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Cultura na Periferia – entrevista com um catalizador de cultura

Por Artur Ferreira – Fala!PUC

 

“Da ponte pra cá”: como a cultura transforma desde a periferia até o bairro rico

É muito claro que o brasileiro aprecia a música, cinema, teatro e a literatura, visto que temos uma cultura riquíssima em livros, letras de música e cinematografia. Na atual realidade brasileira, porém, vivemos um paradoxo complexo, pois se olha com preconceito certas áreas da cultura, e ainda por cima, o profissional que trabalha com cultura além de informal é descreditado pela maioria.

Quem nunca pensou em viver de música, ou se tornar um romancista, ou até mesmo dirigir ou atuar em um filme? O problema é que essas áreas são só aplaudidas, mas não incentivadas. Em um bate papo com o Agente Cultural que atua no Centro Cultural Monte Azul, temos um panorama da profissão e como a classe de profissionais da cultura no Brasil ainda persiste para mostrar o seu valor.

Roberto de Almeida Camelo trabalha no Centro Cultural Monte Azul desde de 2011. Morador do Capão Redondo há pelo menos 16 anos, formado em Artes Visuais e prestes a completar seus 29 anos, atua como o coordenador de eventos e responsável levar os coletivos (de teatro, hip-hop, entre outros) que fazem sua arte na periferia e em toda a grande São Paulo até o Centro Comunitário.

Roberto afirma que o desejo de trabalhar com a cultura veio da infância, no contato com discos de artistas como Racionais MC’s e GOG, e se encontrou politicamente quando entrou em contato com a história e os personagens dos Movimentos dos Direitos Civis dos negros. Durante a entrevista, afirma que essas influências de pessoas como Martin Luther King e Malcolm X o fizeram refletir sobre a sua realidade no Brasil, e foi no Grafite e nos coletivos de Hip-hop que encontrou sua forma de se expressar. Um crítico do atual sistema político brasileiro, afirmando que o debate político no Brasil ainda é algo muito atrasado devido a educação sucateada e os baixos níveis de qualidade de vida das classes mais pobres da sociedade.

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Roberto tomou a decisão de seguir seu caminho na cultura ao fim de sua adolescência e início da fase adulta. Iniciou sua vida profissional na cultura ao entrar em contato com o projeto Fábricas de Cultura, um dos fatores que o fez se graduar em Licenciatura de Artes Visuais, e tinha dois profundos desejos: tornar-se professor com o intuito de batalhar por um sistema de educação público mais digno e juntar a cultura a formação da criança e do adolescente da periferia.

Segue agora a entrevista completa feita com Roberto abordando temas como a cultura hip-hop, a realidade da periferia e de como é seu trabalho de “catalizador de cultura”.

Fala!: Você conseguiria resumir o que é um Agente Cultural?

Roberto: O Agente Cultural é aquele cara que vai te mostrar o que tem de cultura naquela região pra você que é de fora, e vai ser um catalizador de atividades culturais anônimas, independentes. Ele é o cara que vai ajudar a revelar artistas, e que vai traçar um mapa de cultura existente ali na região. É o cara que vai criar o diálogo entre diferentes mediadores de projetos. Ele produz cultura com outros artistas, ele divulga, ele registra e documenta.

Fala!: O que te influenciou para seguir nessa área foi algum tipo de experiência prática, por assim dizer, ou sempre foi um desejo teu?

Roberto: Na infância, eu já tinha um apelo pelas artes visuais, pelo desenho, e já desenhava desde muito cedo. E durante meu crescimento, fui me interessando cada vez mais por essa linguagem. E o contexto familiar de que eu venho também é muito cultural, pela questão da música como samba e a Black Music, e apesar do meu bairro não ser muito visado em cultura, o meu ciclo familiar conseguiu me manter próximo da música e do desenho. Mas na escola também consegui entender melhor o que queria fazer, pois na escola eu tive bons professores, principalmente de Artes Visuais. Eles me davam muitos ‘toques’ de como a área podia ser interessante, além disso estudei em uma boa escola, saímos bastante pra museu, parques e essas coisas.

Lá nos meus 15 a 18 anos eu ‘tava’ muito envolvido com a cultura Hip Hop. Nesse período já grafitava, conhecia um monte de gente que dançava Break e que cantava Rap e ‘discotecava’, e eu ficava ali no meio daquela galera fazendo arte cantando e dançando. E dentro da cultura Hip Hop você tem o contexto político por trás, uma cultura que tem a manifestação política muito forte, e quando eu comecei a pesquisar isso tive contato com autores que foram importantes para os direitos civis e direitos humanos. Estudei melhor o Brasil fora da escola, porque muita coisa a gente não vê lá, e a partir do momento em que eu conheci pessoas mais ativistas do Hip-hop eu comecei a ter mais conteúdo nesse tipo de questão, por exemplo, por que existe as favelas, como as favelas são oprimidas dentro do contexto da saúde, educação e cultura, e o contato com esses temas moldou muito o tipo de ação que eu queria fazer no futuro.

