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Moda e Apreciação Cultural: entenda qual é a relação

Para entendermos a relação entre moda e apreciação cultural, é importante refletirmos sobre os conceitos isoladamente. Segundo a definição do dicionário Aurélio Digital, moda é “uso, hábito, ou estilo geralmente aceito, variável no tempo, e resultante de determinado gosto, ideia, capricho, e das interinfluências do meio”.

A definição de cultura diz que é “refinamento de hábitos, modos ou gostos”.

A partir desses entendimentos, podemos concluir que moda e cultura se encontram em conceitos primários e em suas respectivas aplicações na sociedade. Enquanto a cultura costuma ser constantemente repartida entre o “erudito” (das classes abastadas) e o “popular” (das classes desprivilegiadas), a moda é tida como tudo aquilo fungível, passageiro, desimportante, sem profundidade.

Moda e Apreciação Cultural
Moda e Cultura são conceitos que se encontram. | Foto: Reprodução/ Revista Claudia

Mas afinal, qual a relação entre moda e apreciação cultural?

 O filósofo Gilles Lipovetsky, em seu livro O Império do Efêmero, diz: “a moda suscita o reflexo crítico antes do estudo objetivo, é evocada principalmente para ser fustigada, para marcar sua distância, para deplorar o embotamento dos homens e o vício dos negócios: a moda é sempre os outros”. Ou seja, a moda é sempre vista com desdém de quem se considera superior ao tido como passageiro. A cultura, por vezes, passa pelo mesmo crivo.

Bumba Meu Boi
O Bumba meu boi em São Luiz, no estado do Maranhão, Nordeste Brasileiro. | Foto: Reprodução

Moda e cultura estão diretamente relacionadas pela ideia de que uma transforma a outra e vice-versa. Como exemplo, temos as telenovelas brasileiras. Produtos hegemônicos da cultura nacional, as novelas têm capacidade de alcançar todos os tipos de públicos, classes, e por isso são tão importantes como meio de debate para assuntos de interesse social, como machismo, feminismo, gênero e sexualidade. Também pela sua importância, alcance e impacto, os folhetins criam e ditam modas, seja nas vestimentas, acessórios, comportamento e até bordões.

A moda e a cultura nas novelas

O Clone
Giovanna Antonelli em cena da novela O Clone, de 2001-2022. | Foto: Reprodução/TV Globo

Na novela O Clone, a personagem Jade, interpretada pela atriz Giovanna Antonelli, fez sucesso com suas danças mulçumanas e acessórios como brincos, anéis e pulseiras. Um produto cultural que ditou a moda da época.

O debate sobre moda e apreciação cultural

O debate de moda e cultura também reflete o conservadorismo de parcela da sociedade que costuma criticar determinada manifestação artística. O que é tradicional é considerado o oposto do que é moda, ou superior, aquilo que adquiriu tamanha relevância social ao longo dos tempos que permaneceu sendo assim e mantido pelas pessoas, e passado de geração para geração. A moda, por sua vez, ocupa o lugar do irrelevante, passageiro, pouco impactante ou de valor social insuficiente.

Ainda que a verdade absoluta do conceito de moda fosse exatamente o lugar de irrelevância, é necessário entender o seu valor enquanto discussão de comportamentos e novas propostas. Uma roupa, música, arte pode até ser passageiro, esquecido. Mas não por isso deixa de contribuir para a evolução de determinados valores preservados que precisam ser revistos, em prol de uma vida social mais igualitária, justa e respeitosa. Temas como respeito a diversidade sexual, racismo e direitos das mulheres são contemplados por “modismos culturais” que provocam debates e reflexões de grande alcance popular. Temos, então, a chamada “cultura de massa” colaborando para o desenvolvimento social.

Dia Mundial da Diversidade Cultural
Imagem celebrando o Dia Mundial da Diversidade Cultural. | Foto: Reprodução

Ou seja, para além de considerar mais ou menos valoroso o que se considera moda e sua apreciação cultural, é necessário entender a importância de sua manifestação e publicação, além de torná-la acessível para que seja um direito de todos os cidadãos que quiserem desfrutar de suas características, ainda que passageiras. E quem sabe, torná-las tradição.

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Por Gustavo Torquato – Fala! Universidade Federal Fluminense

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