A Guerra do Afeganistão estava declarada ganha pelos estadunidenses e seus aliados, que haviam implantado uma espécie de “defesa” aos afegãos contra grupos terroristas. Porém, após a decisão de tirar a incursão militar e declarar sua saída definitiva do país oficialmente por Joe Biden – apesar de ter começado por Donald Trump -, o grupo Talibã assumiu o poder ao tomar a capital Cabul no dia 15 de agosto deste ano.
O Talibã é uma organização que foi criada no Afeganistão, em 1990, após a Guerra Afegã-Soviética (1979-1989), o grupo possui uma visão muito extremista e crítica da religião islâmica e atua em forma política e militar. Existem muitas controvérsias em relação às ações do grupo, muitas pessoas concordam, muitas discordam e muitas tem medo de expressar sua própria opinião.
Como a situação do Afeganistão interferiu nas relações entre China, Rússia e EUA
O que a China tem a ver com isso?
A China faz fronteira com uma pequena parte do Afeganistão, e tem dois interesses (ou melhor dizendo, preocupações) em relação à tomada do poder pelo Talibã. O governo chinês teme que a conquista dessa organização venha desencadear forças de outras organizações extremistas que possam cruzar a fronteira e invadir a província de Xinjiang. Por outro lado, a China visa fazer um contrapeso aos militares dos Estados Unidos que habitavam naquela região. Não é de hoje que ambos países competem em geopolíticas, tecnologias, forças bélicas e militares, econômicas, entre outras.
Ao mesmo tempo, China e Paquistão estabeleceram alianças importantes, especialmente depois que os americanos deixaram o Afeganistão e a parceria do Paquistão com os Estados Unidos terminou. Os chineses têm investido fortemente em projetos de infraestrutura e linhas de crédito no país. O porto de Gwadar, no sul do Paquistão, visa expandir as alternativas no Mar da China Meridional (e no Estreito de Malaca) para importar commodities essenciais para a manutenção industrial chinesa.
Estados Unidos e suas controvérsias
Após a retirada das forças armadas estadunidenses, de todo armamento e toda e qualquer proteção bélica que o Afeganistão tinha, o presidente dos Estados Unidos Joe Biden, declarou culpado a relutância do exército afegão contra o Talibã, “A verdade é: isso aconteceu mais rápido do que esperávamos. Então, o que aconteceu? Os líderes políticos do Afeganistão desistiram e fugiram do país. Os militares afegãos desistiram, às vezes sem tentar lutar”, diz Biden.
Sabendo disso, os Estados Unidos entram em uma bifurcação econômica onde eles podem envolver as forças armadas para deslocar o Talibã e qualquer futura organização que viria a se juntar a eles – porém isso gastaria muito dinheiro – ou apenas interferirem se algo mais grave viesse acontecer (o que eles escolheram fazer).
Os interesses russos no Afeganistão
Existe uma competição acirrada entre o Ocidente e a Rússia, cujo estágio final pode ser rastreado até 1979, quando a União Soviética invadiu o país. Moscou afirma que seus interesses atuais no Afeganistão se limitam a garantir a segurança das fronteiras de seus aliados na Ásia Central. Os então líderes do Afeganistão no exílio só foram convidados a participar da conferência internacional realizada em Moscou em março deste ano, e também estiveram presentes representantes da chamada “Troika Ampliada”: Estados Unidos, China, Rússia e Paquistão.
A Rússia não reconheceu o Talibã como governantes do Afeganistão. Moscou permanece pragmática, observando os desdobramentos e não removeu o grupo de sua lista de terroristas. “Pedi aos nossos colegas americanos que fornecessem evidências, mas foi em vão… Não oferecemos nenhum apoio ao Talibã” nas palavras do Ministério das Relações Exteriores em Moscou.
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Por Ana Carolina Micheletti – Fala! Cásper