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Como está a atual situação da Coreia do Norte

A situação norte coreana é pautada em muitas outras situações de “diz que me diz” e polêmicas. O governo da Coreia do Norte diverge do que é comum hoje em dia, sociedades denominadas democráticas, e se destaca no cenário político mundial por viver lacrado por um regime ditatorial de extrema esquerda e a única dinastia comunista da história com o seu principal país aliado sendo a China.

A governança atual consiste na terceira geração da família Kim, Kim Jong-un, neto de Kim Il-sung, presidente após a divisão das coreias, e filho de Kim Jong-il. Família essa que dissemina até os dias atuais um forte nacionalismo e uma propaganda política muito intensa, promovendo o culto ao líder. Uma das razões para esta fé quase religiosa nos governantes é justificada pela crença no dever de obedecer quem está acima, pois são eles que oferecerão proteção ao povo.

Ao ouvir depoimentos ou assistir a reportagens sobre experiências de vivência no território norte coreano é possível notar a extrema rigidez do regime sob o qual a sociedade vive. A rede de internet a que os norte coreanos têm acesso é uma intranet, uma rede totalmente controlada pelo governo, no qual leem as notícias no site do principal jornal, que oferece publicações enaltecedoras da visão do partido.

Os jovens muitas vezes não têm celulares e o contato com a cultura do resto do mundo é praticamente nulo, nunca ouviram falar de Justin Bieber e sequer sabem o que é Facebook. Filmes e músicas espalham conteúdo único: sobre os líderes.

Kim Jong-un (também chamado de marechal) fechou as portas do país para relações exteriores e fez da Coreia do Norte uma das maiores potências militares da atualidade, a questão militar é tão forte que as estações de metrô do país são muito profundas a fim de serem usadas como abrigos caso uma guerra nuclear aconteça.

Vivem sob uma expectativa de guerra constante, o histórico do país é de conflitos, e a sociedade norte coreana é a mais militarizada do cenário mundial atual. O tempo médio de serviço militar é de seis anos para homens e de cinco para mulheres.

Por conta de sua herança socialista, durante a guerra fria a Coreia do Norte ficou sob influência soviética e a do Sul sob a dos EUA, a rivalidade com o capitalismo ainda vive no território de Kim Jong-un; portanto foi um acontecimento notório quando o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pisou em território norte coreano em 30 de junho de 2019. Sobre o fato, Kim Jong-un comentou que entende a ação como uma intenção de deixar o passado de lado e abrir as portas para o futuro, uma vez que tecnicamente Washington e Pyongyang (capitais dos EUA e da Coreia do Norte respectivamente) permanecem em guerra desde o fim da guerra das coreias, que não teve um tratado de paz assinado.

Assunto polêmico e delicado que entra no “bolo” de questões que a aproximação americana do regime ditatorial norte coreano é o da situação nuclear. A ONU tem sanções contra o programa nuclear atômico da Coreia do Norte, que Mike Pompeo, secretário de Estado norte americano, diz que os EUA são a favor de manter ao até o fim das negociações diplomáticas.

Mesmo com essa aparente reconciliação entre Estados Unidos e Coreia, não se pode esquecer das antigas “cutucadas” e ameaças entre as duas potências. Em 2017 o país asiático disse ter testado bombas de hidrogênio, ao que os EUA devolveram dizendo que iriam responder militarmente com uma força que aniquilaria a Coreia do Norte. Porém logo depois, em 2018, ocorreu uma aproximação entre ambos em Singapura, onde uma documento em que Kim se comprometia a “trabalhar pela completa desnuclearização da península” foi assinado.

Em fevereiro de 2019 houve mais um encontro entre Trump e o ditador norte coreano no Vietnã em que Kim fez a exigência de sanar as sanções antes de agir sobre a desnuclearização, atrasando as ações combinadas na reunião do ano anterior. Em março deste ano imagens mostraram uma aparente reconstrução de uma base de mísseis na Coreia do Norte, descumprindo a promessa feita em Singapura, assim como o ocorrido em maio: testes com mísseis na capital da península coreana foram realizados, e no mesmo dia os EUA apreenderam um cargueiro norte coreano sob a justificativa acusatória de que o país estava violando as sanções internacionais ao realizar exportação de carvão e importação de maquinário.

No último dia 31, a primeira vice-ministra do exterior da Coreia no Norte, Choe Son-Hui, declarou que

Nossa esperança no diálogo com os Estados Unidos está desaparecendo, e isso nos leva a uma situação em que devemos reconsiderar todas as medidas que tomamos até agora”, após a fala de Mike Pompeo sobre a administração do presidente Trump considerar os testes dos mísseis um comportamento desonesto por parte da Coreia do Norte. Pyongyang exige que Pompeo seja retirado do caso e Choe ainda afirma que os Estados Unidos “devem parar de testar nossa paciência com tais manifestações, que nos irritam, se não quiser se arrepender amargamente depois.

Então ao pensar na situação norte coreana hoje, pode-se pensar em uma confusão de acordos com os EUA e uma iniciativa tímida de um diálogo com o exterior, diplomaticamente falando, pois a sociedade continua sob a asa do regime ditatorial da dinastia Kim.

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Por Fatime Ghandour – Fala! Cásper

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