Por conta das fortes chuvas em Spa, o GP foi dado como concluído com os resultados da classificação
No último domingo (30), foi realizado o Grande Prêmio da Bélgica, marcando o retorno da Fórmula 1 após 29 dias de pausa, ou melhor, não foi realizado. Devido às fortes chuvas no circuito de Spa-Francorchamps, a corrida de domingo não chegou a começar de fato e o resultado da classificação determinou as posições de cada piloto na corrida. Apenas metade dos pontos foram distribuídos para pilotos e equipes.
A emocionante e assustadora classificação em Spa, no GP da Bélgica
Após 29 dias sem Fórmula 1, a qual paralisou suas atividades para as férias de verão, a categoria finalmente voltou neste fim de semana para disputar um dos Grandes Prêmios clássicos de todo o calendário: o GP da Bélgica. Nos treinos livres, o tempo foi mais ameno e os pilotos puderam praticar sem maiores dificuldades. O equilíbrio foi grande entre Max Verstappen e as duas Mercedes.
Chegada a classificação no sábado, chegaram também as nuvens carregadas que são muito comuns nesse período do ano na região do circuito belga. O início do treino classificatório foi adiado em alguns minutos, mas os carros foram para a pista para disputar o Q1.
Na primeira parte da sessão, Lando Norris e sua McLaren voaram nos pneus intermediários e o inglês marcou a volta mais rápida. Nikita Mazepin, Kimi Raikkonen, Mick Schumacher, Yuki Tsunoda e Antonio Giovinazzi foram os cinco pilotos eliminados no Q1.
No Q2, uma surpresa: as duas Ferraris foram eliminadas e nem Charles Leclerc, nem Carlos Sainz, largariam do Top 10. Lance Stroll, Fernando Alonso e Nicholas Latifi foram os outros três eliminados da segunda parte da sessão. Lando Norris fez outra grande volta e também terminou o Q2 na liderança, dando sinais de que sua primeira Pole Position na Fórmula 1 estava mais perto do que nunca.
Logo após o fim do Q2, a chuva apertou em Spa, deixando as condições de uma pista já perigosa, ainda piores. A direção de prova liberou os carros, mesmo com a forte chuva. Apenas dois pilotos foram para a pista: Lando Norris e Sebastian Vettel. O cenário era de extremo risco, e Vettel cobrava em seu rádio a paralisação do treino em bandeira vermelha, enquanto Norris reclamava da periculosidade da pista. A direção de prova não escutou seus pilotos.
Ao abrir volta rápida, o piloto da McLaren aquaplanou na subida da Eau Rouge-Raidillon, e se chocou com muita força na barreira de pneus. O carro ficou completamente destruído. Sebastian Vettel foi avisado do acidente e se irritou no rádio com a direção de prova, por ter antecipado as condições horríveis na pista.
Ao passar pelo local da batida, ‘Seb’ foi até o carro de Norris para conferir se o britânico estava bem, o qual o confirmou com um sinal de positivo e saiu do carro pouco tempo depois, sem maiores problemas, tendo em vista a gravidade do acidente. De candidato à Pole Position, para uma batida assustadora, causada pela irresponsabilidade dos diretores da prova. Apesar da frustração, estava tudo bem com Lando Norris.
Após algum tempo sob bandeira vermelha, a sessão foi retomada com a pista em condições bem mais praticáveis. Nos últimos segundos de Q3, a jovem estrela britânica, George Russell, estava prestes a fazer história com sua Williams. Encaixando uma volta quase perfeita, com dois setores roxos, foi mais rápido que Lewis Hamilton, Valtteri Bottas e Sergio Pérez, assumindo a liderança provisória.
Restava apenas Max Verstappen. O holandês encaixou uma grande e derradeira volta e assumiu a Pole Position, empurrando George Russell para a segunda posição. Grande resultado para Verstappen, mas a estrela do dia era Russell, que conseguiu um resultado histórico, quase inacreditável, colocando uma Williams na primeira fila de largada.
Completando o Top 10: Lewis Hamilton foi o 3º; Daniel Ricciardo, com um grande resultado, foi o 4º; Sebastian Vettel foi o 5º; Pierre Gasly foi o 6º; Sergio Pérez foi o 7º; Valtteri Bottas foi o 8º; Esteban Ocon o 9º e Lando Norris, que não marcou tempo, foi o 10°.
