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Kathlen Romeu, grávida de 24 anos, morreu após bala perdida no RJ

Designer de interiores e grávida de seu primeiro bebê, Kathlen Romeu faleceu, na terça-feira (8), após ser atingida por uma bala perdida. A jovem estava na comunidade Lins de Vasconcelos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e havia se mudado de lá por conta da violência, um mês antes.

De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), a jovem de 24 anos foi vítima de um tiro de fuzil no tórax, o qual foi fatal para mãe e bebê. O enterro aconteceu ontem (9), no Cemitério do Catumbi, e a família acusa a Polícia Militar de ter tirado a vida da moça com o disparo.

A gente quer Justiça. O nosso povo, o povo pobre; está cansado de dizer. Só mudou o personagem. Eu cansei de ver isso. As frases são todas tabuladas, e a violência continua, cada vez pior.

Afirmou o pai de Kathlen, Luciano Gonçalves.

Diante disso, a PM negou que estava em uma operação no local. Em nota, a corporação anunciou “que os agentes foram atacados a tiros por criminosos na localidade conhecida como “Beco da 14”, dando início a um confronto”, segundo o G1. Além disso, o major Ivan Blaz informou que facção responsável pelo tiroteio no Lins é a mesma de Jacarezinho, Providência e Prazeres. Para ele, a facção “tem, por natureza, por ideologia, o ataque gratuito às forças policiais, o uso dos moradores como escudo humano”.

No entanto, a família da vítima acredita que a PM é a responsável pela tragédia. “Foi a polícia que matou a minha filha. Foi a PM que tirou a minha vida, o meu sonho”, disse a mãe de Kathlen, Jaqueline de Oliveira Lopes.

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Kathlen Romeu em ensaio fotográfico de seu primeiro bebê. | Foto: Montagem/Reprodução Instagram.

Grávida de 14 semanas, Kathlen foi morta por bala

Apesar de ter se mudado há cerca de um mês, Kathlen estava na comunidade do Lins de Vasconcelos para visitar a avó materna, Sayonara Fátima. Aliás, quando sofreu o tiro, caminhava com a avó pela rua.

Em meio à situação, Sayonara Fátima alega que implorou ajuda aos policiais. Dessa maneira, a jovem foi para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não conseguiu sobreviver ao ferimento. “A minha rua tá muito perigosa, eu não queria ter perdido minha neta e perdi desse jeito estúpido. Eu perdi minha neta num tiroteio bárbaro”, refletiu a avó.

O tiro foi transfixante, assim, ficou no corpo de Kathlen. Com isso, causou uma hemorragia interna e levou a jovem ao falecimento.

O namorado da jovem, Marcelo Ramos, também se pronunciou nas redes sociais. De acordo com ele, precisará de forças para continuar a vida. “Nunca será esquecida meu amor, você, a Maya/Zayon [nomes para o bebê que estava esperando] sempre irão morar dentro de mim, estou completamente sem chão. (…) Que Deus me dê força.”

Caso e repercussão

O caso Kathlen passa por investigação na Delegacia de Homicídios da Polícia Civil. Conforme relatório, a polícia apreendeu 12 fuzis e nove pistolas da ação Além do mais, ouviu-se 5 dos 12 policiais da ação em inquérito. Depois da tragédia, a PM disse que investigará as circunstâncias da morte de Kathlen. Por sua vez, a investigação ficará por conta da Coordenadoria de Polícia Pacificadora.

Fotos de Kathlen tomaram as redes sociais nessa quarta-feira. Assim, internautas e famosos divulgaram o caso e denunciaram a violência policial no Rio. Mais do que isso, muitos fomentaram que essa violência atinge sempre pessoas negras. De acordo com um perfil do Instagram, “não é ‘bala perdida’ se ela sempre mata os mesmos corpos”. Taís Araujo foi uma das artistas a se pronunciar sobre o caso. Dessa forma, além de comentar a ocasião, levantou a hashtag de Justiça por Kathlen Romeu.

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Por Isabela Cagliari – Redação Fala!

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