A pouco mais de um ano do término de seu mandato, o Governo Bolsonaro ainda não cumpriu muitas de suas promessas de campanha e, em alguns casos fez, o oposto do que prometeu. Apontado por suas contradições nas redes sociais e eleito com um forte discurso de combate à corrupção, Bolsonaro tem seu governo investigado na CPI da Covid pelo superfaturamento de vacinas. Mas essa não é a única contradição envolvendo o presidente.
Veja, a seguir, as 5 maiores contradições do Governo Bolsonaro em seus anos de mandato.
5 maiores contradições entre a campanha de Bolsonaro e seu mandato
Acordos com o Centrão
Eleito com a promessa de acabar com o que chamava de “velha política”, Bolsonaro era um forte crítico do *Centrão. Em 2018, época das campanhas eleitorais, o presidente chegou a declarar que: “Quero agradecer ao Geraldo Alckmin por reunir a nata do que há de pior do Brasil ao seu lado”, referindo-se ao grupo.
No entanto, após assumir seu mandato, parece ter mudado de ideia. Jair Bolsonaro se aproximou do centrão em diversas ocasiões. Em julho deste ano, por exemplo, o Presidente indicou um dos líderes do centrão, Ciro Nogueira (PP-PI), para ser ministro da Casa Civil. Além disso, chamou muita atenção nas redes sociais após defender o grupo em um vídeo e dizer que: “O Centrão é um nome pejorativo. Eu sou do Centrão”.
Centrão: Grupo no Congresso conhecido por se aproximar do poder executivo, trocando seu posicionamento por cargos importantes com grande remuneração.
Indicação de ministros técnicos
Uma de suas propostas de campanha era a indicação de ministros por critérios técnicos.
Tem que ser alguém que entenda daquele assunto. Assim como na Defesa vai ter um oficial quatro estrelas, no Itamaraty, alguém do Itamaraty, na Agricultura, alguém que venha indicado pelo setor produtivo, com a educação, não é diferente. A gente está escolhendo a partir de critérios técnicos, né? Competência, autoridade, patriotismo e iniciativa.
Bolsonaro, em 2018, durante entrevista à imprensa
Por outro lado, quando a pandemia da Covid-19 estava na fase inicial no território brasileiro, Bolsonaro demitiu o médico Luiz Henrique Mandetta do cargo de Ministro da Saúde por uma série de discordâncias. Entre elas, a indicação de cloroquina, remédio sem comprovação científica para tratar o novo coronavírus, e isolamento vertical, o presidente defendia ambos. Nelson Teich foi indicado por Bolsonaro, mas durou apenas um mês, quando pediu demissão por também não concordar com a política negacionista do Presidente.
Após isso, Bolsonaro decidiu indicar o General Pazuello para o cargo. Sem experiência alguma na área e não atendendo aos “critérios técnicos” que havia prometido durante a sua campanha, o General é um especialista em logística e ficou no comando do Ministério da Saúde de maio de 2020 até março deste ano.
Reeleição para presidente
Em uma entrevista para a imprensa, durante sua campanha, Bolsonaro afirmou que: “O que eu pretendo é fazer uma excelente reforma política, acabando com o instituto da reeleição, que começa comigo caso seja eleito.”.
No entanto, além do Presidente não ter adotado qualquer medida para que isso acontecesse, Bolsonaro dá sinais claros de que pretende se candidatar em 2022, e segue com aprovação de 24% dos brasileiros, segundo o Datafolha.
15 Ministérios no máximo
Uma das promessas de campanha de Bolsonaro foi a redução da quantidade de Ministérios para o número máximo de 15. Ao invés disso, ele iniciou seu mandato com 22 e hoje o governo é composto por 23 ministérios.
Combate à corrupçãono Governo Bolsonaro
Jair Bolsonaro foi eleito com um forte discurso contra a corrupção, além de ter se mostrado um grande entusiasta da operação Lava-Jato, chegando a indicar o até então Juiz Sérgio Moro para o cargo de Ministro da Justiça. Porém, no dia 24 de abril do ano passado, Moro se demitiu do cargo após acusar o presidente Bolsonaro de querer indicar um contato pessoal para a presidência da Polícia Federal, e dessa forma ter acesso às informações.
Outro caso que também chamou atenção nas redes, foi quando a Polícia Federal, durante uma operação, flagrou o vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), escondendo R$33 mil na cueca. Ao todo, foram encontrados R$100 mil em sua casa. Além disso, durante a CPI da pandemia foram descobertos esquemas de superfaturamento de vacinas e o nome apontado pelo deputado Luís Miranda foi o de Ricardo Barros, nome escolhido por Bolsonaro para ocupar o cargo de líder do governo na Câmara dos Deputados. Segundo o depoimento de Luís Miranda, Bolsonaro sabia dos esquemas.
Foi o Ricardo Barros que o presidente falou, foi o Ricardo Barros. Eu não me sinto pressionado para falar, teria dito desde o primeiro momento, mas vocês não sabem o que eu vou passar. Apontar um Presidente da República, que todo mundo defende como uma pessoa correta e honesta. Quem sabe que tem algo errado, sabe o nome e não faz nada por medo da pressão que ele pode tomar do outro lado. Que presidente é esse que tem medo da pressão de quem está fazendo algo errado? De quem desvia dinheiro público das pessoas morrendo na p***a desse Covid?
Luiz Mirando sobre Jair Bolsonaro na CPI da Covid
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Por Alexia Gomes – Fala! UFRJ