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O que a queda do PIB brasileiro representa para o bem-estar social?

Em meio a um período turbulento, caracterizado pelas crises sanitária, política, social e econômica, há uma crescente preocupação no que tange os impactos que recaem sobre a população brasileira. O PIB – produto interno bruto – consiste na produção de bens e serviços feitas no território brasileiro em um determinado período de tempo. Tal produto está diretamente ligado à renda – a quantia recebida por um indivíduo – e ao dispêndio – aquilo que é gasto, consumido. Dessa forma, entende-se que sua queda abala profundamente o modo de vida das pessoas.

Além disso, vale destacar também que o PIB pode ser medido em termos nominais (valor declarado de um ativo), ou reais, isto é, descontando-se a inflação. A queda do PIB no Brasil se dá em termos reais, o que significa que foi produzida uma menor quantidade de produtos, além de uma queda do valor monetário. Em suma, tem-se que ganhamos, gastamos e produzimos menos com a crise do Covid-19.

Para o especialista na área de finanças em escala global e sócio fundador da Blackbird Investimentos, Bruno Di Giacomo, o PIB representa o quanto a economia do país está efetivamente crescendo. “A queda do PIB não é mais uma possibilidade, mas sim, um fato. A questão agora é quanto tempo essa queda vai durar” – explica.

Com um decrescimento do PIB e a consequente contração da economia, as empresas vendem menos, a população consome em uma escala significativamente menor, o desemprego aumenta. A economia está contraindo, mas, em contrapartida, a população não está diminuindo, o número de pessoas segue constante.

crise econômica
Bruno Di Giacomo é especialista na área de finanças. | Foto: Reprodução.

Uma economia menor associada a uma mesma quantidade de pessoas gera uma grande problemática: o desemprego. Bruno explica que, antes da crise, os níveis de desemprego já se encontravam altos. “A tendência é que haja um aumento do desemprego a curto prazo, bem como um crescimento do trabalho informal, como os motoristas de aplicativos e entregadores de delivery”.

 O economista ainda ressalta que esse desemprego em massa ainda não aconteceu. “O voucher de 600 reais ainda é um fôlego para que essas pessoas continuem em seus empregos, embora sem atuação. O desemprego virá após a pandemia, como um reflexo de uma economia menor”. Em termos estatísticos, o especialista considera possível um aumento de até 5% na taxa de desemprego

Impactos da crise econômica no Brasil

Quanto aos impactos que essa crise econômica representa no contexto do bem-estar social, Bruno pondera que o Brasil possui uma vantagem, dado que a crise acontece em escala global.

“O mercado brasileiro é muito restrito e fechado para o investimento estrangeiro. Os produtos importados do exterior são muito mais caros devido aos impostos e, com a alta do dólar, esses produtos ficam ainda mais caros. Isso significa que quando houver algum grau de recuperação econômica, serão consumidos mais produtos brasileiros. Aqui, é possível ter uma boa retomada econômica dentro de casa”, afirma. Além disso, a maioria do que é produzido no Brasil são produtos primários, como soja, milho, e cana, de forma que a exportação é pouco prejudicada.

bem-estar social
Os impactos dessa crise econômica no bem-estar social poderão ser graves. | Foto: Reprodução.

A violência também tende a aumentar em vista do desemprego e, no momento em que se iniciar uma recontratação por parte das empresas, será pagando um valor mais baixo. “O Brasil possui uma enorme população pobre. A linha da miséria é um problema histórico e, nesse momento de crise, será observada uma grande parcela de pessoas migrando da classe média para a linha da pobreza, e é particularmente difícil ascender de camada social encontrando-se na faixa da pobreza e da miséria. As perdas sociais são imensuráveis”, explica o economista.

O especialista finaliza afirmando que é crucial que o governo promova uma flexibilização na forma de contratação do brasileiro, para que isso fosse mais rápido, acessível e menos custoso ao empreendedor ou empresário. Assim, haveria um estímulo na contratação de pessoas. “Há uma série de regras no âmbito trabalhista que, muitas vezes, fazem o empresário evitar ao máximo contratar um novo funcionário. A retomada só será possível com um maior consumo, que só se dá com as pessoas empregadas e estáveis”, comenta Bruno, enfatizando que o principal fator para o bem-estar social é o emprego.

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Por Melissa Charchat – Fala! Cásper

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