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22 de agosto – Dia do Folclore: conheça 10 personagens do folclore brasileiro

Hoje, mergulharemos em um universo mágico e repleto de mistérios, no coração de uma das datas mais encantadoras do nosso calendário: o Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto. Neste dia especial, o Brasil abre as portas de um tesouro cultural fascinante, onde a imaginação ganha vida e a história se mescla com a fantasia.

Imagine-se em uma jornada pelo vasto território do nosso país, onde cada região guarda segredos únicos, criaturas míticas e histórias que atravessam gerações. São narrativas que ecoam nas sombras das florestas amazônicas, dançam ao som do forró no Nordeste e ganham vida nas fogueiras das festas juninas. O Dia do Folclore é o dia perfeito para explorar esse universo de cores, sabores e encantos.

Neste artigo, iremos apresentar a você 10 personagens que habitam o rico panteão do folclore brasileiro. São seres fantásticos, cujas histórias têm o poder de nos transportar para um mundo onde o extraordinário é parte do cotidiano. Desde as profundezas das águas amazônicas até as brumas mágicas das florestas, essas figuras folclóricas personificam a diversidade e a riqueza cultural do Brasil.

Dia do folclore brasileiro
Folclore Brasileiro. | Foto: Reprodução.

Saci Pererê

No cenário do Brasil do século XVIII, surge uma lenda que ecoa nas sombras das matas e se esconde nas fogueiras das festas juninas. Trata-se do Saci-Pererê, uma figura intrigante que se destaca por sua singularidade. 

Imagine um garoto negro, que possui sempre uma carapuça vermelha na cabeça, fumando incessantemente um cachimbo e com apenas uma perna. O Saci-Pererê é o protagonista dessa narrativa folclórica, por vezes descrito como travesso e malévolo. No entanto, é a carapuça vermelha que lhe confere poderes sobrenaturais, tornando-o uma figura misteriosa e imprevisível.

Dentro do vasto panteão do folclore brasileiro, o Saci-Pererê se desdobra em diferentes personas. Temos o Pererê, o saci de cor preta, o Trique, o saci moreno, e o Saçurá, o saci de olhos vermelhos. Cada uma dessas variações desse ente folclórico tem sua própria personalidade e características únicas, mas todas compartilham o gosto por infernizar as pessoas.

As travessuras do Saci-Pererê vão além do imaginário: Ele tem o poder de esconder objetos, perturbar os animais e desencadear todo tipo de diabruras. Seu domínio não se limita apenas à terra, pois ele também é associado aos redemoinhos, lugares onde sua presença é sentida com mais intensidade. 

Diz a tradição que se alguém lançar uma peneira ou um rosário em um redemoinho, pode conseguir aprisionar o saci, prendendo-o temporariamente.

Boto-cor-de-rosa

No cenário pitoresco das festas juninas no Norte do Brasil, uma lenda tão enigmática quanto apaixonante emerge das águas dos rios amazônicos. Trata-se do Boto-Cor-de-Rosa, uma figura que, durante um período mágico, metamorfoseia-se em um homem de beleza cativante, frequentemente adornado com um chapéu. Um detalhe curioso é que as narinas do boto ficam no topo de sua cabeça, tornando sua transformação ainda mais misteriosa e intrigante.

A trama da lenda se desenrola quando o Boto-Cor-de-Rosa, sob sua forma humana, encontra uma mulher que lhe desperta profundo encanto. Ele a seduz com sua beleza e carisma, e como resultado desse encontro apaixonado, a mulher fica grávida. No entanto, após esse momento mágico, ela nunca mais vê o pai da criança. 

Nesse vácuo de incerteza, a lenda se enraíza: quando uma jovem engravida durante as festas juninas e o pai da criança permanece desconhecido, a sabedoria popular atribui o mistério ao Boto-Cor-de-Rosa. Logo, todo homem bonito que ousa usar um chapéu nessa época festiva se torna alvo da suspeita geral.

Iara

Das águas frescas e serenas dos rios do Norte do Brasil, emerge uma lenda que evoca a beleza e o mistério das profundezas aquáticas. Esta é a lenda da Iara, uma sereia de água doce que tece seu encanto no fundo dos rios. 

Imaginem uma jovem indígena de beleza hipnotizante, adornada por longos cabelos negros que reluzem sob a luz do sol. Mas aqui está o toque de magia: da cintura para baixo, Iara assume a forma de um peixe, exibindo uma cauda brilhante que desliza com graciosidade pelas águas.

