Por Flávia Mitiko Duarte Ymamura Fala!FAAP
A porta da casa de madeira já está enferrujada, gasta com os anos e pessoas que ali passaram. A parede da casa é de um tom azul céu, descascando aqui e ali, revelando a antiga pintura branca. Apenas os que partilhavam laços de sangue sabiam quantas vezes a campainha deveria ser tocada para serem reconhecidos.

À frente do alpendre de vidro, há uma roseira, tão antiga quanto as crianças que cresceram naquela casa nos anos anteriores, e ali está uma rosa solitária, branca como a cor dos cabelos da matriarca, que já há muito se fora deste mundo. Ao entrar na casa, pode-se ouvir ecos de risadas, todas elas tão parecidas umas com as outras, uma melodia composta pelos mesmos instrumentos em diferentes harmonias. À medida que adentra a casa, o cheiro doce de café preenche o ambiente, assim como o cheiro forte e quente de pão de queijo. O assoalho de madeira range e se move levemente com cada passo dado.
Aquela casa é o refúgio da família, o lugar que os protegia do mundo, e não havia alegria maior do que estarem todos reunidos, principalmente para um café da tarde. No jardim, havia uma mangueira tão grande que sua sombra se estendia para boa parte do ambiente, e as outras plantas, pequeninas diante dela, aprumavam-se e tentavam um lugar ao sol. As risadas das crianças ecoam, estridentes, pelo lugar, preenchendo-o com cor e vida.
Estando todos ali, reunidos, cada membro da família deseja, em seu íntimo, que aqueles momentos felizes se congelem por um instante, apenas para poderem ser guardados com carinho em suas memórias.