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A Apple deixou de ser cool?

A Apple está preparando neste momento seus anúncios para o célebre evento de Setembro. Junto com a chegada da primavera no hemisfério norte, a gigante da tecnologia irá revelar o design e especificações do iPhone 11, seu novo topo de linha.

Conforme nos aproximamos do aguardado momento em que o CEO Tim Cook subirá ao palco para apresentar os lançamentos, na internet surgem imagens dos primeiros protótipos, aumentando ou destruindo por completo a expectativa.

Esses protótipos são entregues para fabricantes de capinhas de celular, que produzem modelos personalizados-, porém alguns influenciadores digitais como Marques Brownlee (MKBHD) e Lewis Hilsenteger (Unbox Therapy) também tiveram acesso.

E as primeiras impressões são um pouco desapontantes… (Vídeo: Reprodução/MKBHD)

O visual é praticamente igual aos modelos anteriores. A única grande mudança fica por conta das três câmeras traseiras, mas a maneira como elas foram reunidas no quadrado preto é – no mínimo – deselegante, além de ser saltada para fora do aparelho.

Querida Apple

Não é de hoje que a queridinha do Vale do Sicílio vem errando feio. Em 2015, a Apple anunciou uma versão do iPad para “profissionais” acompanhado de uma caneta inteligente, mas a forma como o acessório era carregado fazia o tablet parecer um picolé gigante.

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Um péssimo design, um perigo para humanidade! (Foto: Leif Johnson/IDG)

Nos modelos mais recentes, esse problema da caneta foi corrigido com um carregamento por indução. De fato o produto está moderno e interessante. Entre os tablets, o iPad Pro se destaca. Na realidade, não há muita competição nesse mercado.

iPhone contra o mundo

Já no mercado de smartphones, o cenário é outro. Com a entrada de grandes empresas asiáticas como a Xiaomi, OnePlus e Huawei, e a consolidação de velhas jogadoras como a Samsung, a competição se tornou estreita.

O pódio inalcançável do iPhone está abalado. (Foto: James Bareham/The Verge)

E com a enorme sofisticação tecnológica, os aparelhos móveis estão conservando uma vida útil cada vez mais longa, sendo desnecessário realizar uma troca todo ano. Os avanços e novidades de um ano para outro são sutis.

Isso reflete em uma queda global na aquisição de smartphones. No primeiro trimestre deste ano, as vendas caíram 6,6% com relação ao primeiro trimestre de 2018, aponta relatório da International Data Corporation (IDC).

Os últimos 10 anos foram a era do smartphone. Deste ano em diante, talvez uma nova era esteja chegando, com tecnologias se misturando e agindo juntas. A nova era está à nossa frente.

DongJin Koh, presidente da divisão de celulares da Samsung

Maçã de luxo

No início de 2019, a Apple sofreu uma queda de 5% na sua receita. O relatório de receitas divulgado pela empresa estima arrecadação de 58 bilhões de dólares. Ainda é um valor grande, mas para os investidores, esses números precisam ser maiores.

Para enfrentar esse problema e agradar os investidores, a Maça decidiu aumentar o preço médio de todos os seus produtos. No Brasil, o valor médio do iPhone mais do que dobrou, subindo 127%, de acordo com o iPhone Price Index.

Uma vez que não é possível lucrar na quantidade de aparelhos vendidos, a Apple optou por ganhar o máximo possível com uma única venda. Alguns fãs fervorosos da marca estão dispostos a bancar esse acréscimo. Já a maioria dos consumidores nem tanto.

Photo: Getty
Antes filas enormes de fãs tomavam as lojas em dia de lançamento; hoje isso é raro. (Getty Images)

Saudades Steve Jobs

Desde a morte de Steve Jobs em 2011, a Apple perdeu parte do seu status. Ainda que o empresário e fundador fosse um pouco petulante, a história de sucesso do gênio projetava sobre a companhia uma aura disruptiva e moderna.

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As “loucuras” do gênio eram sempre aceitas pela mídia e pelos consumidores. (Foto: Getty Images)

O caso do iTunes é peculiar. O serviço de compra de arquivos digitais deu uma sobrevida à indústria fonográfica, que sofria com a pirataria no inicio dos anos 2000. Além de música, o iTunes popularizou os podcasts – inclusive o termo deriva de um aparelho da Maça: o iPod.

Steve Jobs sempre foi contrário aos serviços de streaming. Apessar disso, em 2015, quatro anos após a sua morte, seu sucessor Tim Cook anunciou o Apple Music, concorrente do Spotify. Certamente isso teria deixado Jobs enfurecido.

E agora, Apple?

Em junho, a companhia perdeu outro grande nome. Jony Ive, diretor de design da Apple, saiu da companhia depois de quase 30 anos de trabalho. Em uma entrevista para o Wall Street Journal, ele afirmou que Tim Cook não estava interessado em design.

O último projeto de Ive na Apple foi o iPhone 11, com a desastrosa câmera tripla. O seu trabalho também está impresso na antiga caneta inteligente do iPad, com o estranho carregamento. Mas segundo Ivy, seu papel na empresa estava reduzido há anos.

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Jony Ive (na esquerda) estava desesperançoso com o futuro da Apple. (Foto: Getty Images)

A Apple encerrou um ciclo após a morte de Steve Jobs. Desde então, previsões apocalípticas previam a derrocada da marca. Por alguns anos, a empresa conseguiu se manter. Agora com a saída de Jony Ive, outro ciclo se fecha. E o futuro é incerto para a gigante da tecnologia.

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