No último dia 25, foram feitas imagens de dois policiais sufocando até a morte o estadunidense George Floyd, um homem negro, na cidade de Minneapolis. Diante desse crime, começaram muitas manifestações ao redor do mundo contra o racismo. Infelizmente, o preconceito racial é uma realidade e está presente em diversos setores da sociedade. E, claro, o futebol não ficaria de fora.
Confira uma lista de alguns casos de racismo no esporte e suas consequências para os agressores e às vítimas.
Casos de racismo no futebol
1. Mario Balotelli
Em agosto do ano passado, o atacante acertou com Brescia, clube da sua cidade natal. Apesar da alta expectativa na contratação, o jogador já está de saída. De acordo com o jornal La Gazzetta dello Sport, Balotelli e Massimo Cellino, presidente do time, trocaram e-mails nos últimos dias, determinando o afastamento do jogador até o fim da temporada. Os dois não escondem mais a relação conturbada entre eles.
Em novembro, o dirigente proferiu uma frase racista em tom de deboche para justificar a falta de comprometimento do jogador com o clube.
É negro, está trabalhando para clarear, mas está com dificuldade.
Após a declaração, o Brescia soltou uma nota oficial amenizando a frase racista do presidente, que também é o dono do clube.
Com relação às declarações divulgadas esta tarde pelo presidente Massimo Cellino, em referência ao nosso jogador Mario Balotelli, Brescia Calcio evidentemente lida com uma piada paradoxal, claramente incompreendida, divulgada na tentativa de neutralizar a exposição excessiva da mídia e com intenção para proteger o próprio jogador.
2. Aranha
Em 2014, quando atuava pelo Santos, o goleiro Aranha foi vítima de racismo durante uma partida contra o Grêmio, válida pela Copa do Brasil. Alguns torcedores do time tricolor não só xingaram o jogador de “macaco”, como também fizeram gestos e sons imitando o animal.
Na ocasião, a câmera da ESPN flagrou essas atos racistas, entre eles, a imagem mais lembrada desse episódio: a torcedora Patrícia Moreira chamando o goleiro de “macaco”. Na época, a jovem foi muito criticada e chegou a ser afastada do emprego e mudar de cidade para evitar retaliações. Até o fechamento da matéria, o processo da gremista e outros três acusados está suspenso pela justiça.
Após o episódio, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva decidiu pela exclusão da equipe gaúcha da Copa do Brasil. Além disso, houve muitas manifestações pelo país em defesa do goleiro Aranha. Entre elas, uma campanha da CBF, chamada “Somos Iguais”, foi divulgada com vídeos, faixas na entrada dos times em campos, publicações em redes sociais, e outros.
Atualmente aposentado, Aranha concedeu entrevista ao portal A Tribuna e comentou sobre os protestos da morte de George Floyd nos EUA.
Eu vejo com tristeza, porque eles estão há mais tempo, e à frente do Brasil, na luta contra o racismo e, mesmo assim, não superaram, estão longe de superar o racismo.
3. Daniel Alves
Também em 2014, o lateral Daniel Alves, ainda no Barcelona, foi vítima de racismo em uma partida contra na casa do Villarreal. Um torcedor da equipe anfitriã jogou uma banana em direção ao brasileiro, quando se aproximava do corner do escanteio. Mas esse caso viralizou por causa da reação surpreendente do jogador: pegou a fruta no gramado e comeu no mesmo instante.
A atitude do jogador foi exaltada na época como uma excelente resposta aos racistas. Vale ressaltar que esse era o oitavo episódio de racismo no campeonato espanhol. Daniel Alves chegou a comentar sobre sua resposta com certa ironia aos atos racistas na La Liga
Incidente com a banana? Estou na Espanha há 11 anos e isso acontece desde o início. Você tem que rir desses retardados. Eu não sei quem jogou, mas tenho que agradecer, pois me deu energia para outros dois cruzamentos que acabaram em gol.
Após o ocorrido, foram muitas as manifestações em defesa ao atleta e contra os racistas. A hashtag “#SomosTodosMacacos” viralizou nas redes sociais, sempre acompanhadas de fotos com bananas, fazendo referência à resposta do atleta.
Seis anos depois do episódio mais antigo entre os três, é lamentável que ainda haja episódios de racismo ao redor do mundo. Infelizmente, esses criminosos continuam presentes na sociedades e matam pessoas devido ao preconceito racial, como noticiado nos recentes casos de João Pedro, Miguel e George Floyd.
Os protestos a favor das causas raciais, no meio de uma pandemia, expõem a gravidade do preconceito racial ao redor mundo. Após tantos episódios tristes, embora pareça óbvio, é preciso mais do que nunca reforçar para as autoridades que “vidas negras importam”.
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Por José Mário Santos – Fala! UFRJ