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Bandeiras arco-íris podem ser confiscadas na Copa do Mundo do Catar

O Major-General Abdulaziz Abdullah Al Ansari afirmou que bandeiras representantes do movimento LGBTQIA+ não serão aceitas na Copa do Mundo de 2022, que acontecerá no Catar. Segundo ele, tal atitude tem o intuito de proteger os simpatizantes do grupo de possíveis ataques. Saiba mais. 

Copa do Mundo
Bandeiras de arco-íris podem ser proibidas na Copa do Mundo do Catar. | Foto: Reprodução

Bandeiras do movimento LGBTQIA+ podem ser confiscadas na Copa do Mundo 

Durante a Copa do Mundo no Catar, que ocorre a partir de novembro deste ano, o governo do país pode confiscar bandeiras arco-íris, que representam o movimento LGBTQIA+. Em entrevista à Associated Press, o major-general Abdulaziz Abdullah Al Ansari, um dos responsáveis pela organização do evento, disse que casais homoafetivos são bem-vindos ao país, mas devem se comportar de forma reservada:

“Reservem o quarto juntos, durmam juntos… Isso é algo que não é da nossa conta. Estamos aqui para administrar o torneio. Não vamos além das coisas pessoais individuais que podem estar acontecendo entre essas pessoas… esse é realmente o conceito. Aqui não podemos mudar as leis. Você não pode mudar a religião por 28 dias de Copa do Mundo”

Além de Major, Al Ansari é diretor do Departamento de Cooperação Internacional e presidente do Comitê Nacional de Contraterrorismo do Ministério do Interior e afirma que a população do Catar não aceita relações homoafetivas. Segundo ele, se um visitante “quer demonstrar sua visão sobre o movimento (LGBTQIA+), demonstre-a em uma sociedade onde ela será aceita.”

Durante a entrevista, o Major insiste que não está ofendendo o grupo LGBT, mas sim os protegendo de possíveis reações do seu povo, que segue leis ríspidas e conservadoras da cultura muçulmana. “Se ele levantou a bandeira do arco-íris e eu a peguei dele, não é porque eu realmente quero insultá-lo, mas para protegê-lo. Porque se não for eu, alguém ao redor dele pode atacá-lo… Não posso garantir o comportamento de todo o povo”, acrescentou.

De acordo com as leis do Catar, relações entre pessoas do mesmo sexo são proibidas, podendo gerar até pena de morte. Apesar da declaração de Al Ansari, que tenta assegurar proteção aos turistas LGBT, muitos torcedores e atletas se mostraram receosos desde que foi decidido a realização do evento no país, há 12 anos.

Jogador gay fala sobre medo de ir ao Catar 

Após tornar-se o único jogador em atividade, na primeira divisão do futebol masculino, assumidamente gay, Josh Cavallo, atleta australiano, expressou o seu medo de jogar a Copa do Mundo no Catar. Em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, realizada no ano passado, Josh disse:

“Me entristece ver isso. Eu li algo sobre pena de morte para gays no Catar. É algo de que tenho muito medo e não gostaria de ir ao país por causa disso”

O confisco das bandeiras arco-íris, entretanto, ainda não é definitivo. Em 2020, Joyce Cook, diretora de responsabilidade social e educação da Fifa, disse em uma entrevista concedida a Associated Press que “bandeiras arco-íris e camisetas serão bem-vindas nos estádios”. Além disso, a realização da Copa do Mundo no Catar também esbarra com outras pendências do conservadorismo local. A venda de bebidas alcoólicas nos estádios, por exemplo, foi uma das questões discutidas, já que o consumo é proibido nas ruas e a venda é extremamente restrita.

O conflito entre os direitos humanos e o conservadorismo no Catar

Outra polêmica que surgiu nos últimos anos, no que se refere a preparação do país para o evento, é a violação dos direitos trabalhistas na construção das arenas. Em 2016, a Anistia Internacional, grupo de direitos humanos, acusou o governo catariano de usar trabalho forçado para os mais de 30 mil imigrantes que trabalham no projeto. Segundo o grupo, os trabalhadores pagavam altas taxas de recrutamento, viviam em acomodações precárias, tinham salários bloqueados e até mesmo passaportes confiscados.

Os trabalhadores estrangeiros já sofrem com as práticas abusivas de Doha há um bom tempo. A “Kafala”, um sistema que controla os direitos do trabalhador estrangeiro a partir da dependência de um “patrocínio” do empregador, foi uma das práticas mais questionadas pela Anistia Internacional, tal sistema impedia a saída de imigrantes dos seus empregos sem o consentimento do patrão e foi abolida ano passado após muita pressão.

Mesmo assim, o grupo de direitos humanos ainda aponta irregularidades no direito a esses operários. No ano passado, o jornal The Guardian publicou uma matéria que denunciava mais de 6 mil mortes de trabalhadores estrangeiros registradas no país desde que se iniciaram as obras.

Vale lembrar que essa é a primeira vez que uma edição da Copa do Mundo será realizada no Oriente Médio. De fato, ainda há muito a ser discutido em relação a execução do evento na região, que é questionada por muitos:

“Não há espaço para empregadores que não garantam a liberdade e a segurança dos trabalhadores da Copa do Mundo. Não há espaço para líderes que não podem sediar o jogo feminino. Não há espaço para anfitriões que não podem garantir legalmente a segurança e o respeito das pessoas LGBTQIA+ que vêm a este teatro dos sonhos”, disse a presidenta da Associação Norueguesa de Futebol, Lise Klaveness, em um discurso durante o congresso da Fifa realizado no último mês.

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Por  Murillo Bedoschi – Fala! Cásper 

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