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O imprevisto no calendário do futebol brasileiro

Com a paralisação dos campeonatos, instituições responsáveis precisam reavaliar a organização dos torneios

Até agora, nenhum pronunciamento oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sobre como as datas dos torneios de futebol serão reorganizadas – o site oficial da CBF, inclusive, permanece com o antigo calendário. A inesperada quarentena, devido à pandemia do Covid-19, exige agora que soluções sejam pensadas para evitar danos irreparáveis ao esporte mais popular do país.

Campeonatos Nacionais

A solução mais cogitada entre torcedores e jornalistas é a adequação do calendário brasileiro ao chamado ”europeu”. Com início de temporada no meio do ano e término no meio do ano seguinte, esse modelo está em vigor também na Argentina, no Uruguai e no México: todos países do primeiro mundo do futebol. Seria essa, então, uma oportunidade do Brasil se colocar no patamar em que merece estar: junto aos grandes. 

Além disso, é uma saída financeiramente favorável aos clubes, já que permite a contemplação das 38 rodadas do maior torneio nacional: o Campeonato Brasileiro. O Programa de Sócio Torcedor, por exemplo, sustenta seu discurso de vendas na garantia dos mínimos 19 jogos em casa proporcionados pelo Brasileirão. Esse volume de partidas também permite uma distribuição igualitária da competição ao longo do ano, abrindo espaço para patrocínios com contratos estendidos e valores elevados nas cotas de TV. 

Sobre a Copa do Brasil, o colunista Rodrigo Mattos, do Uol Esportes, aponta como solução ”acomodá-la em datas coincidentes para jogos com reservas, ou simplesmente jogar sua conclusão para o início de 2021.” 

Competições internacionais

Em relação às competições continentais, cabe à CBF negociar com a Conmebol a melhor maneira de organizá-las, tendo, mais uma vez, o calendário europeu como uma opção. Na visão do jornalista esportivo Mauro Cezar Pereira, há omissão por parte dos clubes e carência de propostas por parte da CBF à Conmebol para decidir o calendário da Copa Sulamericana e da Libertadores.

Sobre as seleções, a Conmebol já optou pelo adiamento da Copa América para 2021, assim como a Fifa adiou as eliminatórias da Copa do Mundo, ainda sem data prevista. 

Campeonatos estaduais

Os campeonatos estaduais levantam divisões: de um lado, há a defesa do encerramento do campeonato, por outro, propõe-se a permanência apenas dos clubes considerados pequenos, há ainda quem acredite na possibilidade de dar continuidade normalmente, após o retorno das atividades esportivas.

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José Vanildo. | Foto: Reprodução.

O momento é delicado e requer tranquilidade nas ações.

De acordo com José Vanildo.

Em Pernambuco, o Presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF) declarou: “A prioridade é o Estadual. Não temos nenhuma pretensão de anular a competição.” No Rio, a Ferj, baseando-se em promessa da CBF de disponibilizar datas para o torneio, garantiu o término do estadual carioca ainda nesse ano.

Já no Rio Grande do Norte, o presidente da Federação, José Vanildo, demonstrou paciência em aguardar o decorrer da situação: “Os calendários estão interligados, por exemplo, a CBF não poderá tomar nenhuma decisão sem antes escutar a Conmebol. As federações, por maiores que sejam, também terão de aguardar o aceno da CBF. O momento é delicado e requer tranquilidade nas ações.” Essas competições locais são importantes fontes de renda para os clubes menores, daí a necessidade, para muitos, de sua continuidade. 

Situação atípica

Historicamente, por pouquíssimas vezes o Campeonato Brasileiro terminou no ano posterior ao que iniciou. Nesse século, inclusive, tal fato só ocorreu uma vez, em 2001, na Copa João Havelange. É, portanto, uma situação atípica para o futebol nacional. Maurício Bororó, vice-presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF) afirmou que ”o que estamos vivendo jamais foi visto antes na história do futebol”.

Dessa maneira, resta aguardar como os órgãos responsáveis irão driblar os efeitos dessa pandemia, de modo a garantir a bola rolando ao término do confinamento. Para amanhã (7), está marcada reunião da CBF com a Comissão Nacional de Clubes para iniciar as discussões a respeito do calendário

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Por Larissa Carvalho – Fala! UFRJ

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