A corrida que não aconteceu
O domingo chegou e com ele a chuva também deu as caras em Spa-Francorchamps. Forte precipitação e de maneira contínua causavam preocupação por parte dos pilotos e dos fãs, após o que havia acontecido no dia anterior com Lando Norris. Porém, todos os pilotos estavam nos colchetes se preparando para a largada, ou melhor, quase todos.
Sergio Pérez destracionou sua Red Bull durante a volta de formação e saiu da pista, se chocando contra a parede de proteção. A batida não foi muito forte, mas foi o suficiente para quebrar a suspensão dianteira de seu carro, fazendo com que ele abandonasse a corrida antes mesmo de começar. Valtteri Bottas tinha uma punição de 5 posições por conta da batida que causou na Hungria e largaria em 13º.
Os mecânicos da McLaren conseguiram consertar o carro de Norris a tempo, mas tiveram que trocar a caixa de câmbio, o que acarretou em uma punição de 5 posições. Sendo assim, largaria em 15º.
Após o susto do dia anterior, a direção de prova decidiu adiar o início da largada. Após mais de meia hora, os carros foram para a pista atrás do Safety Car e as condições eram extremamente perigosas. A visibilidade era praticamente nula, e todos os pilotos reclamaram em seus rádios sobre o risco.
Desta vez foram ouvidos pela direção de prova e a bandeira vermelha foi acionada. Todos voltaram para o Pit Lane para esperar a melhora das condições climáticas. Porém, a chuva não parou em nenhum momento e se manteve em uma forte intensidade. Foram horas de espera e incerteza sobre a realização do evento.
Enquanto todos podiam apenas aguardar, algumas cenas curiosas e divertidas foram vistas por todo o circuito. Alguns “Stewards”, que são os funcionários de pista, se reuniram em um trecho do circuito e começaram a jogar bocha na brita, a qual contou até com narração do bem humorado locutor da Band, Sérgio Maurício.
Ao mesmo tempo, em outro trecho de Spa, Mick Schumacher e Sebastian Vettel disputavam a “Copa do Mundo de Futebol de Garagem”. Os dois alemães são muito amigos, e jogaram uma partida de futebol entre Haas e Aston Martin para esperar a chuva ir embora.
Aproveitando a demora, os mecânicos da Red Bull começaram a trabalhar no carro de Sergio Pérez e conseguiram deixar ele inteiro para correr. Após algum tempo de argumentação entre Red Bull e FIA, o mexicano seria autorizado a largar dos boxes caso a corrida fosse retomada.
A torcida não deixava o circuito mesmo debaixo de muita chuva, na expectativa da realização do Grande Prêmio. Horas passaram e a chuva não parava. Os carros foram para a pista atrás do Safety Car mais uma vez e as condições eram igualmente perigosas. Os pilotos deram quatro voltas e voltaram para o Pit Lane. Desta vez a direção agiu com a devida prudência e tomou a decisão mais correta: o GP da Bélgica estava dado como encerrado.
Com isso, o resultado da “corrida” seria o mesmo da classificação e os pontos seriam dados pela metade. Portanto, Max Verstappen foi o vencedor do Grande Prêmio da Bélgica; George Russell conseguiu o seu primeiro pódio pela Williams e ficou com o segundo lugar e Lewis Hamilton completou o Top 3 na primeira posição.
Após este caótico GP que não aconteceu, Hamilton é o líder do campeonato com 202,5 pontos; Verstappen é o segundo com 199,5 e Lando Norris é o terceiro com 113 pontos. Nos construtores a Mercedes lidera com 310,5 pontos, seguida pela Red Bull com 303,5 na segunda posição e a McLaren fecha o Top 3 com 169 pontos.
No próximo fim de semana a Fórmula 1 volta às pistas para a disputa do primeiro Grande Prêmio da Holanda e a expectativa dos fãs é apenas uma: que o tempo colabore e que a corrida possa acontecer normalmente, com a devida segurança.
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Por Filipe Saochuk – Fala! PUC-SP