O cinema nacional cresce a cada dia. Apesar disso, muitas pessoas desconhecem o potencial dos filmes nacionais em nos fazer refletir sobre a vida e o mundo em que vivemos.
A verdade é que os filmes brasileiros possuem um jeito especial de trabalhar as questões do atual cenário do país. Por isso, separamos cinco filmes nacionais para você assistir, aproveitando o clima de reflexão e recomeços de início de ano.
5 SERIES PARA REPENSAR A VIDA ANTES DE 2020
5 filmes nacionais para repensar a vida (e o mundo)
Todas as Razões Para Esquecer (2017)
Pedro Coutinho
O filme mostra as tentativas de Antônio (Johnny Massaro) de superar seu término com Sofia (Bianca Comparato). Durante o processo, Antônio conta com a ajuda de parentes, novos colegas e amigos de longa data. Ao longo da história, percebemos como o fim de um ciclo é difícil, porém, por mais clichê que possa parecer, finais significam recomeços.
Antônio nos mostra que renegar o passado não é a solução. Nossas lembranças são valiosas, por isso é importante lembrar com carinho todos os momentos com alguém especial que passou por nossa vida.
Por mais feliz que tenha sido um relacionamento, o mundo não é feito apenas de certezas, e términos não necessariamente significam fracassos. No início, é difícil relembrar os momentos com a pessoa. Com humor, Antônio nos mostra que isso é super comum.
O tempo surge com novas oportunidades e lembrar o passado torna-se menos doloroso. Ao contrário do título, o filme demonstra que, após um período, temos “todas as razões para lembrar”.
Disponível em: Netflix e Google Play
Como Nossos Pais (2017)
Laís Bodanzky
Com referência à música de Elis Regina, não tem como o filme ser ruim, né? Rosa (Maria Ribeiro) nos mostra o drama da mulher moderna, que, por pressão social, busca ser multitarefas o tempo todo.
Suas tentativas de ser uma mãe dedicada, filha presente, esposa compreensiva e profissional bem-sucedida nem sempre correspondem às expectativas das pessoas ao seu redor. Tudo isso ao mesmo tempo em que precisa lidar com os desafios comuns da vida.
O filme demonstra com sensibilidade como, mesmo com tantas conquistas e mudanças no mundo, ainda estamos presos a modos ultrapassados de vida. Mas, agora cada vez mais propensos a desenvolver ansiedade, por conta de nossa alta carga de pressões e obrigações, em um ritmo desgastante.
“Como Nossos Pais” nos faz refletir sobre como o medo de fracassar ao mudar de rumo pode nos paralisar. Além disso, mostra que os papéis sociais não precisam ser seguidos à risca, pois temos a liberdade de viver novas experiências ereservar um tempo para nos dedicarmos aos nossos desejos.
8 TEORIAS PARA REPENSAR 8 FILMES E SÉRIES
Que Horas Ela Volta? (2015)
Anna Muylaert
Val (Regina Casé) é uma pernambucana que trabalha como empregada doméstica para uma família classe média alta paulistana. Fabinho (Michael Joelsas) passou a maior parte de sua infância aos cuidados de Val, por conta da agitada vida profissional dos pais. Por isso, vê na empregada praticamente uma figura materna, ao mesmo tempo em que a filha de Val, Jéssica (Camila Márdila), foi criada em Pernambuco por sua tia, longe da mãe.
Essa situação causa mágoas à jovem, com demonstrações, na maioria das vezes, sutis. Quando Jéssica chega do Nordeste para passar um tempo com sua mãe e prestar o processo seletivo de uma renomada universidade, surgem muitos conflitos.
Jéssica tenta de várias formas mostrar os problemas estruturais da sociedade à sua mãe, a partir de situações cotidianas. Porém, Val, inserida há muitos anos naquele contexto, custa a compreender as questões da filha.
“Que Horas Ela Volta?” busca refletir sobre desigualdade social, especialmente sobre o quanto naturalizamos esse cenário, a ponto de não estranharmos a forma (por vezes, desumana) como alguns profissionais são tratados.
Ao mesmo tempo, causa esperança de que a educação modifica o mundo, pois quebra padrões de comportamento. O relacionamento entre Val e Jéssica nos mostra que, por trás de uma mulher forte, normalmente existe outra mulher forte para ajudá-la nos momentos difíceis.
Disponível em: Globoplay.
As Melhores Coisas do Mundo (2010)
Laís Bodanzky
A adolescência é um período complicado para todos. Pressões de diversos tipos, relacionamentos complicados com familiares, amigos e professores, desejar muito a liberdade e, ao mesmo tempo, se sentir perdido. Mano (Francisco Miguez), 15 anos, passa por esses e outros dilemas.
Durante o filme, aprendemos como é necessário tentar manter a calma e a esperança, pois tudo não passa de uma fase. Ainda sim, a vida de Mano mostra que sempre é tempo de buscar autonomia para consertar erros e se afastar de pessoas tóxicas. A lição vai muito além disso.
“As Melhores Coisas do Mundo” mostra como é importante aceitar as individualidades, pois gera discussões em torno de tabus, como virgindade, orientação sexual, homofobia e, especialmente, machismo: sobre como jovens são influenciados a perpetuarem ações e pensamentos retrógrados.
Também aprendemos muito com as experiências de outros personagens, especialmente com os pais de Mano, Camila (Denise Fraga) e Horácio (Zé Carlos Machado), seu irmão Pedro (Fiuk) e sua melhor amiga Carol (Gabriela Rocha).
10 FILMES NA NETFLIX PARA ASSISTIR PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA
Era Uma Vez (2008)
Breno Silva
Imperdível para quem ama romances do tipo Romeu e Julieta, “Era Uma Vez” faz uma releitura do clássico, utilizando o Rio de Janeiro como cenário. Dé (Thiago Martins) é um jovem morador do Morro do Cantagalo, em Ipanema.
Com uma infância difícil, rodeada por injustiças, trabalha em um quiosque de cachorro-quente no calçadão, para ajudar a sustentar a casa, onde mora com sua mãe, a empregada doméstica Bernadete (Cyria Coentro).
Após presenciar o assassinato de Beto (Fernando Brito), seu irmão, e ver seu outro irmão, Carlão (Rocco Pitanga), ser exilado da comunidade, Dé faz de tudo para ficar longe de confusão.
Enquanto trabalha, o jovem observa Nina (Vitória Frate) na sacada de seu apartamento chique com vista para a praia. Mesmo com tanto esforço para levar uma vida tranquila, tudo vira de cabeça para baixo ao se aproximar da moça rica. O grande problema é que o pai de Nina não aceita o relacionamento amoroso dos dois.
“Era Uma Vez” faz uma clara crítica à desigualdade social, ao preconceito, principalmente racial e de renda, ao tráfico e ao Sistema Penitenciário. Além de sofrer horrores com o romance “impossível”, quem assiste tem a oportunidade de refletir sobre o contexto social brasileiro.
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Por Thábata Bauer – Fala! MACK