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As transformações no mercado editorial brasileiro

Em 2020, a Saraiva fechou 36 livrarias pelo Brasil, mas os brasileiros consumiram mais livros na pandemia. Os perfis de leitores e leituras mudaram, e o ano foi marcado pela grande transformação nesse mercado. A tendência de digitalização da leitura, seja pelo meio de compra ou de consumo, foi catalisada e firmada no nosso país. 

Cenário anterior negativo

O mercado editorial já vinha sofrendo com a concorrência da Amazon desde a sua chegada no Brasil, em 2012, tornando-se o maior site de vendas de livros no País (e no mundo todo). A facilidade na compra, a variedade e os preços mais baixos atraíram os leitores, enquanto as livrarias e as editoras sentiram as consequências da chegada desse mega conglomerado. 

Além disso, houve o surgimento de novas formas de leitura. A partir de 2019, os audiolivros e os e-books ganharam força, ocupando o espaço dos livros impressos. Surgiram também autores que publicaram suas obras nas redes sociais, ou que fizeram uma autopublicação dos exemplares físicos, excluindo as editoras e as livrarias do processo de criação e venda. 

Com o início da pandemia e o fechamento do comércio não essencial, o mercado editorial foi forçado a se ajustar para não entrar em colapso. 

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O mercado editorial brasileiro teve que se readaptar na pandemia. | Foto: Reprodução.

Covid-19: impacto impulsiona transformação do mercado

Para conter o avanço do coronavírus, foram meses com os estabelecimentos fechados. A Saraiva encerrou as atividades de metade de suas lojas, entre janeiro e novembro de 2020. Diversas medidas tiveram que ser tomadas para que o ramo literário seguisse em frente.

O e-commerce entrou com força e transformou o mercado editorial brasileiro em digital, reforçando a tendência que já era vista por todo o mundo. A ocupação dos espaços virtuais com a venda on-line de livros facilitou o consumo destes, mas impediu que novos títulos entrassem no mercado. A estimativa é de que cerca de 10 mil novas obras foram impedidas de ir ao mercado. 

Segundo o Painel do Varejo de Livros no Brasil do mês de novembro, divulgado pela Nielsen e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), houve crescimentos de 25% no volume de livros vendidos e 22% em valor vendido em comparação com o mesmo mês de 2019. De fato, o brasileiro passou a ler mais na pandemia.

Além das vendas, os eventos literários foram realizados pela Internet. A Bienal de São Paulo, a Festa Literária de Paraty e diversos outros eventos foram adaptados e puderam receber pessoas de todas as regiões do Brasil.  

E não foram só as vendas que passaram por uma transformação em 2020. O perfil do leitor também mudou – os clássicos foram os mais procurados durante a pandemia. Houve um boom também no consumo de livros infantojuvenis, devido ao fechamento das escolas e ao maior tempo livre disponível para os jovens. 

As tendências para 2021

O mercado editorial pós-pandemia será marcado pela consolidação das transformações que ocorreram no ano anterior. A tecnologia continuará presente no meio, com continuação de vendas on-line, eventos virtuais e aumento do consumo de e-books.

A crise e o fechamento de lojas da Saraiva e da Cultura corroboram para o surgimento de novos estabelecimentos. Segundo pesquisa feita pela Book Info, 56 novas livrarias foram abertas na pandemia. Menores e independentes, elas atraem os leitores que ainda buscam essa experiência, mas nos arredores de seu bairro, e que acabam encontrando atendimento mais personalizado e caloroso. 

Outra tendência é o aumento do consumo de audiolivros. Com a chegada e a popularização de novos players, essa modalidade atrai aqueles que não querem ler, mas querem ouvir um conteúdo enquanto realizam outras tarefas. As plataformas gratuitas e a diversidade de títulos são outras vantagens desse formato.

Os clubes de assinaturas também ganham grande popularidade. Com a facilidade de receber livros novos todo mês sem sair de casa e a experiência de ler obras recomendadas por grandes autores, os diversos clubes estão chamando a atenção dos brasileiros.

Outra novidade no mercado é o financiamento coletivo, também chamado de crowdfunding. Nele, as pessoas interessadas nos projetos dos autores arrecadam o dinheiro necessário para a publicação da obra. A campanha +Livros da plataforma Catarse, de crowdfunding, arrecadou recentemente 500 mil reais, mostrando o poder do público relacionado ao meio literário.  

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Por Clarisse Claro – Fala! UFSC

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