Durante as tardes douradas, Iara é frequentemente avistada tomando sol nas pedras do rio, envolta em uma aura de encanto e tranquilidade. No entanto, seu poder mais intrigante reside em sua voz melodiosa. Com um canto mágico e sedutor, Iara tem o dom de atrair os homens que ousam se aventurar perto de suas águas. E assim, em um encontro fatídico, ela os envolve em seu abraço aquático e os conduz para as profundezas do rio.

Aqui, a lenda toma um tom de mistério e tragédia, pois, aqueles que sucumbem ao canto de Iara, nunca mais voltam à superfície. Seus destinos se entrelaçam irrevogavelmente com as correntezas e segredos do rio, perdidos para sempre no mundo subaquático da Iara.

Boitatá

Adentrando a rica mitologia indígena, deparamos-nos com a figura fascinante do Boitatá, uma serpente brilhante que se ergue como guardiã da floresta, zelando com destemor pela fauna e flora que a compõem. 

O Boitatá é mais do que uma mera lenda: ele personifica o espírito de proteção da natureza, enfrentando aqueles que ameaçam o equilíbrio ecológico.

Dotado de uma habilidade intrigante, o Boitatá é um mestre da metamorfose. Quando os agressores do meio ambiente se aproximam, ele se transforma em um tronco em chamas, lançando uma visão assustadora. Em um golpe final, ele pode conjurar o fogo para repelir os inimigos da floresta, deixando uma lembrança ardente em sua trajetória.

Por onde passa, o Boitatá ilumina a floresta com seu brilho sobrenatural, revelando o caminho para os que respeitam a natureza e a punição para os que a desrespeitam. Esta lenda, enraizada no folclore brasileiro, tem raízes antigas, com os primeiros relatos datando do século XVI.

Uma versão intrigante da história do Boitatá remete a uma serpente que, após consumir os olhos de diversos animais, adquiriu o brilho que a caracteriza. Esse toque de mistério e maravilha enriquece ainda mais a narrativa, lançando luz sobre a relação complexa entre a fauna e a mitologia.

Curupira

Em meio às profundezas da mitologia indígena, emerge a figura enigmática do Curupira, uma criatura que desempenha um papel vital como protetora das florestas, suas árvores e criaturas. 

O Curupira é uma presença que transcende os séculos, com os primeiros relatos datando já do século XVI. Ao longo do tempo, essa entidade lendária foi descrita de diversas maneiras, mas algumas características notáveis perduram em nossa imaginação coletiva.

Uma das características mais distintivas do Curupira é a sua aparência, assemelhando-se a um menino indígena com o corpo coberto de pelos. No entanto, é nos pés que encontramos a peculiaridade mais marcante: eles estão virados para trás. Essa singularidade não é mero capricho da lenda, mas um atributo que desempenha um papel crucial em sua missão de proteção.

O Curupira é mestre em confundir aqueles que ousam adentrar a floresta sem o devido respeito. Com seus pés voltados para trás, deixa pegadas que indicam o caminho errado, embaralhando as trilhas e despistando os perseguidores. Assim, aqueles que buscam prejudicar a floresta e suas criaturas se veem desorientados, incapazes de seguir em frente, enquanto o Curupira assegura a preservação do santuário natural.

Vitória-Régia

Nas regiões do Norte do Brasil, uma lenda entrelaça o amor humano com a majestosidade do céu noturno. Esta é a história de Naiá, uma jovem indígena que nutria um amor profundo e proibido pela Lua, conhecida como Jaci. A lenda remonta a épocas ancestrais, quando as estrelas eram as escolhidas por Jaci para acompanhá-la nos céus.

Naiá, com sua beleza e pureza, sonhava ardentemente em tornar-se uma estrela e compartilhar a eternidade com Jaci. Para alcançar esse sonho, recusava todos os pretendentes que cruzavam seu caminho, pois seu coração já pertencia à Lua. Durante as noites serenas, encontrava consolo olhando para o céu, onde sua paixão por Jaci se tornava um elo com o infinito.

Contudo, o peso desse amor não correspondido começou a corroer Naiá. A tristeza profunda levou-a à beira da doença, pois Jaci parecia alheia à intensidade de seus sentimentos. Em uma noite, enquanto contemplava o céu próximo a um rio, Naiá viu o reflexo da Lua na água. A visão era tão real, tão próxima, que não pôde resistir ao desejo de tocar Jaci. Desesperada e impulsionada pela força de seu amor, ela mergulhou nas águas escuras e, tragicamente, encontrou seu fim afogada.

No entanto, a história não termina aí. Jaci, tocada pela entrega incondicional de Naiá, transformou-a em uma flor de beleza singular, a Vitória-Régia, que floresce apenas sob a luz prateada da Lua. Naiá tornou-se a estrela das águas, uma homenagem eterna à paixão que transcendeu a vida e a morte.

