nitidamente não tem intenção de ajudar os trabalhadores, mas de prejudicar a saúde pública.

Rio de Janeiro e Jericoacoara na pandemia

No Rio, no início da pandemia, os banhistas foram proibidos de ficar na areia. A medida gerou discussões calorosas. Foi eficaz na diminuição expressiva das aglomerações na orla das praias e, hoje, assistimos à população na areia de Copacabana “agindo como se nunca tivesse tido pandemia no Brasil”, de acordo com Alberto Muller, morador de Copacabana. 

Jericoacoara sempre esteve ruim. Desde março, a polícia teve que agir de maneira incisiva na área para conter as aglomerações. Inicialmente, achávamos que, pela dificuldade de acesso, a Jeri estaria livre do coronavírus, mas estávamos completamente enganados.

Segundo o viajante Márcio, que passou por Jericoacoara no mês de dezembro, a polícia usou gás de pimenta para conter aglomerações, muitas vezes, na praia.

Além de entradas não autorizadas, foram alguns dos problemas que, inclusive, levaram a prefeitura a aumentar as restrições para as festas de final de ano, restringindo restaurantes e proibindo festas, para que o turismo na área, que ficou cinco meses inativo, pudesse voltar com segurança.

Porto Seguro

Porto Seguro também passou meses sendo exemplo no combate à pandemia. O município, que tem uma economia 100% turística, teve uma paralisação completa, pois os voos, em sua grande maioria, estavam sendo remarcados e com os comércios, as barracas de praias – onde acontecem as maiores aglomerações da cidade – fechados, a região registrou um número ínfimo de casos e mortes em comparação a outras cidades com a mesma quantidade de habitantes.

Mas, com a chegada do verão, as coisas mudaram: o aeroporto de Porto Seguro recebeu cerca de 50 voos diariamente, do dia 26 ao dia 02 de janeiro, sem contar os jatinhos que são muito comuns na região.

Segundo o G1, houve engarrafamento de helicóptero em Trancoso. O município, que reúne Arraial D’ajuda, Trancoso, Caraíva e Cabrália, já recebeu mais de 150 mil visitantes neste verão e espera o dobro.

Mesmo com o projeto de vacinação caminhando, é preciso que não desistamos de nos cuidar. A pandemia ainda não acabou, mas logo acabará. E mesmo que tenhamos que sair, que nos cuidemos o máximo que pudermos para caminharmos com maestria para o final deste evento histórico e traumático, para que não sejamos, mais ainda, motivo de vergonha futuramente.

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Por Eric Nobre – Fala! Ufes

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