Fala!: Você citou a influência do movimento Hip Hop e do ativismo político dentro dessa cultura. Dessa área, quais artistas você poderia citar como importantes para você?

Roberto: Ah cara, eu lembro que nessa época… na verdade tenho 28 anos e esse mês faço 29, eu lembro que essa época era ‘foda’. O que acontece, eu tive o primeiro contato com um CD do RacionaisHolocausto Urbano, e esse CD cara eu já ouvia quando criança, pois meus pais e tios ouviam. Ficava ali e o pessoal ouvindo e eu nem me ligava, e depois que eu conheci o Hip Hop, eu comecei a prestar atenção nas ideias que elas te traziam. E esse CD foi muito importante pra mim, e se você escuta esse CD hoje em 2018, você vai que muitas coisas ainda persistem, como a violência, as drogas, o racismo, então é um CD com mais de 30 anos, mas que é muito forte no nosso dia a dia…

Então ouvindo esse CD, foi ai que eu comecei a me ligar que eles falavam muitas coisas pesadas que infringiam muito na minha vida e na vida da gente. E daí eu descobri mais dos heróis que não são lembrados, como Martin Luther King, Malcolm X e alguns artistas brasileiros que eram citados, e eu tive a curiosidade de ir atrás além de descobrir o movimento dos direitos civis nos EUA, foi muito legal essa época também. E você começa a perceber que você também tem direitos, e é claro que isso aconteceu lá em outro contexto, numa época muito mais radical e é uma cultura muito diferente e o racismo lá é aberto, enquanto aqui no Brasil é uma coisa mais “fechada”. Eu lembro que esse CD foi importante e depois eu ouvi outros grupos como GOG, ouvia bastante MVBill, grupos que te traziam letras pra você pensar mesmo, Facção Central e tal. Então isso foi importante pra eu acordar, correr atrás dos estudos, ouvir o que esses caras estavam falando e o que a cultura Hip Hop representava, isso foi me abrindo os olhos pra coisas que até hoje eu estudo.

Fala!: Você já trabalha como Agente Cultural há um bom tempo. Com seus 28 anos, como agora você definiria cultura?

Roberto: Eu defino cultura como algo importante para o desenvolvimento do ser humano. Para que ele tenha uma perspectiva do que ele é, onde ele ‘tá’, e o porquê ele ‘tá’ aqui, e de onde até os seus ancestrais vieram. Tudo isso eu acho que é um contexto importante para o ser humano que vive na periferia. Eu acho que eu defino a cultura como um alicerce importantíssimo no “organismo humano”, tanto intelectual como de saúde mental, enfim.

Fala!: Sobre o Centro Cultural Monte Azul, na sua opinião, você acha que o impacto que o Centro Cultural tem atualmente é o topo ou ainda não é o suficiente?

Roberto: Eu sempre falo pra galera que o Centro Cultural veio numa época, porque né, o Centro nasceu em 1991, foi inaugurado em um ano de contexto e território muito fraco, e os recursos culturais não chegavam até aqui. Então por exemplo, você não tinha as ONG’s formadas, não se tinha as casas de cultura, não tinha os CEU’s nessa época. E o Centro surgiu assim de forma independente ligado a filosofia e a filantropia Monte Azul, a Associação Cultural Monte Azul, e nesse período o ele (Centro Cultural) virou um catalizador de artistas pra se apresentar e ensaiar, vindo pessoas das 4 regiões de São Paulo, sendo um dos primeiros polos de cultura. A cada ano que passa a gente trabalha pra manter essa “chama cultural” acessa. O bairro cresceu e hoje você tem muitas opções, você pode ir a um SESC, em uma Fábrica de Cultura, ou em um CEU, enfim, você até tem os coletivos que fazem atividades em praças ou mesmo na própria rua. Então o Centro Cultural não está mais sozinho e esses outros locais também trazem coisas boas pra população daqui, e a nossa meta é sempre trazer artistas diferentes pra cá e manter esse público que é fiel a esse espaço.

Fala!: Você citou artistas como Racionais, também citou o teatro, e nessa mesma linha de raciocínio você pode falar alguma atração ou grupo que você trouxe para o Centro Cultural Monte Azul e te trouxe orgulho por isso?

