A assessoria da participante do reality A Fazenda 12, Raissa Barbosa, revelou que ela possui Transtorno de Personalidade Borderline. O anúncio e o comportamento exibido por Raissa levaram a um debate acerca do TPB, sigla utilizada para o problema.
Raissa da Fazenda já havia recebido e exposto o seu diagnóstico há, aproximadamente, um ano antes de entrar no programa, onde teve reações e brigas explosivas, como quando jogou creme e água em outros participantes, quebrou uma porta, socou almofadas e chutou cadeiras.
Transtorno de Personalidade Borderline
O Transtorno de Personalidade Borderline é marcado por comportamento, humor, relacionamentos pessoais e sociais instáveis, estado emocional inconstante e incapacidade de controle da raiva. Características perceptíveis nas atitudes tomadas por Raissa.
Segundo o Dr. Paulo Rezende, (CRM-SP 121.775), o Transtorno de Personalidade Borderline é multifatorial: “As causas incluem fatores genéticos e ambientais. Experiências traumáticas na infância, principalmente abuso e negligência, que podem causar a desregulação emocional, levando aos comportamentos disfuncionais e aos prejuízos sociais, acadêmicos, profissionais, familiares, entre outros, acabam piorando a desregulação”, afirma.
Hoje em dia temos exames de neuroimagem, como o PET – Tomografia por Emissão de Pósitrons e a Ressonância Magnética Funcional – RMNf, que evidenciam alterações anatômicas e funcionais desses pacientes. Só não se sabe ainda se essas alterações são prévias ou se desenvolvem-se ao longo do Transtorno.
completa o psiquiatra.
Entre os sintomas do TPB estão instabilidade emocional, sensação de inutilidade, insegurança, impulsividade, relações sociais prejudicadas, autodepreciação e até mesmo intenções suicidas. Com isso, após o transtorno ter ganhado maior visibilidade, surgiram debates se Raissa Barbosa, que apresenta dificuldades para controlar a raiva, deveria estar participando de A Fazenda 12, um reality que exige muito do psicológico.
Transtorno Bipolar x Transtorno de Personalidade Borderline
Apesar de apresentar diferenças, o Transtorno de Personalidade Borderline é muito confundido com o Transtorno Bipolar, inclusive por especialistas durante as suas primeiras avaliações, de acordo com Rezende. No TPB, a instabilidade do humor costuma ser constante, enquanto no Transtorno Bipolar, a pessoa tem, entre os episódios depressivos e eufóricos, momentos de estabilidade por um longo período.
As diferenças mais evidentes são na duração do quadro das alterações de humor. Enquanto no Transtorno Afetivo Bipolar o período depressivo ou de euforia deve durar, ao menos, duas semanas, no TPB as oscilações são súbitas e podem variar muitas vezes em um mesmo dia. Geralmente, essa oscilação de humor é reativa a alguma situação, principalmente relacionada aos relacionamentos afetivos. No TAB, muitas vezes, não há fator desencadeante.
explica o Dr. Rezende.
Tratamento para TPB
Caso existam episódios que demonstrem falta de controle da raiva, é importante buscar ajuda psiquiátrica. Segundo Paulo Rezende, havendo a suspeita de que um amigo ou um familiar possa ser portador do TPB, é importante orientar que o mesmo procure um profissional especialista para discutir estratégias de tratamento.
Sabemos que a psicoterapia, além de medicações como antidepressivos e neurolépticos, pode ajudar o indivíduo portador de TPB a não ter um prejuízo maior em várias esferas de sua vida, como problemas no trabalho, prejuízos acadêmicos, nas relações sociais e nas relações familiares.
Consequências
Dr. Paulo Rezende ainda lembra as possíveis consequências do Transtorno de Personalidade Borderline: “Essas pessoas são muito impulsivas e acabam colocando em risco sua saúde física, emocional e financeira. O abuso de substâncias ilícitas e álcool também é alto nesse grupo de indivíduos”.
Cerca de 10% das pessoas com o diagnóstico de TPB acabam suicidando-se. É fundamental buscar ajuda. Vale lembrar que a família tem um papel fundamental no tratamento, que não visa mudar o jeito do indivíduo ser, mas oferecer a ele a possibilidade de conseguir tomar as melhores decisões e não ser refém de comportamentos impulsivos e sentimentos de raiva incontroláveis.
finaliza o médico.
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Por Camila Nascimento – Fala! Cásper