sábado, 20 abril, 24
HomeCulturaDiga 'sim'! Conheça as culturas dos casamentos indiano, japonês e chinês

Diga ‘sim’! Conheça as culturas dos casamentos indiano, japonês e chinês

Para quem se interessa em outras culturas, uma das melhores formas de conhecê-las pode ser através das demonstrações de fé e relações interpessoais. O casamento, portanto, seria a união perfeita das duas áreas.

Mesmo que tenham a mesma intenção em qualquer lugar do mundo – o ideal de unir duas pessoas que se amam – a prática varia de acordo com a localidade.

Você sabia, por exemplo, que enquanto aqui no Brasil é tradição se casar de branco, isso pode ser considerado uma ofensa na religião hindu? Por isso, conheça os diferentes estilos de casamento do hemisfério norte: na China, na Índia e no Japão

Casamento indiano

Enquanto aqui na terra brasilis a expectativa é para uma tarde ou noite de cerimônia, na Índia o casamento é comemorado por dias. As diferenças começam já no pré-wedding, com três cerimônias antes mesmo do esperado “sim” do casal. Dentre elas, está a Sangeet, popularmente conhecida como uma ‘despedida de solteiro’ para os dois. O casal reúne os amigos em comum e vestem os trajes e modelos para a festa. O intuito é desejar coisas boas para a nova fase dos (ainda) noivos. 

casamento indiano
Na Índia, cores e muita festa são indispensáveis para celebrar um casamento. | Foto: Pinterest.

Depois, acontece a Haldi, que em tradução significa a cúrcuma, como detalhou o portal Casamentos na web. Essa é uma especiaria utilizada na gastronomia da Índia e aqui tem valor de suma importância para o casal. Os dois colocam uma pasta feita do material ao longo do corpo, em uma cerimônia regada a música e danças. E não pense que eles são os únicos. Para os amigos que não se casaram ainda, a cúrcuma é colocada para desejar sorte no amor.

Ainda falando do pré casamento, o Mehendi é a terceira e última cerimônia, e provavelmente a mais ‘famosa’. É nela que os noivos têm as extremidades do corpo pintadas com henna. Mãos, pés, tornozelos, pulsos e as palmas da mão recebem flores, pavões e elementos que, na cultura indiana, indicam sorte. 

Já no grande momento, ao contrário do que é popularmente conhecido no Ocidente, a noiva é quem espera pela chegada do amado. Geralmente ao ar livre, os noivos ficam separados por uma cortina até citarem os mantras do casamento. E, como tudo tem sido feito em grande estilo, a hora do “sim” não poderia ficar de fora. Com direito à troca de anéis (aparentemente a única semelhança) e colares, a festa continua com muita música, dança e cores.

Casamento chinês

Já na China, um lugar repleto de cultura, a cerimônia conta mais com o simbolismo. Lá, a tradição é construir uma família mais cedo, porque isso indica que serão respeitados, assim como os antecessores. Pense rápido: qual a cor você associa ao país? Pois é esta mesma que estampa o vestido das noivas chinesas.

O vermelho no país representa prosperidade, fortuna e boa sorte. Até os mínimos detalhes, como convites, tem toques de vermelho e o símbolo Xi, que representa felicidade. Ainda falando sobre a noiva, é comum ela se resguardar com as amigas mais próximas antes da cerimônia. Ao contrário do Brasil, são os pais do noivo que organizam o casamento. 

casamento chinês
A cerimônia de casamento chinesa é repleta de simbolismos e significados. | Foto: Pinterest.

Dias antes, a família do noivo leva presentes para a casa da amada. Depois, familiares da noiva retribuem o gesto, mais próximo da data do casamento. E já pensando nas noites de núpcias, a tradição é que o casal compre uma cama nova – ou enxoval – envolvendo a cor vermelha.

Já na noite anterior ao casamento, os noivos penteiam e desembaraçam o cabelo. Na cultura chinesa, isso simboliza a entrada na vida adulta. Ao todo, são quatro escovadas, cada uma para trazer boa sorte. Enquanto a primeira simboliza a união do casal no início ao fim da relação, a segunda traz harmonia e verdade para o casal. A terceira é a promessa de filhos e a quarta simboliza saúde e um casamento duradouro.

