No final do ano de 2019, todos nós fomos pegos com a descoberta do novo coronavírus e sua disseminação por todo o planeta, gerando muitas mortes, devido à fácil contaminação. Em março de 2020, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou pandemia de Covid-19 (doença causada pelo coronavírus), transformando radicalmente a rotina de todos, incluindo os artistas e influenciadores digitais, que tiveram que se adaptar a essa nova era.
A pandemia fez com que diversos países adotassem a quarentena, na qual a maioria das pessoas deveriam ficar em um isolamento social, evitando contato com outras pessoas e evitando sair de casa, somente em casos de extrema necessidade. Com isso, faculdades, escolas, lojas, bares, boates e inúmeros outros lugares pararam de funcionar, deixando apenas supermercados e farmácias abertos, e tomando os devidos cuidados de passar álcool em gel e de limitar a quantidade de pessoas no estabelecimento.
Famosos na pandemia de coronavírus
A maioria dos profissionais pararam de trabalhar, com exceção dos profissionais da saúde, que são extremamente importantes nesse momento. No ramo artístico, por sua vez, os famosos tiveram que readaptar o seu jeito de trabalhar, buscando sempre incentivar o isolamento social e os cuidados recomendados pelos profissionais da saúde. Nesse momento, surgiram as famosas lives.
Pelo YouTube ou pelo Instagram, cantores de diferentes gêneros musicais começaram a fazer lives (transmissões ao vivo), simulando os shows e eventos que realizam, com o intuito de incentivar doações para instituições necessitadas nessa época de pandemia e de estimular as pessoas a ficarem em casa. Alguns com produções bem elaboradas, outros com tom mais intimista, mas todos os artistas se uniram por uma mesma causa.
O pioneiro das grandes lives (que estão durando entre 2 e 4 horas) foi o cantor sertanejo Gusttavo Lima. “O Embaixador”, como é chamado pelos seus fãs, influenciou outros cantores sertanejos e cantores de outros gêneros, conseguindo bater recordes de doações (de alimento, de dinheiro ou de produtos, como máscaras e álcool em gel).
Os artistas foram apoiados e patrocinados por grandes marcas que permitiram a realização das lives, como marcas de cerveja (Brahma, Skol, Boemia), marcas de alimento (com destaque à Seara, que está presente na maioria das transmissões) e marcas de produtos relacionados à área da saúde.
Os benefícios dessas grandes lives são incontáveis, porém, nas redes sociais, alguns tópicos foram discutidos. Comentários a respeito da quantidade de pessoas presentes na produção, ou até mesmo para assistir às lives (tanto na casa dos artistas, quanto nas casas das pessoas que se reuniam para assistir juntos às transmissões), começaram a se destacar e a dividir as opiniões a respeito das lives.
Outro tópico bastante discutido nessa época de quarentena são os influenciadores digitais e como os mesmos estão aproveitando da época de pandemia. A famosa profissão de digital influencer, que surgiu com a popularização das redes sociais (em especial, o Instagram), depende muito de engajamento, likes (curtidas) e seguidores para que marcas os patrocinem e eles consigam continuar mostrando sua rotina e dando dicas para o seu público.
Durante essa pandemia, a população foi aconselhada a ficar em casa na quarentena, assim, com bastante tempo livre, as redes sociais se tornam os principais aliados dessas pessoas. Dessa forma, o engajamento com os famosos blogueiros (ou digitais influencers) se torna cada vez maior, mas acompanhado dos problemas que vêm junto com essa influência, ou talvez, até mesmo dependência.
Em uma conversa com a psicóloga Viviane Maciel (Instagram: @vivianemacielpsicologa), pós-graduada em Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a profissional destaca dois termos ao se referir aos influenciadores digitais e seus seguidores: inspiração e espelhamento.
Segundo Viviane, o principal problema referente às redes sociais e esses novos profissionais que surgiram com elas, é o fato de que, por mostrarem uma “vida perfeita”, e não a realidade, os blogueiros geram um sentimento de espelhamento no seu público, na qual a maioria desses seguidores quer ser exatamente igual a eles (tendo os mesmos produtos, consumindo as mesmas coisas, frequentando os mesmos lugares, tendo a aparência física muito semelhante), e não apenas usar seus conselhos e dicas para melhorar a sua própria vida pessoal, se inspirando.
Um caso que ficou famoso nas redes sociais durante essa época de pandemia foi o da influenciadora digital Gabriela Pugliesi, que postou nos seus stories do Instagram vídeos dando uma festa e com falas totalmente comprometedoras, desvalorizando as inúmeras vidas perdidas pelo coronavírus. A polêmica em que se envolveu fez com que a influenciadora, seu marido e amigos também conhecidos, que estavam em sua casa, apagassem suas contas do Instagram e que marcas parceiras rompessem o contrato com os mesmos.
Esse caso serviu para mostrar a responsabilidade de artistas e blogueiros durante essa época de quarentena, levando à decepção de seus seguidores que se inspiram em alguma dessas personalidades e a motivar aqueles que se espelham neles a também deixarem de seguir as recomendações dos profissionais da saúde e desvalorizarem as vidas perdidas e a causa pela qual todos estão lutando.
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Por Júlia Salles – Fala! UFMG