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Embaixador alemão condena suposto gesto nazista em protesto

O Embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, usou as redes sociais nesta quinta-feira (03) para condenar suposto gesto nazista realizado por manifestantes em ato bolsonarista. Nas imagens, centenas de pessoas vestidas de verde e amarelo cantam o hino nacional com o braço estendido e a palma da mão para baixo, gesto semelhante ao realizado pelo partido nazista alemão.

Em postagem nas redes sociais, Thoms demonstrou indignação com as imagens. “O uso de símbolos nazistas e fascistas por “manifestantes” de extrema direita é profundamente chocante. Apologia ao nazismo é crime!”, escreveu.

Heiko Thoms usou as redes sociais para criticar suposto gesto nazista em manifestação ocorrida em São Miguel do Oeste (SC)
Heiko Thoms usou as redes sociais para criticar suposto gesto nazista em manifestação ocorrida em São Miguel do Oeste (SC). | Foto: Diplomacia Business.

O embaixador também criticou quem defende a realização do gesto como “liberdade de expressão” e afirmou que se trata de um “ataque à democracia e ao Estado de Direito no Brasil”. “Esse gesto desrespeita a memória das vítimas do nazismo e os horrores causados por ele”, completou, em referência ao regime alemão que matou milhões de pessoas, em especial os judeus, durante a Segunda Guerra Mundial.

As declarações do embaixador foram feitas após viralizarem imagens de uma manifestação bolsonarista ocorrida na quarta-feira (02) em São Miguel do Oeste, no interior de Santa Catarina. Inconformados com a vitória de Luís Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, uma multidão protestou em frente a uma base do exército pedindo intervenção militar e alegando fraude na contagem dos votos.

Ministério Público de Santa Catarina negou apologia ao nazismo em manifestação
Ministério Público de Santa Catarina negou apologia ao nazismo em manifestação. | Foto: Diplomacia Business.

Embaixada de Israel e Museu do Holocausto também se manifestaram

Em comunicado oficial divulgado nesta quarta-feira (03), a Embaixada de Israel no Brasil classificou a suposta apologia ao nazismo como “ultrajante”. “Estamos preocupados com esse fenômeno aqui e contamos com as autoridades competentes para que tomem as providências necessárias para acabar com esse tipo de atos ultrajantes”, escreveu a embaixada.

O Museu do Holocausto, localizado em Curitiba, também usou as redes sociais para se manifestar sobre o ocorrido. “A tentativa de associar esse gesto ao juramento à bandeira é mais um ultraje que a Justiça e a educação antifascista precisarão se debruçar”, ressaltou em nota. A entidade paranaense é o primeiro Museu do Holocausto no Brasil, voltado a relembrar as vítimas do genocídio nazista e alertar as novas gerações sobre os perigos do ódio, da intolerância e do racismo.

Ministério Público nega apologia ao nazismo

Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro não fizeram gesto nazista durante a manifestação em São Miguel do Oeste. De acordo com os investigadores, a multidão foi estimulada por um empresário local a estenderem as mãos para frente a fim de “emanar energias positivas”. Conforme apuração do órgão, também não foram encontradas ligações entre o locutor e práticas nazistas.

Segundo o Código Penal Brasileiro, fazer apologia ao nazismo é crime, conforme a lei nº 9.459/97. A pena prevista é de dois a cinco anos de reclusão, além de multa.

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Por Ludi Evelin Moreira do Santos – Fala! Universidade Federal do Paraná

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