Chegado o grande dia, se engana quem pensa que amigos do casal irão assistir. Apenas os familiares diretos dos noivos podem acompanhar o casamento, que têm tudo muito simples. Para os pais do noivo, é servido chá com duas sementes de lótus. No altar, o casal prestam homenagens a elementos da natureza e ao deus Tsao-Chün. A união é selada com uma reverência de cada um.

No entanto, a parte mais importante ainda está por vir. A recepção é considerada um dos pontos principais da cerimônia, já que até um cerimonialista é contratado. O bolo de casamento – geralmente grande e com muitas camadas – é cortado. Com os braços entrelaçados, os noivos oferecem um pedaço do bolo um ao outro.

Assim, é distribuído, nessa ordem, para os pais dos noivos e avós. O diferencial é que estes pratos são levados à boca pelo próprio casal, que seguram juntos o bolo. O clássico brinde também está presente na comemoração, que saúda os noivos. Durante essa etapa do casamento, a noiva chega a trocar três vezes de roupa.

Casamento japonês

Recheada de simbolismo e tradição, o casamento japonês muito diferente das cerimônias brasileiras. Para início de conversa, existem duas maneiras de casar no país oriental. A primeira, chamada Omiai Kekkon, se refere ao casamento arranjado – onde os pretendentes são escolhidos por familiares ou, por incrível que pareça, agências de casamento.

A segunda maneira é o Ren’ai Kekkon, o casamento ‘por amor’, que ganhou força e fugiu da tradicionalidade após o fim da Segunda Guerra Mundial. Vale lembrar que ambas as cerimônias não estão relacionadas aos cultos religiosos, que variam entre um ritual xintoísta, budista e cristão.

Este primeiro, inclusive, é o mais comum no Japão. Nele, comparecem familiares e amigos mais próximos do casal em um tempo xintoísta. Na ocasião, a roupa da noiva passa longe do que é visto no Ocidente: ela usa um quimono chamado Shiromuku e chapéus denominados Wataboshi, usado na cerimônia religiosa e Tsunokakushi, utilizado na recepção do casamento. Tanto no Brasil quanto no Japão, a cor branca é considerada um símbolo de pureza nas noivas; e está presente nos chapéus, bolsas e sapatos. 

E a lista de elementos carregados pelas noivas não para por aí. Elas carregam, dentro do quimono do casamento (Shiromuku), um punhal na altura do coração, além de uma carteira chamada hakoseko. Dentro dela, fica um espelho de mão e/ou um pente, como detalhou o site Japão em Foco. Já para o noivo, o tradicional é sempre um quimono preto, o Hakama. Para o quimono feminino, as noivas podem utilizar de estampas florais, aves, entre outros que simbolizam fertilidade.

Ainda falando sobre a cerimônia xintoísta, o casal segue para o templo ao som de flautas e tambores. Antes de tudo, eles são geralmente purificados, em um ritual chamado San-San Kudo. Para isso, os noivos tomam saquê em três taças diferentes – que simbolizam o Céu, a Terra e o Homem. O ato representa o novo vínculo familiar entre ele e o respeito mútuo entre as famílias. Ainda assim, a troca de alianças acontece entre o casal – com direto aos votos e tudo. O noivo, por sua vez, faz um juramento e todos se levantam para a Consagração do Tamagushi – ramo de folhas sagrado nas cerimônias xintoístas.

Um detalhe importante é que não existem padrinhos ou madrinhas nos casamentos japoneses. No máximo, o parceiro escolhe o melhor amigo para o local de honra, ou o substitui por um Nakoudo, um Casamenteiro.

Vale lembrar que o casamento também está ligado a superstições japonesas. Por exemplo, a maioria das cerimônias acontece na primavera e no outono. Além disso, o mês de novembro é disputado pelos casais, já que o número 11 é considerado de sorte no país.

Para presentear o casal, fique longe de objetos cortantes como facas e tesouras. Eles significam um corte, ou seja, podem simbolizar a separação dos dois. Palavras relacionadas à corte ou separação também não devem ser mencionadas ao longo do casamento, pois podem dar má sorte. Vale lembrar que divórcio não é algo tão comum no Japão quanto no Brasil e que, quando isso acontece, é possível realizar uma festa de divórcio. 

______________________________________
Por Samantha Oliveira – Fala! UFPE

ARTIGOS RECOMENDADOS