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Emadolls: Um toque de representatividade

O mundo tem nos ensinado, ao longo dos anos, décadas ou melhor, séculos, que o bonito no ser humano é ter a pele clara, cabelos lisos e olhos azuis ou verdes.

É contra esta adjetivação discriminatória ou racial que a educação deve jogar o papel de elevadíssima importância. Mesmo muito antes do sistema educativo convencional, o combate à discriminação e o racismo, deve começar do berço. Só com a educação poderemos ir reduzindo esta pandemia: o racismo e xenofobia.

Portanto, os nossos pais e educadores desde muito cedo devem ensinar-nos, de uma forma lúdica, o valor do amor próprio, a importância de aceitarmos a nossa própria pessoa e de sabermos conviver e aceitar os outros, independentemente da sua origem, raça, cor, orientação sexual ou classe social. Acreditamos que só assim poderemos contribuir para um mundo mais justo, menos violento e, quiçá, um mundo onde haja mais tolerância e menos medo do outro! Foi com base nessas experiências que surgiu a ideia da criação do projeto Blessings&love: Emadolls. Basicamente, queremos contribuir no fomento de uma sociedade igual entre os seres humanos.

Emadolls
Emadolls. | Foto: Reprodução.

Emadolls e a representatividade

Partindo do meu próprio exemplo, não me lembro de ter tido uma boneca negra, na minha infância, pois elas não existiam. Temos a consciência de que as nossas crianças negras e místicas precisam de referências, de modelos e brinquedos com que facilmente podem identificar, igualmente as crianças de pele branca precisam também aprender a apreciar o que as outras crianças têm de bom e bonito. Desta forma, eliminamos a possibilidade de discriminação desde a mais tenra idade.

Crescer na Europa, com adversidade climática e modo de vida e cultura totalmente diferente, para uma criança negra, por si só, é um grande desafio, mas este desafio pode aumentar, drasticamente, se as crianças não tiverem muito bom apoio em casa, dos seus pais e ou da escola, porque é fundamental preparar as crianças no fortalecimento da sua autoestima. Caso contrário, podem tornar-se crianças vulneráveis e começar a pensar e acreditar que suas vidas poderiam ser muito melhores, se fossem brancas.

Com Emadolls gostaríamos de ajudar as crianças a aceitarem e a amarem a si próprias, ajudá-las a crescer felizes com a autoestima a arranhar o céu. Ajudá-las a nunca precisarem, no futuro, decidir usar um produto para mudar a cor da sua pele, fazer uma cirurgia plástica ou usar perucas para sempre.

Boneca negra
Boneca negra. | Foto: Reprodução.

Uma vez mais, pela minha própria experiência, vi isto acontecer enquanto crescia, mas estarei sempre grata aos meus pais porque na minha tenra idade fizeram-me acreditar o quão bonito é a minha pele escura e de como se sentem orgulhosos por me terem como filha. Parecendo que não, mas essas simples frases vindas dos meus pais, ajudaram muito no aumento da minha autoestima e a enfrentar o racismo e a não deixar que a situação da xenofobia me afetasse muito. Mas lembro-me de um aluno recusar brincar comigo e, como se isso não bastasse, disse-me: “ vai brincar com os teus amigos macacos em África.”. 

Pelo impacto que uma frase destas pode ter ao longo do crescimento de uma criança, é importante educar para que frases como estas não sejam ditas nunca e, com o nosso projeto, acreditamos que iremos contribuir para alicerçar as bases para um mundo onde a diversidade é vista como uma benção.

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Por Benazira Djoco – Fala! Uniesp Centro Universitário

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