Roberto: Eu entrei em 2011 no espaço né? Mas eu fui antes eu fui assistente de um outro cara chamado Antônio, e o pessoal chamava ele de Che, e ele foi um cara muito importante pra mim, muito articulado e inteligente. Eu entrei pra trabalhar junto com ele nessa área, e a gente fazia tudo junto, desde ligar pros grupos, ajudar na divulgação até montar os equipamentos. Aprendi muita coisa com ele sobre essa logística de montar um evento cultural, não um evento vinculado a entretenimento artificial, no caso, mas em sim trazer um artista e realmente valorizar o trabalho desse cara, e mostrar artistas que estão fora do circuito também. E eu lembro que em 2011 a gente fez a Mostra de Teatro, e trouxemos a Companhia do Feijão, eles são uma companhia lá do centro, na República, e é muito forte em São Paulo e tem uma gama muito forte de trabalhos no teatro e atores muito consagrados, tipo ‘top’ mesmo. Essa foi uma companhia que me marcou.

Teve também a Companhia São Jorge de Variedades, que trabalha o teatro de uma forma magnífica. Eles são lá da Barra Funda, se não me engano, e vieram pra cá com uma carga muito rica de teatro. E pra mim foi muito louco, eu tinha acabado de sair da Fábrica de Cultura, saí do “Fábricas” e fui para uma companhia de teatro antes de entrar na faculdade, e na sequência vim pra cá e ai tive em contato com essas companhias, o Che e foi virando uma coisa muito louca… E depois eu ingressei na Faculdade, e fiquei com a galera aqui do Monte Azul e fui estudar.

Fala!: Por sua formação, e pela exposição de cultura ter virado sua profissão, você teria o interesse em se aprofundar academicamente na sua área, como um mestrado e doutorado?

Roberto: Minha graduação foi em Artes Visuais, Licenciatura em Artes Visuais, e eu tenho o interesse em começar a carreira docente, só que com a carga que eu tenho agora, se eu for pra uma sala de aula eu não consigo desvincular as Artes Visuais da cultura que eu adquiri, então eu acho que é um diferencial que eu tenha de juntar as Artes Visuais com a cultura e a educação. Mas no futuro eu pretendo fazer uma pós-graduação em História da Arte ou Antropologia, algo desse tipo sabe? Fazer uma formação mais profunda em cultura, tanto graduação como outros tipos de cursos, por exemplo. Eu tenho essas duas metas traçadas, docência em uma escola ou em qualquer outro equipamento cultural como esse [Centro Cultural Monte Azul], e nas partes dos estudos eu ainda tenho essa dúvida sobre História da Arte ou Antropologia ou algo pra ser mais um Gestor.

Fala!: No Brasil, você acha que a sua área como profissão ainda engatinha ou é uma área de trabalho já consolidada mas que não tem tanta visibilidade?

Roberto: Olha cara, eu acho que o Brasil é muito rico em cultura, só que ainda está caminhando sobre essa questão formal sobre cultura, sobre como você reconhecer essa carga de cultura que o Brasil tem, e eu digo isso pra todos os Estados. No Brasil a gente tem uma lei chamada Cultura Viva que abrange o Brasil inteiro, mas é uma lei nova que ainda está sendo formulada, é uma lei que já existe e tem pessoas importantes por trás e tal, que ‘tá’ querendo um caminho legal de como formalizar o tema cultura no Brasil, como formalizar o trabalhador da cultura, esse profissional. Mas eu ainda vejo essa área no Brasil está engatinhando mesmo, ainda mais no contexto político que a gente vive hoje, um momento de muito retrocesso, polarização de ideias, muita coisa negativa rolando, mas se você for ver é uma área muito “bebê”, a gente tem uma burocracia muito engessada ainda, diferente de outros países tipo Portugal e Estados Unidos. Mas tudo infringe, por exemplo, aqui em São Paulo a gestão passada tinha apoiada um plano Municipal de cultura, que é um projeto que passou pela mão de muitas pessoas, de profissionais de várias áreas e se tornou um documento tão rico, que praticamente é uma “Constituinte da Cultura” pra São Paulo. É um plano que visa levar cultura de forma digna a todos os territórios de São Paulo, mas é algo que a gestão atual se nega em implementar, ela boicota mesmo esse programa e isso é muito triste pra profissionais dessa área como eu que estão na luta como eu, o que retrocede o que a gente tá buscando, que é desenvolvimento e progresso pra esse tema cultura. E quando eu penso no Brasil nessa questão eu vejo ainda como informal as coisas, então o sistema, Legislativo, Judiciário e tal, precisa acolher direito esse tema, e esse profissionais.

Fala!: Como você enxerga a maneira que os jovens tem para conceber suas convicções e, na sua concepção, o que falta para a abertura do debate político, principalmente quando se toca no assunto Cultura?

