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O Poço – Leia a crítica do filme

O original Netflix O Poço dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia, está dando o que falar. O longa-metragem espanhol faz uma critica a humanidade de forma extrema, fazendo o seu estômago revirar. O diretor fez com que pessoas refletissem sobre seus próprios atos. Óbvio que foi retratado de maneira exagerada, mas foi essa forma que ele utilizou para transmitir a mensagem ao público.

O Poço.

O poço nada mais é do que uma prisão vertical dividida em níveis. Em cada andar há duplas. E é por meio de uma plataforma que o alimento é distribuído. Começando no primeiro nível com fartura suficiente para todos os níveis. Com um detalhe: é proibido estocar comida. Caso faça isso você morre ou pela alta temperatura ou pela baixa temperatura que colocarão em sua cela se virem você fazendo isso. 

Um verdadeiro banquete. 

No filme é possível vermos que há uma distribuição desigual de comida entre os níveis do poço. Mas porque isso acontece sendo que há comida suficiente para todos? Óbvio, pessoas agem por instinto de sobrevivência e pegam mais do que o necessário. Ninguém sabe o dia de amanhã.

O longa aborda vários assuntos a partir de seu personagem Goreng (Iván Massagué), um homem que aparenta estar em seus 40 e poucos anos e que decide entrar por conta própria no poço, ou como dizem no filme “Centro Vertical de Autogestão”, para parar defumar. Ao entrar, Goreng encontra-se no nível 48 onde conhece seu companheiro de cela Trimagasi (Zorion Eguileor) que explica tudo sobre o poço. 

Trimagasi com a sua faca e o livro de Goreng.

Nessa prisão vertical os níveis mudam a cada 30 dias, bem como as duplas. Além disso você tem direito a escolher um objeto para levar para o Poço. Muitos escolhem cordas, facas, lanternas etc., porém Goreng escolhe um livro, sem saber o que estaria por vir. Como ele, Trimagasi tem a sua: uma faca.

“Existem três classes de pessoas: as de cima, as de baixo e as que caem”, as que caem são as que não tem mais esperança, as de cima são as privilegiadas que nunca escutam as de baixo,que são as desfavorecidas e assim vai sucessivamente. Não adianta pedir para racionarem a comida, pois os mais privilegiados nunca farão tal coisa. Já que não podem guardar comida e de que não há garantias de que haverá alimento no dia seguinte as pessoas dos níveis mais baixos partem para a violência para poder sobreviver no Poço, pois o diálogo já não funciona mais nesses lugares.

Imoguiri quando ainda trabalhava na administração do Poço.

Ao mudar de nível, Goreng encontra Imoguiri (Antonia San Juan), ex-funcionária da administração do Poço. Para ela é fácil fazer com que as pessoas sejam menos egoístas e que solidariedade é possível de ser criada nesse ambiente hostil deforma espontânea. A solidariedade nada mais é do que uma construção que leva anos para ser produzida, logo, é impossível conseguir de imediato o que Imoguiri acredita.

Além de criticas em relação a solidariedade, o diretor faz outras em relação ao capitalismo e ao socialismo. Em ambos há questões que devem ser discutidas.

Não é de se espantar que esse filme tenha se tornado um sucesso na Netflix. Ele é realista, só que de uma forma exacerbada. Vale muito a pena ver O Poço, só não faça isso enquanto estiver comendo.

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Por Eduarda Knack – Fala! UFRJ

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