Em dezembro do ano passado, o Sleeping Giants Brasil, uma organização que se apresenta como “um movimento de consumidores contra o financiamento do discurso de ódio e das Fake News”, iniciou uma campanha contra a empresa de jornalismo Terça Livre TV.
O Sleeping Giants Brasil aciona empresas que patrocinam ou mantêm anúncios em canais e sites que supostamente divulgam informações falsas cobrando-as para encerrar qualquer vínculo com esses sites. Em geral, boa parte das empresas contatadas atendem às cobranças e retiram seus anúncios, dentre elas, multinacionais como Coca-Cola, Microsoft, Nubank, a plataforma de cursos Hotmart e plataformas de pagamentos como PayPal.
Segundo os criadores do Sleeping Giants Brasil, Leonardo de Carvalho e Mayara Stelle, em matéria publicada pelo O Globo, a ação voltada para o Terça Livre foi motivada pelo “histórico consolidado de notícias falsas, superchats lotados de internautas e pelos próprios antecedentes do dono do canal, Allan dos Santos, investigado nos inquéritos das fake news e sobre a organização de atos antidemocráticos, em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).”
A plataforma que hospedava os cursos do canal Terça Livre também foi alvo dessa pressão. O movimento SGB argumenta que o portal Terça Livre viola os termos de uso da plataforma de cursos ao promover conteúdos com informações falsas ou imprecisas, de cunho discriminatório, que façam alusão a armas de fogo ou ainda que violem a intimidade ou a honra de terceiros.
Sleeping Giants
O Sleeping Giants se apresenta como uma organização de pessoas que combate a desinformação e os discursos de ódio de maneira anônima. Fundado em novembro de 2016, nos Estados Unidos, o grupo de ativistas digitais surgiu após a eleição presidencial de Donald Trump. O nome do grupo liberal, por sua vez, é uma alusão à questão de grandes empresas não compreenderem em que locais seus anúncios são publicados. Já sua operação se dá através das redes sociais.
Nos EUA, as primeiras ações dos “gigantes adormecidos”, então, foram o cancelamento de verbas publicitárias pelo site Breitbart News, devido à disseminação de desinformações e teorias da conspiração pelo portal. Até julho de 2018, manteve-se o anonimato – até que Matt Rivitz revelou ser um dos fundadores do grupo. Em seguida, o jornal The New York Times divulgou o perfil de Rivitz ao lado da cofundadora Nandini Jammi. Tempos depois, em junho de 2020, Jammi alertou seu desligamento do movimento por diferenças com o publicitário.
No Brasil, por outro lado, a situação é diferente. O Sleeping Giants Brasil é inspirado no original norte-americano, mas seus fundadores não são os mesmos. Em dezembro de 2020, os estudantes de Direito, Leonardo de Carvalho Leal e Mayara Stelle (ambos de 22 anos), saíram do anonimato. Assim, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, a dupla paranaense assumiu a autoria do movimento no Brasil.
A conta do grupo surgiu em maio de 2020 e, após conquistar 20.000 seguidores, recebeu sua oficialização por Matt Rivitz – responsável pelo movimento nos EUA.
Terça Livre
Terça Livre é um portal de notícias criado em 2014 por Allan dos Santos. O veículo ganhou muito destaque após as eleições presidenciais de 2018, que elegeram Jair Bolsonaro. Hoje, possui uma revista digital, plataforma própria de cursos e uma livraria, e se declara a maior mídia conservadora da América Latina.
No ano passado, Twitter e YouTube suspenderam as contas do Terça Livre, alegando a propagação de fake news. Allan dos Santos chegou a ser investigado no inquérito sobre fake news que correu no STF (Supremo Tribunal Federal).
O canal de Youtube Terça Livre voltou a postar vídeos no início de março, após ficar suspenso por quase um mês. O YouTube retirou a suspensão das atividades do canal, depois que a liberação foi determinada pela Justiça de São Paulo.
Na liminar concedida pelo juiz Henrique Dada Paiva, da 8ª Vara Cível, foi considerado que a remoção das contas na plataforma YouTube “se mostra desproporcional, violando a garantia constitucional da liberdade de expressão e de informação”.
Eduzz
A Eduzz é uma empresa sorocabana que visa auxiliar nas vendas on-line de pequenos e médios empreendedores. Para isso, utiliza-se de ferramentas como o marketing de afiliados. As afiliações, por sua vez, ocorrem de duas maneiras. No caso do produtor, ele divulga seu produto na plataforma e recebe por venda. Por outro lado, o afiliado propaga o produto ou serviço e, em troca, recebe uma comissão por cada venda.