Inspirada em colunas reais do The New York Times, Modern Love encanta ao mostrar várias das faces do amor na sociedade contemporânea
Lançamento do Amazon Prime Video em 2019, Amor Moderno (Modern Love, no original) é uma série com oito episódios que contam diferentes histórias de amor. Além de partir de textos originais, a produção constrói seu enredo com a participação de grandes nomes, como Anne Hathaway, Dev Patel e Cristin Milioti, e não decepciona ao se dedicar integralmente ao retrato de algumas das várias histórias de amor reais que são vividas diariamente na modernidade.
Para uma melhor compreensão de sua estrutura, é possível formar uma análise crítica da série a partir de dois pontos: as histórias e estrutura da produção em si e os textos que deram origem a ela.
Os textos
Considerando que a proposta dos episódios é contar histórias de um amor real, um dos pontos mais atrativos da série é o fato de que todas as narrativas foram baseadas em uma série de relatos de pessoas reais, enviados ao The New York Times.
Idealizada pelo jornalista Daniel Jones, a coluna “Modern Love” iniciou suas postagens em 2004 e trabalhava com o conceito de dar voz aos leitores, contando algumas das melhores histórias de amor enviadas pelo público ao e-mail do jornal. E não apenas o amor romântico: histórias variadas de laços de amizade e família também já foram abordadas na coluna, que virou até mesmo um podcast após seu grande sucesso, com as histórias narradas por grandes celebridades.
Mesmo após receber uma dose de ficção ao serem adaptadas para o streaming, essa veracidade originária traz uma certa “credibilidade” à proposta da série, tornando mais fácil o processo de identificação do espectador com as narrativas.
Ao longo de todos os episódios, situações das mais corriqueiras até as mais inusitadas são retratadas, e saber que tais histórias aconteceram com pessoas reais, e não apenas na mente dos roteiristas, faz com que um certo sentimento de empatia seja gerado em quem as assiste.
As histórias de Modern Love
Oito episódios, oito histórias e um final que tenta conectar todas em um único contexto. A partir dessa estrutura, Modern Love se inicia com o que é, em minha análise, uma das histórias mais tocantes, no episódio Quando O Porteiro é Seu Melhor Homem. Retratando uma relação de amizade e companheirismo entre a personagem Maggie (Cristin Milioti) e o porteiro Guzmin (Laurence Possa), a série já apresenta uma história que emociona e, ao mesmo tempo, traz alento ao espectador, dando o ponto de partida perfeito para assistir a todo o resto.
Tanto esse quanto No Hospital, Um Interlúdio de Clareza, quinto episódio da série, apresentam narrativas que parecem quase fictícias, mas, ao se revelarem reais, se tornam as melhores dessa temporada.
Mesmo com a predominância de aspectos positivos, outros deixam a desejar ou simplesmente não encantam logo de cara. O episódio estrelado por Anne Hathaway, por exemplo, se inicia com um ar de musical, e quase perde um pouco de sua fluidez antes de revelar sua grandiosidade, ao retratar uma personagem bipolar e os reflexos disso em suas relações interpessoais.
A predominância de histórias românticas envolvendo casais heterossexuais, com apenas uma história envolvendo a comunidade LGBTQ+, é algo a se pensar para a segunda temporada, visando aumentar essa abrangência e trabalhar melhor a representatividade tão discutida na modernidade. Fazendo, assim, jus ao próprio título da série.
Apesar de algumas análises negativas de alguns veículos e eventuais contrapontos, creio que Modern Love traz uma espécie de conforto e esperança de que o amor existe, e acontece diariamente ao nosso redor.
Mesmo sem quaisquer relações com a pandemia, é uma ótima série para ser maratonada nesse período, que aquece o coração e dribla as amarguras desse contexto, não exagera em “melosidades” e tem um enorme potencial de continuar uma produção de sucesso por várias temporadas. Afinal, o que não faltam são “histórias de amor, perda e redenção” a serem ouvidas.
Interessou-se pela série? Confira o trailer da primeira temporada para conhecer mais dessa produção já renovada pelo Amazon Prime Video.
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Por Isadora Noronha Pereira – Fala! Cásper