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A invasão da PUC-SP em 1977: o evento que marcou a universidade

Era noite do dia 22 de setembro de 1977, quando a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi invadida por tropas da Polícia Militar. Tal ação aconteceu sob comando do coronel Erasmo Dias, então secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Visto que o país estava passando pela ditadura militar, a repressão feita pela polícia foi violenta. 

Nessa noite, por volta das 21h, estudantes de diversas universidades faziam um ato público na porta do Tuca (Teatro da Pontifícia Universidade Católica) para celebrar o 3º Encontro Nacional de Estudantes, que havia sido proibido pelo regime militar. Tropas da polícia chegaram no campus da universidade atirando bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral sobre os manifestantes. Logo depois, entraram na PUC-SP para prender professores, estudantes e funcionários.

Em seguida, sob ofensas e golpes de cassetete, as pessoas foram levadas para um estacionamento que havia na rua Monte Alegre, esquina com a rua Bartira. As quase mil pessoas que foram retiradas de suas atividades universitárias e acuadas no estacionamento, lembram até hoje dos gritos de Erasmo Dias: “É proibido falar. Só quem fala aqui sou eu”.

invasão da PUC-SP
A invasão da PUC-SP em 1977. | Foto: Reprodução.

Invasão da PUC-SP em 1977

Aquela fatídica noite de 1977, ficou marcada por rastros de destruição, truculência e depredação da universidade. Houve pessoas que sofreram queimaduras graves, resultado das bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral jogadas pela polícia militar.

Nesse ano, o presidente do Brasil era Ernesto Geisel. A PUC-SP era destaque naquela época como um local de resistência ao regime militar e luta pela redemocratização. Em julho desse mesmo ano, a universidade havia sediado a 29ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que tinha sido proibida pela ditadura se ocorresse em universidades públicas.

Internamente, a universidade também tinha um caráter democrático mal visto pelos setores mais conservadores do governo. Durante os anos 70, foram criadas tanto associações de professores como para funcionários. Em 1980, a PUC-SP realizou eleições diretas para o cargo de reitor, algo novo entre as universidades brasileiras.

A invasão da universidade não parou a luta pela redemocratização do país no regime militar. A PUC-SP, até hoje, tem caráter democrático e de resistência. O coronel Erasmo Dias pode até ter gritado que ninguém poderia falar, mas a universidade não se calou e continua lutando contra toda e qualquer forma de opressão. 

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Por Heloisa Shibuya – Fala! PUC

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