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Olimpíadas: Qual foi a origem da participação feminina nos jogos?

Apesar da crescente cobertura feminina nas modalidades esportivas nas Olimpíadas, as mulheres ainda travam uma longa caminhada rumo ao reconhecimento e igualdade no esporte e nas competições

As Olimpíadas são o maior evento esportivo internacional, que visa reunir atletas de diversas partes do mundo e conta com a participação de mais de duzentas nações. Originou-se em Olímpia (Grécia Antiga) em meados de 776 a.C. Naquele período, os jogos era realizados em homenagem aos deuses gregos, sendo Zeus o mais homenageado, além disso, os jogos eram realizados com a intenção de promover a amizade e interação ente os povos. Entretanto, mesmo com tantos anos de história e missão de aproximar pessoas, culturas e costumes, no contexto feminino, a história é bem diferente. 

Segundo historiadores, em meados de 77 a.C., os Jogos Olímpicos eram chamados de Panateias, evento que acontecia de quatro em quatro anos com premissas e ideais religiosos em que as mulheres eram proibidas de participar ou assistir, se uma mulher casada fosse vista assistindo a algum jogo independente da modalidade, poderia ser condenada à morte. A única presença feminina permitida na época era de Sacerdotisas consideradas “mensageiras dos deuses”, trazendo boa sorte para os competidores e responsáveis pela entrega das coroas de oliveiras aos vencedores.   

Uma das histórias mais famosas de mulheres nas Olimpíadas da antiguidade vem da chamada Kallipateria, treinadora do seu próprio filho, um lutador de boxe chamado Psidoros. Ela corria risco de morte por ser treinadora e, por isso, se vestia de homem para cumprir com sua tarefa, mas, ao ver que seu filho venceu a luta, não se conteve e se expôs ao público ao comemorar. Kallpateria felizmente foi poupada da morte, mas somente porque seu pai, irmão e filho foram campeões olímpicos. 

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Qual foi a origem da participação feminina nos jogos? | Foto: Abelardo Mendes Jr./Rede Esporte.

 A Era Moderna 

Os jogos da chamada Era Moderna, termo conhecido até hoje, teve sua primeira organização em 1896, pelo barão Piérre de Fredy, que defendia a ideia de seguir com as mesmas tradições já estabelecidas pelos jogos da antiguidade, porém com a condição de que as mulheres pudessem assistir aos jogos nas arquibancadas. Mesmo assim, nenhuma mulher poderia competir nas Olimpíadas. Para Fredy, era importante o incentivo às mulheres ao acesso ao esporte e educação, mas as Olimpíadas eram moldadas ao masculino por motivos físicos e principalmente antropológicos. Havia a crença de que a mulher não tinha resistência para competições que tivessem qualquer interação física ou coletiva.   

Stamata Revithi, em resposta às proibições, correu a maratona de 40 km durante dos jogos, do lado de fora do Estádio Panathinaiko, local onde ocorreu a competição oficial. Em busca da autorização pela corrida, Stamata Revithi realizou o percurso em um tempo inferior ao realizado pelos homens e, apesar de encontrar testemunhas para atestar e validar o tempo de execução, sua performance não foi reconhecida e também foi proibida de entrar no estádio. Houve relatos de que se possuía a intenção de apresentar os documentos de Revthi ao Comitê Olímpico Grego na época na esperança de reconhecê-la, mas nenhum registro conhecido foi encontrado até hoje. 

A primeira participação feminina nas Olimpíadas

A primeira participação feminina nos Jogos Olímpicos foi em 1900, sediado em Paris, mesmo assim, representadas por 2,2%, ou seja, de 997 competidores, apenas 22 eram mulheres e que poderiam participar somente em duas modalidades: o tênis e o golfe, por não haver contato físico. Além disso, as mulheres não recebiam as coroas de oliveira, pois eram consideradas participantes extraoficiais e recebiam um certificado de participação nos jogos.  