Mula sem Cabeça

Nas sombras da noite brasileira, uma entidade temida e misteriosa emerge, conhecida como a Mula Sem Cabeça. Seu terrível aparecimento é, muitas vezes, associado às proximidades das igrejas, ou àqueles que têm a coragem de correr diante de uma cruz à meia-noite. No entanto, por trás dessa figura assustadora reside uma história profundamente enraizada no folclore brasileiro.

Conta a lenda que a Mula Sem Cabeça, em sua forma assustadora, é, na verdade, o destino trágico de uma mulher que ousou se envolver romanticamente com um padre. Em castigo por esse relacionamento proibido, sua alma foi condenada a vagar pela eternidade sob essa aparência aterrorizante.

Nas madrugadas de quinta para sexta-feira, a Mula Sem Cabeça se dirige a uma encruzilhada, onde assume sua forma mais aterradora. Segundo a narrativa, ela é retratada como uma figura grotesca com chamas ardentes saindo de onde deveria estar sua cabeça. 

Encontrar essa criatura lendária é um destino sinistro, mas há rituais de proteção transmitidos pela tradição. Aqueles que têm a infelicidade de cruzar o caminho da Mula Sem Cabeça devem se deitar de bruços e ocultar as unhas e os dentes para evitar seu olhar aterrador.

Caboclo d’água

Nas raízes de Minas Gerais, uma lenda perdura, alimentada pelas águas misteriosas do Rio São Francisco. Esta é a história do Caboclo-d’Água, uma criatura majestosa, de pele cor de cobre e cabelos longos e negros, que habita as profundezas das águas. Sua presença é envolta em mistério, carregando tanto fascínio quanto temor.

O Caboclo-d’Água é conhecido por suas travessuras sinistras: Ele tem o poder de agarrar pessoas que navegam em canoas solitárias e levá-las para o fundo do rio, onde supostamente as devora. Além disso, ele tem o hábito de virar canoas, assustar pescadores e agir como um protetor dos peixes que habitam o rio.

A lenda também oferece um meio de defesa contra essa criatura assustadora. Diz-se que ao espetar uma faca no fundo da canoa, é possível afastar o Caboclo-d’Água e evitar seu ataque. 

No entanto, há relatos intrigantes de pessoas que conseguiram estabelecer uma espécie de relação amigável com essa entidade misteriosa. Em alguns casos, o Caboclo-d’Água até mesmo cumprimenta pessoas quando as vê passar em suas embarcações.

Cuca

Esta é a história da Cuca, uma lenda que viajou dos cantos distantes de Portugal para as terras brasileiras, trazendo consigo uma aura de mistério e temor. 

A Cuca é uma figura enigmática que assume a aparência de um jacaré, embora em sua origem em Portugal fosse um dragão. Sua reputação é forjada pela sua tarefa sinistra: o sequestro de crianças desobedientes.

Com ares de bruxa, a Cuca se torna uma figura assustadora que povoava o imaginário de crianças por gerações. Ela ronda as noites escuras à procura de crianças que desafiaram a autoridade dos mais velhos ou desobedeceram às regras. O medo de ser levado pela Cuca, muitas vezes, servia como um eficaz instrumento de disciplina, mantendo os pequenos obedientes.

Guaraná

Nas terras abençoadas do Norte do Brasil, uma lenda mágica e comovente é contada há séculos. Esta é a história do Guaraná, uma dádiva dos deuses que nasceu de uma tragédia e do amor inabalável de uma mãe indígena.

A narrativa começa com um casal de indígenas que ansiosamente pediu a Tupã, o grande deus dos povos nativos, um filho para alegrar suas vidas. Tupã, em sua benevolência, atendeu às preces do casal e os presenteou com um filho. Contudo, essa alegria foi rapidamente ofuscada pela inveja do deus Jurupari, cujo olhar recaiu sobre o menino.

Jurupari, movido pela inveja, tomou uma ação nefasta e tirou a vida da criança. Diante da tragédia, a mãe do menino, seguindo as orientações de Tupã, plantou os olhos de seu filho com profundo amor e respeito na terra sagrada. O que surgiu desse gesto de amor inquebrantável foi o precioso guaraná.

E aí, gostou de conhecer esses 10 personagens folclóricos? Se você estiver interessado, a Netflix possui uma série chamada “Cidade Invisível”, que conta algumas dessas lendas em uma aventura bem interessante.

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Por Beatriz Lippi – Redação Fala!

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