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Batman e a violência nas cidades

Medo é uma emoção comum ao ser humano, todos nós iremos sentir em algum momento de nossas vidas, principalmente se você é mulher e vive em uma cidade grande – repleta de roubos, furtos, mortes, estupros e feminicídio. Com quase três horas de duração, o filme Batman (2022) — The Batman, no original — se aprofunda no lado mais sombrio desse personagem e escancara a violência, corrupção e o medo que permeiam as grandes cidades.

A seguir, conheça a história do filme Batman e entenda as questões sociais exploradas.

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Filme Batman traz reflexões sobre violência. | Foto: Reprodução/ Pinterest

O enredo de Batman

Dirigido por Matt Reeves, o longa conta uma história que os fãs de filmes de super-heróis conhecem muito bem. Bruce Wayne (Robert Pattinson) viu seus pais serem mortos quando tinha apenas oito anos, por um — até então — assaltante comum. Filho único e herdeiro das indústrias Wayne, Bruce cresceu e se tornou um homem solitário, que vê na violência uma forma de justiça. Assim, virou Batman, o vigilante de Gotham.

No longa, o morcego está em seu segundo ano atuando, e se vê envolvido em uma investigação de um assassino em série. Intitulado como Charada (Paul Dano), o antagonista deixa, em seus assassinatos, uma série de pistas para Batman, o qual tenta desvendar o mistério juntamente com o comissário Gordon (Jeffrey Wright) e Seline (Zoë Kravitz).

A violência fora da ficção

Apesar de ser uma cidade fictícia do mundo da DC Comics, Gotham City apresenta diversas semelhanças com várias cidades ao redor do mundo que têm altos índices de corrupção, criminalidade e violência. Entre elas, São Paulo, que até janeiro deste ano registrou 642 roubos em geral por dia, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Isso significa que houve quase um roubo a cada dois minutos nesse período.

Além disso, o número de latrocínios – roubo seguido de morte – também teve um aumento. Em 2020, foram 46 registros, ou seja, 11,5 a cada trimestre. No ano seguinte, foram registrados 53 casos, com média de 13, e entre janeiro e março deste ano já foram 17. Com o abrandamento das restrições da quarentena, esse número tende a aumentar.

Talvez essa seja uma das genialidades da história do Homem-Morcego: mostrar a crueldade do comum. Batman não possui super-poderes ou veio de outro planeta, mas, assim como muitos de nós, passou por algo que o mudou por completo.

Apesar da riqueza e estilo de vida, Batman pode ser um dos super-heróis mais humanos de todos. Ele se fere, erra, se perde e tem de lidar com seus medos, ao mesmo tempo que lida com as incertezas do presente. A famosa música “Something in the Way”, da banda Nirvana, presente na trilha sonora do filme, contribui para essa mistura de sentimentos, nos inserindo na realidade tratada.

Embora o enredo tenha se perdido um pouco ao longo das horas do filme, Reeves soube trabalhar com o ordinário e mostrar outros lados do justiceiro. Além disso, trouxe questionamentos essenciais sobre a vida e a importância de lidarmos com os nossos medos, ou eles irão nos consumir. 

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Por Geovana Ferreira de Sá – Fala! Mackenzie

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