Um artista que possui muita fé nos jovens e que se utiliza de um novo jeito de se fazer punk para se expressar.
Ninguém conseguiu colocar minha personalidade em uma caixa, eu pertenço a sete caixas ao mesmo tempo.
Disse YUNGBLUD em uma entrevista ao NME. Dominic Harrison, nascido em 5 de agosto de 1997 na cidade de Doncaster, no Reino Unido, é filho de Sam e Justin Harrison e irmão de Jemima Rosa e Isabella Harrison. Desde pequeno, teve seu lado artístico à flor da pele e sempre com posicionamentos a respeito do que acontecia a sua volta. Em harmonia com tudo isso, aos dezesseis anos mudou-se para Londres, onde estudou teatro na Arts Educational Schools of London, antes de iniciar sua carreira musical.
Como sempre esteve em processo de composição e construção de suas músicas, tocava nas noites de Londres, e em uma delas, estavam na plateia Tommas Arbnby e Declan Morell, dois dos três fundadores da produtora Locomotion Enterteinment. Ao verem a energia e as letras afiadas de Harrison, imediatamente entraram em contato com ele, e acabaram trazendo-o para sua produtora.
E foi no ambiente da produtora que o nome YUNGBLUD surgiu. Como Dom era o mais novo dentro da lista dos que faziam parte da produtora, os chamavam de “young blood”, ou seja, o sangue mais jovem, e como ele estava a procura de um nome artístico, YUNGBLUD surgiu como o ideal naquele momento.
Escrevo músicas sobre o que está na minha cabeça, para uma geração que se sente incompreendida.
A influência musical de Dom vem de vários gêneros e campos musicais, como David Bowie, Alex Turner, Lady Gaga, Eminem, Marilyn Manson e Sex Pistols. Mas apesar de tantos vértices da sua formação musical, suas canções e personalidade artística se identificam essencialmente com o punk, do jeito inglês de se fazer. Dom utiliza muito de suas músicas para se posicionar em diversas questões, principalmente aquelas relacionadas ao contexto de sua geração. “O punk é um medo inegável de dizer o que você pensa, não importa o quê”, disse ele a uma entrevista ao The Spot.
Política, questões de gênero e saúde mental sob uma ótica de um indivíduo que não ter medo de dizer o que pensa e que faz disso uma missão para encorajar outros a fazerem o mesmo.
Somos uma geração que sabe o que quer, temos confiança em nós mesmos, mas ao mesmo tempo, somos cegados por ideologias velhas que nos barram.
afirmou Harrison em uma entrevista ao Sky News.
A geração atual com seus medos, anseios e críticas é de alguma forma sempre representada e com voz nas músicas de YUNGBLUD. E esse aspecto é fortemente observado na relação de Dom com seus fãs, que se consideram parte de uma grande família. “Quero construir uma comunidade de pessoas onde consigam ser livres e serem elas mesmas.”, contou Dom a Travis Mills no podcast ADHD.
Além de se posicionar como um representante da mentalidade dos jovens de hoje, Dom possui o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), com o qual foi diagnosticado quando criança. Devido a isso, Dom sempre se sentiu de certa maneira incompreendido pelas pessoas ao seu redor, que o achavam muito agitado e confuso. Foi na música que conseguiu colocar pra fora o que passava por sua cabeça, e hoje faz pessoas que passaram pelo o que ele já passou encontrarem um lugar que se sintam acolhidas. “Quero encorajar as pessoas para dizerem o que pensam e poderem falar ‘eu não estou bem, mas vou tentar ficar bem’”, disse a uma entrevista ao Sky News.
Com suas unhas pintadas de preto, cabelo bagunçado e meias rosa, YUNGBLUD constrói um estilo próprio. “Não ligo para os rótulos. É um estilo de vida muito desatualizado para mim. Eu me sinto muito sexy usando um vestido, por exemplo.”, afirmou Dom em uma conversa de um dos episódios do podcast de Travis Mills. E nas músicas, uma energia e gana sempre estão presentes.
Seu primeiro álbum, “21st Century Liability”, foi lançado em julho de 2018, possui mais de 7 milhões de ouvintes mensais no Spotify e fez parte dos 100 melhores da Billboard de 2018. Dotado de uma grande vontade de dizer para os outros, sobre os outros e por os outros, Dominic Harrison conseguiu criar um jeito novo de se fazer punk no Reino Unido, mas sem perder a contestação e inconformação com a situação das coisas.
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Por Maria Antônia Anacleto – Fala! Cásper