Por Thiago Dias – Fala!Anhembi
Conversamos com uma mulher de forte relevância dentro do movimento estudantil – Ana Júlia Ribeiro, a ex-secundarista que deu uma aula de politica no Plenário da Assembleia Legislativa em 2016, quando representou mais de mil estudantes secundaristas que ocupavam escolas em todo o Brasil. Hoje, Ana Júlia cursa direito na Pontifícia Universidade Católica do Paraná e ainda planeja a melhor forma de continuar a luta no meio universitário. Confira!
Fala!: O que fez você entrar na briga política e participar de tantas manifestações?
Ana Júlia: A indignação. Na realidade, quando a gente para pra pensar na tamanha desigualdade que a gente vive, como cada estudante na sociedade recebe um tratamento diferente e as formas como isso acontece, acho que não tem mais como você ficar quieto. Não dá pra não se indignar quando você consegue se enxergar do lado mais fraco. Foi também a vontade de ter outra opção, de ter uma outra realidade, não se conformar com essa.
Fala!: Na Assembléia Legislativa do Paraná, você representou estudantes que ocuparam mais de mil escolas em 2016. Como foi essa experiência?
Ana Júlia: A experiência de ocupar escola foi a coisa mais linda que aconteceu na minha vida até agora. É uma experiência única que não volta e é indescritível. Com relação a fazer aquela fala, representar os estudantes: foi muito difícil, muito nervosismo, mas que me trouxe experiências e acúmulos muito bons.
Fala!: Atualmente, você é colunista do Mídia Ninja. O que está achando da experiência? E na sua opinião, qual é a importância da mídia independente?
Ana Júlia: A mídia independente, na realidade, é a nossa única alternativa à hegemonia de poder nas mãos da grande imprensa e das grandes empresas. É a mídia independente quem vai conseguir colocar um contraponto, que vai conseguir falar a partir do que nós, as camadas mais vulneráveis, viemos. É a única que, além de não nos atacar, mostra de fato o nosso lado. O papel da mídia alternativa é poder justamente contradizer a mídia tradicional, e mostrar o outro lado das notícias. Isso é importante porque as coisas, se você escolhe apresentá-las de um jeito, você automaticamente anula o outro. A mídia independente é importante para essa democratização da informação.
Fala!: Como você se sente sendo mulher dentro do movimento estudantil?
Ana Júlia: O mais difícil é o preconceito que vem de fora, é muito mais agressivo quando você é mulher.
Fala!: Alguma mulher te inspira na luta?
Ana Júlia: Muitas! Minha mãe me inspira na luta, a Tânia Oliveira, que é uma advogada maravilhosa! A Mirian, que é minha chefe atual, Antonia Pellegrino, Dríade Aguiar, uma galera, muitas mulheres, as mulheres da Vila Soma, que é uma ocupação que eu visitei e que foi incrível!
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