Não é novidade que a indústria do K-pop está crescendo cada vez mais e o ocidente, que era até então dominado pelos mesmos artistas americanos e europeus, está abraçando esses artistas em ascensão. Então o que fez o K-pop ser único e se tornar esse fenômeno mundial?
Origem do K-pop
Primeiro, vamos discutir como esse fenômeno foi criado. Em 1996, um conjunto chamado Seo Taiji and Boys, compostos por três amigos, resolveu apresentar um estilo de música nova que incorporava influências da música ocidental. Com esse sucesso, a empresa de entretenimento SM Entertainment criou o boy group H.O.T, sendo então considerado o primeiro grupo de K-pop, iniciando assim a primeira geração, junto com os grupos Shinhwa, S.E.S, Sech Kies, Turbo, G.O.D, Fly to the Sky.
Assim, durante a segunda geração, surgiram grupos como Shinee, 2NE1 e Big Bang, seguidos então pelo atual fenômeno BTS, Blackpink e grupos como EXO, Seventeen, NCT, Red Velvet, Mamamoo e Twice representando a terceira geração. Hoje, a indústria já está na quarta geração, tendo grupos como Stray Kids, Loona, (G)-idle, ITZY e STAYC. Isso não necessariamente quer dizer que os grupos de grupos anteriores acabaram ou vão acabar, alguns ainda são grupos ativos que fazem sucesso.
Entretanto, o K-pop ficou conhecido mundialmente com o cantor PSY, que foi responsável pela febre mundial de Gangnam Style, inclusive entrando em 2012 para o Guinness World Records como o vídeo com mais curtidas no YouTube e havia liderado as paradas musicais de mais de trinta países.
Diferente de muitos artistas ocidentais, muitos grupos do K-pop não se apegam a somente um estilo de música, sempre havendo uma mistura de dois ou mais gêneros na sua discografia. Isso impede com que as músicas se tornem genéricas e sempre ocorre uma inovação para o seu público-alvo. Por exemplo, o grupo BTS consegue incorporar gêneros como hip-hop e pop utilizando instrumentos tradicionalmente coreanos, mostrando não ter medo de se arriscar e trazer novidades para o público.
Muitos grupos também apostam em conceitos únicos, um grande exemplo é o girl group Loona, da empresa BlockBerry Creative, que conta com uma história no seu próprio universo denominado Loonaverse, isso ocorreu a partir da revelação das 12 garotas de forma periódica em cada mês, cada uma tendo um solo e contendo três subunits (subdivisões no grupo) até que o grupo se formou completamente. Grupos como TXT e Enhypen também seguem um conceito com uma storyline, na qual as músicas e clipes fazem com que os fãs possam criar teorias sobre qual é a história que eles querem contar.
Outro conceito bastante inovador é o do grupo NCT, que quer ser visto como um grupo asiático global, assim, não tendo limites para números de membros e acrescentando mais pessoas, atualmente tendo 23 membros de diferentes nacionalidades, que são divididos em 3 subunits fixas (NCT 127, NCT Dream e Wayv) e uma rotatória (NCT U). Esse tipo de coisa seria muito difícil de ser realizado no ocidente, sendo uma das coisas que tornam essa indústria única.
Impacto na indústria ocidental
Um dos primeiros méritos que esses artistas conseguiram foi quebrar a barreira linguística que ainda é presente no mundo ocidental principalmente ao se falar de charts, premiações e até com os próprios ouvintes. Todos estão acostumados com o inglês sendo a principal língua de músicas conhecidas internacionalmente, sendo estes premiados enquanto artistas talentosos que não produzem conteúdo utilizando o inglês em suas músicas são negligenciados por premiações importantes.
Com o K-pop em seu auge, talvez possamos ver mais artistas em diversas línguas ganhando a notoriedade que merecem por entrarem em listas importantes como a Billboard. A solista BoA foi a primeira artista sul-coreana a entrar para a Billboard 200, uma lista que se baseia no consumo do público de algum artista, em 2009, com seu álbum BoA, seguida então pelo grupo Big Bang em março de 2012, com o álbum Alive, e Girls Generation (também conhecidas como SNSD), com o álbum Twinkle.
Atualmente, somente seis grupos conseguiram ultrapassar o TOP 5 da Billboard, sendo então os mais procurados nas suas respectivas semanas. São eles: BTS (Map of Soul: 7, Be), Blackpink (Blackpink: The Album), SuperM (Super One), NCT 127 (NeoZone), Monsta X (All About Luv) e o mais recente TXT, Tomorrow X Together, com o álbum The Chaos Chapter: Freeze.
O grupo BTS também recebeu o prêmio Top Social Artist no Billboard Music Awards por dois anos seguidos, em 2017 e 2018, quebrando o recorde do cantor Justin Bieber, que o conquistava todos os anos desde 2011.
Com isso, muitos artistas ocidentais também estão começando a notar a influência e relevância desses grupos e estão fazendo participações com esses artistas, como, por exemplo, Lady Gaga e Selena Gomez que fizeram uma colaboração com o grupo Blackpink nas faixas, Sour Candy e Ice Cream, respectivamente. O cantor Jason Derulo também convidou o grupo NCT 127 e o cantor chinês, Lay Zhang, do EXO para participar do seu EP especial Let’s shut up and dance. A cantora indie Halsey também fez uma colaboração com BTS em Boy with Luv, que ficou oito semanas no TOP 10 da Billboard.
Isso tudo mostra como o K-pop vem desafiando paradigmas estabelecidos pela parte dominante da indústria ocidental, e vai deixar uma marca enorme para os futuros artistas que surgirem em todas as regiões do mundo.
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Por Barbara Barbosa Moura de Oliveira – Fala! Mack