Roberto: O que eu vejo nessa galera mais nova, é que elas reconhecem o tema política pelo que as oprime. Por exemplo, as “mina”, as mulheres da periferia, elas estão acordando pra questão do feminismo, as mulheres negras estão acordando pro racismo e pra uma invisibilidade que realmente existe na nossa sociedade, e por exemplo, os meninos estão conhecendo melhor como a polícia oprime, como existe o racismo por trás da polícia e o radicalismo vem muito pelo o que oprime eles. Quando você sofre na pele esse tipo de violência e você passa a ser um jovem que passa a querer se instruir, que quer se informar, quer correr atrás dos seus direitos e já começa a entender como funciona a política, o bairro, o centro cultural, a delegacia e quando você começa a entender como esses lugares funcionam e como o sistema molda o “como é” pra você viver, você começa a ir pra cima disso, começa a ir pra rua, cria coletivos de pessoas interessadas nesse tema, e isso é muito rico. Eu acho que a coisa fica negativa quando esses coletivos não dialogam… e acho que a desunião não vale a pena tá ligado? E quando eu percebo esses coletivos se distanciando de outros por terem diferentes ideologias e diferentes modos de pensar, eu fico um pouco triste nesse sentido, porque na verdade deveria se ter um diálogo em rede, e as meninas falarem com os meninos, “Existe o feminismo e ‘pó’ como você veem isso? Como vocês se enxergam em um sistema machista? Como você enxerga a violência policial?”.

O jovem hoje em dia tá em um caldeirão de coisas, e quando você não tem uma escola que orienta, que dá apoio, cara eu acho que a escola deveria ser um lugar pros coletivos, as vezes eu sonho em uma escola livre, tipo Paulo Freire, a escola deveria ser um lugar aberto onde os jovens pudessem falar o que quisessem, com uma orientação e uma emancipação, tá ligado? Se a escola fosse um lugar que estivesse próximo da comunidade, esse intercâmbio seria mais fácil, porque na escola você teria profissionais capacitados pra mediar conflitos, orientar questões complexas, como feminismo, machismo, bullying, racismo e a xenofobia, e assim esses coletivos se fortaleceriam mais. E eu creio que isso facilitaria a não criar grupos fechados, porque se você cria grupos fechados você não cria união, você cria desunião, e ai você cria ódio e ai polarização entre ambos, e não se tem o progresso, não se tem a evolução, você não tem uma periferia unida, você vai ter mais ódio, mais radicalismo, mais violência, incompreensão e pra isso pra mim como educador isso não me interessa, eu já pude ver esse tipo de conflito e cara, não vale a pena, porque tá tudo mundo no mesmo barco.

Acho que o jovem  está sozinho por não ter a escola do lado, mas se ele tem a orientação de uma fonte confiável, e os coletivos tem muito isso, eles vão atrás das fontes, de pessoas e eles vão atrás de algo que escola não fala, e se a escola não traz o suporte isso tem que vir por outro caminho. E vou falar pra você, eu moro numa periferia terrível, eu trabalho aqui no Monte Azul, moro no Capão, mas a periferia que eu moro é uma região muito mais vulnerável que aqui, é onde tem a favela, onde a droga tá e onde ele tá perdido, não tem uma escola boa, a família é desestruturada, ele não tem um trampo, não tem um governo que pode dar um impulso na vida dele, e enfim, é bem complexo e tá tendo esse “boom” de coletivos na quebrada, mas grande parcelas dos jovens na quebrada ainda estão perdidos nesse contexto educacional, estão realmente alienados a uma cultura de massa, e alienado a uma política individualista e neoliberal sem nem perceber.

Fala!: E por fim, você tem alguma mensagem ou protesto para falar pela classe que você faz parte?

Roberto: Cara eu tenho mais uma mensagem do que um protesto, eu espero que essa entrevista possa ir a outras pessoas que não são daqui, a pessoas que sejam ligadas a todos os tipos de áreas, da educação, do jornalismo e enfim queria dizer que a gente tá vivo, que a gente está trabalhando, atrás dias melhores pra nós mesmos, agindo com cultura localmente. A gente sabe que não vai mudar o mundo mas a gente age localmente pra que a coisa cresça. Que do Centro Cultural vá pra comunidade, e aí da comunidade pra rua, da rua pra depois da ponte e aí depois vai pro centro e ai vai ganhando amplitude.

Se for para falar de protesto, tem muita coisa, mas é mais essa mensagem positiva mesmo, pros educadores acreditarem nos jovens, acreditarem na cultura e assimilarem a cultura com outros olhos, porque muitas vezes a cultura que a gente faz aqui é mal compreendida ou censurada e tal. Então por exemplo eu to aqui falando com você hoje, mas podia não estar, porque de 100 jovens que tão na quebrada 2 ou 3 se salvam nesse caminho da cultura e da educação, grande parcela fica nesse outro mundo da criminalidade, da vida normal que é trabalhar pra sobreviver, então o que eu queria falar era nesse sentido.

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