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‘K-12’ – leia a crítica do álbum da cantora Melanie Martinez

Melanie Martinez nasceu em abril de 1995 e é cantora, compositora, diretora e atriz norte-americana. Sua primeira aparição no cenário musical foi no programa de televisão The Voice, em 2012. Apesar de ter sido eliminada, ela conseguiu consolidar uma fanbase, e lançou seu álbum de debut em 2015, o famoso Cry Baby.

Conhecida por seu cabelo icônico de duas cores e dentes separados, sua marca também é a mescla de elementos infantis com temas sensíveis, também contrastando com suas letras adultas. Um bom exemplo é a música Dollhouse, de seu primeiro álbum, em que Martinez aborda como uma família perfeita é apenas encenação, como uma casa de bonecas.

Dollhouse
Clipe de Dollhouse. | Foto: Reprodução.

Para suas obras, ela criou o alter ego Cry Baby. Ao longo de suas músicas, vamos nos aprofundando na história da personagem, e fica clara a importância de ouvir as faixas na ordem certa para entender de fato a trama, como a traição de seu pai na faixa Dollhouse, e a vingança de sua mãe na seguinte, Sippy Cup. Apesar de sua personagem ter uma história triste e conturbada, Melanie já afirmou diversas vezes que suas músicas não têm muita relação com suas experiências, e que não se identifica com a história que criou.

O primeiro álbum introduz a personagem com clipes de certa forma perturbadores, porém sempre com elementos infantis misturados com algo inesperado. Já para seu segundo álbum, a cantora continuou sua história, mas, dessa vez, em um longa-metragem dirigido por ela mesma, o K-12.

A história de K-12, segundo álbum de Melanie Martinez

K-12
Cartaz do filme. | Foto: Reprodução.

Após quatro anos sem lançar um álbum, Melanie retornou com uma versão um pouco mais velha de Cry Baby. Agora, ela e sua amiga Angelita já têm idade para ir à escola, na primeira série, onde se deparam não com problemas familiares, como anteriormente, mas problemas estruturais no sistema de ensino e sociedade.

Martinez deixa claro o crescimento que teve nos últimos anos, apostando em coreografias e roupas sensuais, diferente do que já havia apresentado antes. Ela não abandona seu conceito inicial e segue a mesma paleta de cores que já utilizava, tons pastéis, tendo como única diferença uma uniformização nas cores. Como seus trabalhos eram sempre clipes contendo no máximo duas músicas, não havia uma preocupação tão grande com as cores combinando em todos os clipes, já em K-12, pode-se perceber o uso constante de azul, rosa, roxo e dourado.

Os paralelos de algumas músicas com faixas do primeiro álbum também é notável, como Orange Juice (K-12) e Mr. Potato Head (Cry Baby), ambas são sobre padrões estéticos e a busca de um corpo perfeito, porém irreal. Martinez também aderiu ao simbolismo em sua obra, como as milhares de trocas de penteados mirabolantes que Cry Baby tem durante o longa, mostrando sua evolução, enquanto Kelly, a menina que pratica bullying com outros alunos, muda raramente, evidenciando estar presa no mesmo lugar, com o mesmo pensamento, privando-se da chance de evoluir. Martinez trata em seu filme questões como transfobia, alcoolismo, machismo, bulimia, abuso e muito mais, então é esperado que as personagens cresçam e tenham uma certa evolução, mas Kelly não consegue se permitir nesse processo.

A cantora também mergulhou de cabeça na ideia de ter um filme musical, apostando em coreografias e backdancers que foram utilizados tanto no filme quanto em suas performances ao vivo, algo inédito em sua carreira. As transições dos diálogos para as canções também foram muito bem executadas e se complementam perfeitamente, e assim como em seu álbum anterior, também é recomendado que se ouça as músicas na ordem em que são apresentadas no filme, para ter uma melhor compreensão da história.

A forma caricata e exagerada em que o longa é feito pode levar o espectador a uma imagem de algo desconexo, sem sentido e infantil. Contudo, ao assistir, pode-se perceber que o filme não é assim, e que se entende perfeitamente a mensagem que cada arco quer passar. Embora não seja algo novo, levando em consideração a artista que estamos tratando, Melanie Martinez consegue executar este conceito com maestria.

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Por Fernanda de Andrade Silva – Fala! Cásper

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