Reconhecimento da mulher como atleta  

No decorrer dos anos, o órgão responsável por regulamentar as Olimpíadas, hoje conhecido como Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu padronizar algumas normativas, para possibilitar a participação feminina nos jogos, mas mantendo a premissa de que fosse evitado o contato físico durante a execução da modalidade.

Em 1917, a atleta francesa Alice Milliat ajudou a fundar a Federação Esportiva Feminina Internacional (FSFI), cujo intuito era permitir a participação das mulheres no atletismo. Considerada a “mãe” do esporte feminino, Milliat participou das competições de remo e natação. Em 1921, organizou o primeiro evento desportivo feminino internacional em Monte Carlo, com duas edições adicionais: 1922 e 1923. 

Alice Milliat é creditada por acionar pressão sobre as Olimpíadas para permitir maior representação feminina em outras modalidades esportivas, um processo que se estende até hoje. Seu nome está gravado no frontão de uma academia do 14° arrondissement de Paris, graças às suas contribuições ao atletismo e aceitação feminina. 

Entrada brasileira nas Olimpíadas 

Nas Olimpíadas de 1932, quando as mulheres ainda não eram consideradas atletas oficiais, o Brasil levou a primeira mulher a competir pela Delegação Brasileira em Los Angeles. A primeira mulher brasileira e, sobretudo, sul-americana a competir nos Jogos Olímpicos daquele ano foi Maria Lenk, que estabeleceu um recorde mundial e foi considerada pioneira na natação por introduzir o nado borboleta nas competições. Na época, Maria Lenk tinha apenas 17 anos.

No decorrer dos anos, a participação feminina passou a ganhar mais força nos jogos, contudo, ainda não havia visibilidade e contava com poucas participações. Em 1956, nas Olimpíadas de Melbourne, a única mulher brasileira a participar dos jogos foi Mary Dalva Proença, que disputou os saltos ornamentais.

Primeira medalha feminina brasileira  

No ano de 1996, nas Olimpíadas de Atlanta, a dupla Jacqueline e Sandra, do vôlei de praia, trouxe ao Brasil a primeira medalha de ouro. Em seguida, o time feminino de basquete, que na época contava com Janeth, Hortência e Paula, conquistou a medalha de prata e o bronze veio do vôlei de quadra, composto pelos nomes de Fernanda Venturini, Márcia Fu, entre outras.   

Daiane dos Santos, mais tarde, foi a primeira ginasta brasileira a conquistar uma medalha de ouro em uma edição do campeonato mundial e fez parte da primeira Seleção Brasileira de Ginástica Artística completa a disputar a edição olímpica de Atenas 2004, repetindo a presença em Pequim 2008 e Londres 2012. Daiane ainda possui dois movimentos nomeados após ser a primeira ginasta do mundo a realizá-los: o duplo twist carpado, nomeado como “Dos Santos I” e a evolução deste primeiro: o duplo twist esticado, ou “Dos Santos II”.  

Maurren Maggi também fez história na seleção brasileira nas Olimpíadas. Em Pequim 2008, foi a primeira campeã olímpica do Brasil, competindo pelo salto em distância, garantindo a medalha de ouro. A judoca Ketleyn Quadros também conquistou a medalha de bronze, ambas conseguiram as primeiras medalhas brasileiras femininas em esportes individuais.      

Representatividade em Tóquio 2020

As Olimpíadas de Tóquio serão um grande marco para a representatividade feminina. De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), os jogos contarão com cerca de 48% das atletas mulheres. O órgão tem se mostrado bastante preocupado com a igualdade de gênero, por isso, modalidades até então dominadas em número de atletas, pelos homens, tiveram que mudar o programa para os jogos de 2020.     

Conforme o Comitê Olímpico do Brasil (COB), prevê-se um cenário que pode culminar no maior número de pódios femininos brasileiros em todos os tempos. Cada vez mais a força feminina vem ganhando favoritismo no cenário esportivo. Com foco, preparação e igualdade, tornamos possível a pluralidade no esporte e cada uma conquistando seu espaço e, principalmente, ocupando seu lugar no pódio das competições e das Olimpíadas – #girlpower!

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Por Érica Silva – Fala! Anhembi

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