Hoje com a tecnologia, ou já existe uma inteligência capaz de fazer a parte técnica, ou você pode aprender em um curso online. Logo, habilidades antes muito especificas são deixadas de lado. O que antes era classificado em caixinhas como exatas e humanas, hoje é muito mais híbrido.
Pensamento crítico, por exemplo, era classificado como uma habilidade desenvolvida por “pessoas de humanas” e análise de dados, que era classificado como uma habilidade de “pessoas de exatas”. Hoje, essas habilidades são usadas juntas nas mesmas tarefas e são necessárias para um profissional de sucesso. Mas qual o nosso papel nesse novo mercado e como vamos nos encaixar a essa nova realidade?
Duas garotas no meio termo
Cresci como o tipo de aluna criticada como “inteligente, porém fala demais”. Você provavelmente já ouviu falar em alguém assim. Nisso, como não era muito boa em física, acabei me denominando uma aluna de humanas.
No fim das contas, me encontrei em publicidade, em meio a diversos alunos que também são “de humanas”. Até conhecer uma matéria chamada Mídia. Falando resumidamente, mídia é basicamente uma matéria em que você analisa diversos números e decide onde anunciar campanhas de publicidade.
Números. Depois de tanto tempo longe do ensino médio, eles reapareceram. A parte “exata” de um “curso de humanas”.
Foi aí que passei a odiar essa denominação. Porque adorei mídia. Não a matéria em si, mas adorei analisar números e o poder que os dados nos oferecem. O poder de comprovar teorias e de saber se o senso comum está certo ou errado. Em contraponto, enquanto minha história de amor e ódio por números acontecia, conheci uma garota que amava física e a capacidade de responder todas as perguntas do universo por meio da ciência. Ela foi fazer engenharia, pois queria construir as próprias soluções e inovar.
Inovação. Outra palavra poderosa. Porque apenas ciências exatas “inovam”? A tecnologia é mais inovadora do que a forma que nos comunicamos por meio dela?
Enfim, essa garota descobriu em meio a isso tudo que escrevia muito bem, argumentava muito bem, e que tinha um pensamento crítico e análise de contexto absurdo. Todas qualidades de “alunos de humanas”.
Existe mesmo uma divisão?
A separação entre exatas e humanas é tóxica, pois coloca em caixas o que não pode (nem deve) ser colocado. Análise de dados e análise de contexto precisam trabalhar juntos, pois é o que oferece uma solução embasada e que funciona. É o que vejo que o mercado de trabalho mais tem procurado: jovens que solucionam problemas.
E solucionar problemas vai alem de saber calcular ou saber escrever um texto. É ter a lógica do aluno de humanas e o discernimento do aluno de exatas para trazer uma solução.
Hoje não existem mais cargos presos em caixinhas e empresas que se prendem aos antigos moldes morrem. Por quê? Porque a tecnologia tornou o mercado híbrido e veloz. Não há tempo nem dinheiro para perder com pessoas que se limitam.
O profissional híbrido
Segundo a RHLab, o tipo de profissional mais procurado é o híbrido, um especialista em uma área que aplica conhecimento de áreas correlatas nas quais tenha entendimento, não necessariamente da sua formação. É uma característica muito reconhecida entre CEOs de empresas.
Hoje, a tecnologia nos dá a possibilidade de aprender rapidamente qualquer habilidade técnica. Isso quando não aprende e executa por nós.
Mas o que nos faz humanos? O que nos faz diferentes das máquinas?
Uma das nossas características mais humana é a possibilidade de juntar milhares de milhões de referências mentais que temos espalhadas por aí em um resultado. E isso vai além de qualquer ciência exata ou humana. E é o que precisamos treinar para um futuro profissional.
Como ser esse profissional?
- Livre-se de preconceitos, sejam eles quais forem. Mente aberta é o que faz das pessoas criativas e todos os passos a seguir não funcionarão se você se prender nessa bolha.
- Converse. Escute as pessoas mais diferentes que você encontrar. Pergunte e entenda o modo com que elas vêem o mundo e porque vêem assim.
- Cursos. Cursos livres, cursos online, cursos pagos, cursos de férias, eventos, feiras, workshops, palestras, aula aberta… Estude e não pare de estudar. De teatro à astrologia. De bordado à eletrônica. De circo à administração. Faça coisas que nunca imaginou fazer e aprenda a ligá-las com o que você ama fazer. Esse background só você terá e é o que te tornará um profissional único.
- Leia muito. Novamente, leia sobre tudo. A leitura forma o pensamento critico, forma modos diferentes de olhar o mundo, melhora na memória e na imaginação. Além de ser maravilhoso.
- Pesquise. Temos o Google Pesquisa aí para alguma coisa (pode até usar o Bing se preferir). Reúna informações que tenha curiosidade. Por que advogados insistem em ser chamados de doutor? O que é blockchain? Afinal, você sabe mesmo por que o céu é azul? Esse monte de informação parece inútil, mas te ajudará a perceber muitas coisas que você nem sabia que gostava de estudar e te dar diversos insights que nem imaginou. A mente humana é incrível
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Gabriella Aragone – Fala! ESPM