No último domingo (19) o Presidente Bolsonaro esteve presente em uma manifestação de seus apoiadores, feita para criticar a quarentena que visa conter a disseminação do novo coronavírus, doença pandêmica que já atinge mais de 185 países ao redor do globo, contaminando cerca de 3,8 milhões de pessoas. Durante a manifestação, as pessoas pediam a volta do Regime Militar e o AI-5.
Em meio a coronavírus, Bolsonaro vai em manifestação que apoia Regime Militar
No Brasil já foram registradas 2.484 mortes e o país possui um total de 39.144 infectados, número muito maior que os registrados na semana passada, o que demonstra que a doença de alto contágio vem se espalhando descontroladamente. O país com o maior número de infectados atualmente é os Estados Unidos, com mais de 759 mil doentes e cerca de 40.683 mortes registradas.
Bolsonaro compartilhou uma publicação em seu Instagram, mostrando ao Brasil que compareceu ao protesto feito no último domingo (19), desrespeitando a quarentena.
Imagens divulgadas pelo Fantástico revelaram que, além do Presidente estar sem máscara de proteção junto a uma grande aglomeração, o mesmo também cumprimentou outras entidades políticas com um aperto de mão e, em seguida, passou a mão no rosto, desrespeitando os conselhos da OMS (Organização Mundial da Saúde)
Diversas figuras políticas, além da imprensa internacional como o jornal “Clarín” (Argentina) e “The Washington Post” (EUA), criticaram a postura de Bolsonaro de ir em uma manifestação que pedia a volta do Regime Militar e do AI-5, algo anti-democrático e inconstitucional, além de desrespeitar a quarentena e não utilizar máscaras de proteção.
Confira as críticas de políticos feitas a Bolsonaro através das redes sociais:
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República
Lamentável que o Pr adira a manifestações antidemocráticas. É hora de união ao redor da Constituição contra toda ameaça à democracia. Ideal que deve unir civis e militares; ricos e pobres. Juntos pela liberdade e pelo Brasil
João Doria (PSDB), governador de São Paulo
Lamentável que o presidente da república apoie um ato antidemocrático, que afronta a democracia e exalta o AI-5. Repudio também os ataques ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal. O Brasil precisa vencer a pandemia e deve preservar sua democracia
Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro
Em vez de o presidente incitar a população contra os governadores e comandar uma grande rede de fake news para tentar assassinar nossas reputações, deveria cuidar da saúde dos brasileiros. Seguimos na missão de enfrentamento do Covid-19.#rjcontraocoronavirus
Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
O presidente da república atravessou o Rubicão. A sorte da democracia brasileira está lançada, hora dos democratas se unirem, superando dificuldades e divergências, em nome do bem maior chamado LIBERDADE!
Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Tempos estranhos! Não há espaço para retrocesso. Os ares são democráticos e assim continuarão. Visão totalitária merece a excomunhão maior. Saudosistas inoportunos. As instituições estão funcionando
Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons (Martin Luther King).
Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso.
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
A crise do #coronavirus só vai ser superada com responsabilidade política, união de todos e solidariedade. Invocar o AI-5 e a volta da Ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática #DitaduraNuncaMais
O que foi o AI-5?
O AI-5 foi o quinto de dezessete ator impostos pela Ditadura Militar após o golpe de Estado ocorrido em 1964, no Brasil, que derrubou a constituição da época. Nenhum ato teve revisão jurídica e todos foram impostos de forma anti-democrática.
O decreto deu autoridade para o que o presidente da época fechasse o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas dos estados, além de permissão para o governo federal intervir em estados e municípios, suspendendo as autoridades locais e assumindo o controle de de lugares utilizando força bruta.
O AI-5 também permitiu a censura prévia de músicas, cinema, teatro, televisão, imprensa, e outras vias de comunicação, reprimindo a liberdade de expressão. Além disso, o decreto também não permitia que pessoas se reunissem sem a consentimento prévio da polícia e colocou diversos toques de recolher em todo o país.
O 5º decreto do Regime Militar também deu poder ao Presidente para que decreta-se a suspensão dos direitos políticos dos cidadãos considerados subversivos. O AI-5 também legitimava qualquer decreto feito pelo presidente, sem processo de votação de lei.