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Hip Hop e a moda

“Quero ser o rapper mais bem vestido”. Essas foram as palavras do rapper e estilista americano Kanye West durante sua apresentação na série de televisão Def Jam. Frase que foi dita antes mesmo do seu primeiro álbum estrear e marcar a indústria musical.

Rappers mais influentes do mundo da moda

Kanye é conhecido por ser um ícone e fazer com que tudo que sua criatividade toque vire ouro. Além de revolucionar a cena musical, conseguiu se tornar influente no mundo fashion. Sua marca Yeezy, construída a partir de uma visão futurista, é baseada majoritariamente em tênis exóticos e memoráveis. Mas ele não é o único rapper a influenciar multidões com roupas e acessórios. A ligação cativante entre hip hop e a moda começou muitos anos atrás e a cada geração fica mais forte.

Rappers e o mundo da moda, estilo rapper
Rappers e o mundo da moda. | Foto: Reprodução.

A influência do hip hop no mundo urbano é mais marcante do que se é passado na mídia tradicional. O impacto na personalidade, no comportamento e na vida dos jovens que consomem esse conteúdo é brutal. Por ser uma cultura que surgiu na periferia, as músicas e os estilos dos artistas da cena são moldados de acordo com sua realidade, por conta disso, é fácil e natural o público se sentir identificado.

Assim como ocorre no funk, a relação do rap com a ostentação é evidente. As letras sobre riqueza cresceram junto com o uso de acessórios caros e peças de grife. É comum assistir clipes onde o cantor exibe seus bens materiais, como mansões milionárias e carros de luxo enquanto canta sobre dinheiro. O hip hop saiu de uma imagem onde eram vistos como um gênero musical precário para um lugar onde jovens querem construir um estilo caro e extravagante.

Usar pesados colares no pescoço, roupas oversized, usar bandana e baby hair, essas são uma das muitas transformações estéticas que se iniciaram por conta de um fator em comum: rappers.

Nos anos 80, o grupo nova-iorquino RUN DMC lançou a música “My Adidas”, onde cantavam sobre viver diversas situações, sempre calçando o seu tênis favorito.

Após a popularização da canção, o trio mudou completamente o estilo de uma geração e quebrou uma barreira importante para a indústria cultural: foi o primeiro grupo de não atletas patrocinados por uma marca esportiva.

Anos foram passando e as influências ficavam mais variadas e de fácil acesso. As bandanas foram popularizadas por rappers como Tupac, o cabelo descolorido do Eminem se tornou uma febre entre seus fãs e Lil Wayne com suas inúmeras tatuagens.

Mas a moda no mundo do hip hop não é única. Um exemplo perfeito é o americano Tyler the Creator, que mostra que a estética do rap não precisa se fechar em uma única vertente de estilo. Em sua marca “Golf”, Tyler explora a sua versão mais vintage e clássica, deixando entrelinhas, influências como a de Andre 3000, ex-membro da ilustre dupla Outkast. Suas roupas possuem aspectos mais leves e cores mais monocromáticas do que o público de hip hop está acostumado a consumir.

Já no Brasil, novatos estão dando passos de veteranos. O rapper MD Chefe assinou contrato com a marca francesa Lacoste, após sua música “Rei Lacoste” bombar por toda cena.

O carioca Leall, pouco tempo depois de lançar seu álbum de estreia, foi o primeiro brasileiro a fechar uma loja da Nike para a gravação de um videoclipe.

As gêmeas paulistanas Tasha e Tracie, são notáveis no melhor dos dois mundos. Em meio a agendas lotadas de shows por todo o país, a dupla se envolve em momentos importantes na indústria da moda. Conhecidas por criarem algumas de suas próprias roupas, elas conseguem estampar a visão selvagem e destemida das suas letras em seus trajes. E o trabalho vem sendo reconhecido: já estiveram presentes em edições das revistas Marie Claire, Claudia e Ellie.

O hip hop é uma forma de vida. Seja por escolha ou por fuga. É a maneira como muitos enxergam uma realidade bela em meio a tantos caos. O modo de se vestir é um conjunto de vivências e pensamentos que atualmente se dissemina sem freio. Uma simples peça de roupa ou um penteado de cabelo representam uma identidade que foi diversas vezes rejeitada.

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Por Yane Queiroz – Fala! São Judas

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