O filme 365 Dni, lançado em 2020, com teor erótico, parou no TOP 10 dos filmes mais assistidos no streaming Netflix e críticos reconheceram algumas problemáticas como: violência contra a mulher, abuso, submissão e a Síndrome de Estocolmo.
O filme conta a história de Laura Biel (Anna-Maria Sieklucka), uma jovem executiva que foi passar as férias com seu namorado e alguns amigos em Sicília, na Itália. No começo da viagem, ela é sequestrada por Massimo Torricelli (Michele Morrone), que faz parte da máfia siciliana e dá um prazo de um ano para que ela se apaixone por ele.
Problemáticas de 365 Dni
Embora alguns classifiquem o relacionamento de Laura e Massimo como romance, é preciso rever de uma forma mais crítica o enredo. No primeiro instante, a história já tem um problema: o sequestro e o forçamento de uma relação afetiva (que no primeiro instante é inexistente). Massimo é um homem que usa seu poder para fazer com que as mulheres se submetam ao que ele manda.
Durante seu tempo como prisioneira, a jovem frequenta festas da máfia contra sua vontade, é forçada a fazer sexo com seu agressor e, ao longo da história, acaba desenvolvendo a Síndrome de Estocolmo, que é um estado psicológico em que a pessoa, após ser submetida à intimidação, agressão ou ao medo passa a ter simpatia ou amor pelo agressor.
Em uma cena, a comissária a bordo é obrigada e chora ao fazer sexo oral em Massimo. Uma crítica especializada, citada pelo O 4° Poder, diz que “o filme romantiza um sequestro e um relacionamento forçado. Todas as cenas de sexo na verdade eram de assédio, tortura e abuso sexual”.
Uma cantora britânica, Duffy, fez uma carta aberta criticando a Netflix pela romantização das problemáticas, por serem graves e por também ter sido sequestrada e estuprada. Para ela, o filme “glamoriza a realidade brutal do tráfico sexual, do sequestro e do abuso”.
365 Dni glamoriza a realidade brutal do tráfico sexual, do sequestro e do estupro. Não deveria ser a ideia de entretenimento para ninguém, nem ser descrito como tal ou comercializado desta maneira. Enquanto escrevo essas palavras, cerca de 25 milhões de pessoas são vítimas de tráfico [sexual] em todo o mundo. Por favor, tire um momento para pensar neste número, equivalente à quase metade da população da Inglaterra.
Escreveu a cantora em carta aberta.
Logo, ela completou que a Netflix não reproduziria materiais que glamorizassem a pedofilia, racismo e homofobia: “Todos sabemos que a Netflix não reproduziria um material que glamorizasse pedofilia, racismo, homofobia, genocídio ou qualquer outro crime contra a humanidade. O mundo corretamente se levantaria e gritaria. Tragicamente, as vítimas de tráfico e sequestro são invisíveis e, em 365 Dni, seu sofrimento é transformado em um ‘drama erótico’, como descreveu a Netflix”.
Em sua carta aberta, Duffy se dirigiu às pessoas para que assistissem e que gostaram do filme 365 Dni refletissem sobre o sequestro, abuso e violência sexual e também compartilhou links com informações de entidades que lutam contra essa realidade, como Coalition Against Trafficking in Women e Hope For Justice.
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Por Isabella Martinez – Fala! Anhembi