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Mulheres Universitárias: A faculdade sob os olhos delas

A faculdade é das mulheres. De acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e o Censo da Educação Superior 2018, a presença feminina no ambiente acadêmico chega a 71,3% em cursos de graduação de licenciatura. Pensando nisso, precisamos falar dessa população majoritária.

Apesar de serem a maioria nas universidades, as mulheres apresentam maiores dificuldades na procura por um emprego. Isso é o que aponta o relatório Education at Glance 2019, uma espécie de raio-X da educação divulgada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, também tida como “clube dos países ricos”). “Embora a disparidade de gênero na educação favoreça as mulheres, a situação no mercado de trabalho é ao revés”, indica a pesquisa.

A partir disso, o relatório mostra uma das possíveis causas para essa dificuldade em encontrar um emprego. Segundo sua conclusão, a empregabilidade da população feminina brasileira, de 25 a 34 anos, com ensino superior é de 82%, caindo para 45% de chance se a candidata não tiver ensino técnico. Por outro lado, os homens com ensino superior apresentam uma taxa de empregabilidade de até 89%, caindo para 76% caso não tenham essa formação.

Mulheres que inspiram mulheres

Mulheres Universitárias: A faculdade sob os olhos delas. | Foto: Reprodução.
Mulheres Universitárias: A faculdade sob os olhos delas. | Foto: Reprodução.

A faculdade sob os olhos delas

As mulheres que compõem o ambiente universitário são de todas as idades e apresentam, cada uma delas, suas particularidades e estilos de vida. Visto que a faculdade não é integrada somente por adolescentes que acabaram de se formar no ensino médio ou provenientes dos cursinhos pré-vestibulares, é preciso dar feição à população feminina deste meio.

Mulheres novas

Com certa raridade, há mulheres mais novas que ingressam em uma universidade. É o caso de Maria Julia Bernardes, que ingressou no curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) aos 16 anos de idade. Devido a sua capacidade intelectual avançada, “pulou” o primeiro ano do jardim de infância e foi direto para o segundo ano do fundamental I. 

De acordo com a universitária, a questão da idade menor, se comparada ao dos colegas da classe, não foi um grande problema. Assim, ela relata que os únicos empecilhos eram as festas, as quais não podia frequentar por ser menor de idade até o terceiro semestre do curso. No restante, a aluna não identificou nenhuma diferença.

É lógico que, às vezes, era motivo para algumas piadinhas do tipo ‘ai, Maju, fica quieta que você só tem 10 anos’, mas sempre levo na brincadeira e dou risada junto.

Maria Julia Bernardes comenta

No entanto, Maria Julia relembra apenas um momento em que teve um contratempo por ser menor de idade, mas não na universidade. “A única vez que isso me prejudicou mesmo até agora foi em um concurso de estágio que prestei (…). O critério de desempate era a idade”, relata. Segundo ela, teve que usar uma vaga de cota racial no estágio, a qual não queria, já que tinha nota suficiente para o cargo. “Mas, por essa questão da idade, fiquei desfalcada, aí eu usei porque, se não, eu não entraria”. 

Mulheres casadas

Rafaele Oliveira entrou na faculdade aos 28 anos. Sendo casada, a estudante do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) afirma sobre essa experiência e discorre sobre a maturidade que os anos a mais lhe garantiram. 

Ser uma mulher mais velha que a maioria dos alunos e também ser casada na universidade não é um problema, ao contrário, é bem positivo pra mim. A experiência que o mercado de trabalho e o casamento me proporcionaram é fundamental para me dar o equilíbrio que eu preciso para poder conciliar a minha nova rotina, que é bem puxada. 

Rafaele Oliveira esclarece

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Mulheres grávidas 

Ao ficar grávida aos 19 anos, no cursinho pré-vestibular, Raquel Grecco vivenciou os dilemas de conciliar a criação de um filho junto à faculdade de Medicina. Sendo assim, a estudante passou na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e casou no mesmo mês. Em junho do primeiro semestre, deu à luz ao seu primeiro filho.

Diante da situação, Raquel afirma que nunca pensou em desistir da faculdade. “Achei, em alguns momentos, que não fosse acompanhar, mas tive ajuda de grandes amigos e do meu marido. Mas desistir nunca passou pela minha cabeça. Ser mãe, médica e me casar sempre fizeram parte dos meus objetivos, o detalhe é que tudo aconteceu em 2 meses!”, confirma.

Na época, a obstetra morava em São Paulo e estudava em Mogi das Cruzes. Segundo ela, ia para a faculdade de dia e deixava Guilherme, seu filho, em um berçário próximo de sua casa.

Acredito que como se trata de minhas grandes paixões, não deixei as dificuldades se sobreporem à minha realização pessoal e profissional.

Raquel Grecco constata

Mulheres mães 

Talita Massaroto de Oliveira começou a fazer Design de Moda, na Faculdade Carlos Drummond de Andrade, após o nascimento de sua filha. Apesar de ter grandes responsabilidades, a estudante diz que recebe muito apoio e ajuda de seu marido na criação de Helena.

Para mim, ter uma filha e fazer uma faculdade não está sendo uma tarefa muito fácil, porém, é super possível. 

Talita Massaroto assegura

Fontes:
Inep, Censo da Educação Superior 2018 e BBC Brasil

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Por Isabela Cagliari – Redação Fala!

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