Pandemia do novo coronavírus causou pânico em investidores durante março, fazendo com que a Bolsa brasileira registrasse seis Circuit Breakers em único mês.
O Circuit Breaker paralisa todas as operações da B3, a Bolsa de Valores oficial do Brasil. Esse mecanismo é uma forma de proteção do mercado financeiro em um dia de grande desvalorização das ações. Com isso, a B3 consegue atenuar as perdas sofridas pelas Bolsas de Valores, protegendo investidores e investimentos.
O que ocorre quando o Circuit Breaker é acionado
Quando acionado, o Circuit Breaker permite que os investidores ganhem tempo para se programar em um momento de tensão no mercado. Assim, diante de quedas excepcionais, a interrupção do pregão faz com que a volatilidade atípica do mercado de ações se estabilize após a sua volta.
A bolsa precisa cair mais de 10% para o mecanismo de segurança ser acionado e as negociações ficam suspensas por 30 minutos, mas se o pregão reabrir com uma nova queda superior a 15%, há outro Circuit Breaker de 1 hora. E se as perdas continuarem, chegando a 20%, é estabelecida uma outra paralisação por tempo indeterminado.
Afetado pela insegurança dos investidores, gerada pela pandemia do novo coronavírus, o mercado precisou acionar esse o Circuit Breaker 6 vezes em 8 dias do mês de março. O dia 12 foi o mais estressante da Bolsa, registrando dois Circuit Breaker em sequência.
No dia 10, o anúncio da OMS (Organização Mundial da Saúde) de que o mundo enfrentava uma pandemia, e não mais uma epidemia, do novo coronavírus gerou quedas nas bolsas de todo o mundo.
No dia seguinte, Trump declarou a suspensão de viagens para Europa, exceto para o Reino Unido, fazendo com que as ações das companhias aéreas despencassem. Além disso, a disputa entre Rússia e Arábia Saudita, grandes produtores de petróleo, provocou a baixa do preço da commoditie, afetando, principalmente a Petrobras, empresa importante da Bolsa brasileira.
A intensificação dos atritos entre o Congresso e Jair Bolsonaro, com a derrubada do veto do presidente sobre o projeto de amplidão do acesso ao Benefício de Prestação Continuada, também contribui para a negatividade do mercado que precisou ser socorrido, novamente, pelo Circuit Breaker nos dias 16 e 18 de março.
O que os Circuit Breaker refletem no Brasil
Os sucessivos Circuit Breaker são um reflexo da crise de confiança que a economia brasileira enfrenta, as incertezas espantam investidores provocando quedas nas Bolsas do país.
Dessa forma, a Ibovespa chegou a operar perto dos 60 mil pontos, quase o mesmo nível de 2010, momento em que o mercado tentava se recuperar da crise financeira mundial de 2008.
Por isso, medidas para proteger o mercado foram tomadas, como o pacote de cerca de R$147 bilhões, anunciado pelo ministro da economia Paulo Guedes, que dará uma injeção de dinheiro na economia brasileira, além de ajudas de crédito para pequenas empresas e um auxílio financeiro de R$600 para informais.
O Congresso declarou estado de calamidade pública para que o governo federal não precise cumprir sua meta fiscal, podendo gastar mais no combate à pandemia e seus impactos na economia.
Dessa forma, março de 2020 entrou para história com 3 paralisações em uma única semana. O Circuit Breaker também foi usado em outras datas, entre elas, 1997 em que a queda da Bolsa do Brasil refletia a crise nos principais mercados asiáticos.
Em 1998 foi a vez da crise financeira na Rússia abalar a economia brasileira, no ano seguinte a desvalorização do real e mudança cambial também fizeram a bolsa desabar.
O mesmo aconteceu, em 2008 com a crise econômica iniciada nos Estados Unidos e em 2017, por conta da delação do dono da JBS, Joesley Batista, que envolvia diversos políticos.
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Por Camila Nascimento – Fala! Cásper