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Como a angústia é retratada em “O Farol” – Leia a Crítica

Por Vitória Campos – Fala! Mackenzie

O Farol teve sua tão aguardada exibição durante a 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O evento, que aconteceu no auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer no dia 29/10, contou com a presença do diretor Robert Eggers (A Bruxa), do produtor Rodrigo Teixeira (A vida invisível de Eurídice Gusmão, Me chame pelo seu nome) e do ator indicado ao Oscar Willem Dafoe, que debateram e responderam perguntas sobre o filme após a exibição. 

Para garantir um lugar para assistir O Farol as pessoas esperaram na fila desde às 6 horas da manhã, sendo que o evento começaria apenas às 19:30 horas, o que trouxe espanto até mesmo para o diretor Robert Eggers, que brincou ao dizer que as pessoas deveriam diminuir suas expectativas já que “o filme nem é tudo isso”. Porém, ele estava errado. 

Logo em suas primeiras cenas, O Farol (1h50min) já demonstra ser um filme não habitual ao ser exibido em formato 1.19:1, que remete a um quadrado e foi assim escolhido para causar uma sensação de claustrofobia, a mesma sentida pelos personagens. Também por sua fotografia em preto e branco, em que as tonalidades escolhidas fazem com que a escuridão e a claridade se tornem igualmente perturbadoras, mostrando que mesmo a luz pode não trazer aquele alívio e que, na realidade apresentada, não há nada além da tensão e loucura. 

Como se já não bastasse tais elementos para trazer a angústia ao público, o longa-metragem também possui uma interessante edição e mixagem de som, o que transforma o som comum de gaivotas, som de navios e, até mesmo, canecas batendo na mesa em sons perturbadores e irritantes. Tais mecanismos ajudam o espectador a entender a loucura que acomete os dois personagens durante o filme.

Ephraim Winslow (Robert Pattinson) e Thomas Wake (Willem Dafoe) são os responsáveis por tomar conta da ilha. Ambos, isolados da sociedade, começam a desenvolver comportamentos estranhos, principalmente Winslow, já que não tinha acesso ao tão desejado farol e sua luz. Tal situação pode ser vista como uma referência à mitologia grega, como se Winslow fosse o próprio Prometeu ao ser proibido de entrar no Olimpo. 

O filme também possui referências do expressionismo alemão e, até mesmo, de O Iluminado de Kubrick. O desenvolvimento da loucura de Winslow é maravilhosamente retratado por Robert Pattinson, que soube transitar, de uma maneira muito bem trabalhada, entre o personagem reservado e o insano. 

O Farol não é um filme apenas para ser visto, mas também sentido, já que a cada cena um sentimento é despertado, mesmo que, na maioria das vezes, seja um sentimento de angústia e tensão. Seu lançamento está previsto apenas para o dia 2 de janeiro de 2020, mas vale a pena assistir na tela do cinema e sentir na pele toda a perturbação que o filme traz. 

Ficha Técnica – O Farol

Direção: Robert Eggers
Roteiro: Max Eggers, Robert Eggers
Produção: A24, New Regency Pictures, RT Features
Elenco: Willem Dafoe, Robert Pattinson, Valeriia Karaman
Classificação: 16 anos

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