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‘Cry Baby’: uma análise do álbum de Melanie Martinez

O produto midiático escolhido para ser abordado neste trabalho trata-se do álbum musical Cry Baby, lançado em 14 de agosto de 2015, da cantora Melanie Martinez, que a fez ficar conhecida por suas críticas bastante analíticas com relação à sociedade.

Todas as músicas contam a história da personagem Cry baby (Bebê Chorona), idealizada pela artista, vivenciando situações da infância, amor, família desestabilizada, abuso, autoestima, com um olhar sobre como esse período pode afetar a personalidade, em um ambiente tóxico. Cada faixa representa um momento da vida dela, deixando claro como a mesma tem dificuldade de se relacionar, construir laços, passando por diferentes experiências que a tornam mais insegura. 

Confira uma análise sobre a comunicação do álbum!

Cry Baby
Cry Baby é um álbum de Melanie Martinez. | Foto: Reprodução

A trama do álbum Cry Baby

O álbum Cry Baby conta com 13 faixas, sendo um retrato de como a sociedade e a mídia podem deixar as pessoas doentes, formando um ciclo, como vemos quando em Pacify Her (Acalme ela) a personagem destrói tudo ao redor com suas atitudes ou em Mrs Potato Head (Senhora Cabeça de Batata) que demonstra a preocupação em fazer cirurgias, seguir um determinado padrão, entre outros.

A comunicação que Melanie Martinez resolve adotar com o público é formada de metáforas, ironias, em que a interpretação e as experiências do ouvinte são cruciais para total apreciação e compreensão da obra. Referindo-se ao objeto como processo de comunicação, narra uma história com início, meio e fim, que busca instigar a consciência crítica dos receptores, considerando o contexto histórico-social, com a geração Z, problemáticas das mídias com a distorção da realidade, vida das aparências, etc. Como a mesma cita em Dollhouse (Casa de boneca): “Todo mundo pensa que nós somos perfeitos. Por favor, não deixe eles olharem através das cortinas”.

Na música Sippy Cup, Melanie crítica principalmente como a mãe da personagem se deixa ser alienada, pois a mesma sempre está atrás de maquiagens, remédios, procedimentos, tudo para fazê-la sentir-se melhor com si mesma, afinal, a mídia a convenceu que ela não era boa o bastante daquela forma, com comerciais, novelas, filmes, em que todas as mulheres seguem o mesmo padrão.

Assim que a mídia conversa com seu público: vendendo um reflexo, uma inspiração, que na maioria das vezes leva à busca pela beleza e perfeição a qualquer preço. Trechos como: “Se eles lhe oferecerem uma nova pílula, então você vai comprar”, “Toda a maquiagem do mundo não vai te deixar menos insegura”, demonstram a influência que a sociedade vem recebendo e compartilhando. Um grande exemplo são os influenciadores, vendendo chás milagrosos, dietas rápidas e eficientes que prometem milagres, entretanto, ao mesmo tempo em que eles são os transmissores, também são os receptores de outro conjunto maior. 

A importância da comunicação das músicas das artista

Mesmo em 2015, o mundo já estava no caminho de tornar-se uma aldeia global, termo formalizado por Marshall McLuhan teórico dos anos 90, em que todos estariam interligados pelos meios de comunicação, quebrando barreiras culturais, geográficas, sociais e uma informação seria repassada para todo lugar em questão de segundos. 

Contudo, a comunicação só é plenamente completa com a interação, sendo sempre uma metacomunicação, depois de transmitir a mensagem, os consumidores não são meros passivos, que absorvem a informação sem uma avaliação pessoal, mas sim de acordo com suas experiências e interações sociais próprias. 

Ao criticar diversos aspectos que são considerados como tabu, a artista ganhou vários prêmios, seguidores, visualizações, ou seja, um feedback positivo para sua carreira, demonstração de que ela conseguiu passar um conteúdo que fez o público se identificar, aumentando a possibilidade do fluxo de interação comunicacional.

Em uma época em que a centralidade da música que estava em alta era o pop, Melanie conseguiu juntar uma espécie de Lana del Rey (suas músicas sobre amores complicados que resultaram em tristeza, alegrias e tragédias) e Katy Perry (com estéticas coloridas, batidas animadas), mudando o cenário com seu estilo indie-pop, que não se preocupava apenas com a aparência ou em falar sobre assuntos rasos, mas sim construir uma narrativa com consciência crítica.

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Por Bianca Tavares Nassau – Fala Faculdade Maurício de Nassau!

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