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O Gambito da Rainha é um verdadeiro jogo de tabuleiro: leia a crítica

Genialidade, sofisticação e melancolia traduzem O Gambito da Rainha, minissérie original Netflix. A inteligência da produção não se limita ao enredo interessante. Cenários, figurinos e atuações se juntam ao roteiro para conseguir transformar o audiovisual em uma longa partida de xadrez com o espectador.

O Gambito da Rainha
O Gambito da Rainha é a minissérie genial da Netflix. | Foto: Reprodução/Netflix.

O Gambito da Rainha traz genialidade em seu DNA

A trama de O Gambito da Rainha evidencia a luta de Elizabeth Harmon (Anya Taylor-Joy) ao lidar com uma linha tênue entre genialidade e loucura. Harmon encara questões emocionais desde cedo. Na história, ela perde a mãe aos nove anos em um acidente de carro e é enviada para um orfanato, onde aprende xadrez no porão, com o zelador do local, Mr. Shaibel (Bill Camp).

Logo, a grande capacidade intelectual da menina é colocada à mesa, junto à sua propensão a desenvolver vícios. Algo retratado logo no início da trama, quando o prodígio se vicia pelos tranquilizantes dados às crianças do orfanato. Mas é após ser adotada e começar a participar de diferentes campeonatos que seu talento toma proporções maiores. Bem como suas compulsões, que se revelam voltadas ao álcool também.

A produção é impecável ao trazer um fantástico clima de tensão. O espectador vive a vida de Beth, ao mesmo tempo em que sente as emoções do audiovisual. A impressão é de que tudo é feito para que você se sinta um enxadrista em final de campeonato durante todos os 393 minutos da série.

O Gambito da Rainha netflix
Detalhes fazem a ambientação do audiovisual. | Foto: Reprodução/Netflix.

Por esse e outros pequenos detalhes vistos no decorrer da história, percebe-se que a trama tem toques de quem entende do assunto. A minissérie é baseada em um livro homônimo de Walter Tevis, que utilizou de sua própria experiência como jogador para a elaboração de alguns pontos importantes. Além disso, os talentosos Scott Frank Allan Scott tiveram a ajuda de duas lendas do xadrez para a adaptação, Garry Kasparov e Bruce Pandolfini.

A minissérie da Netflix agrada nos detalhes

Para além do enredo, é um erro não citar o jogo de luzes, câmeras, cenários bem elaborados e figurinos marcantes. Tudo isso contribui para a ambientação da minissérie. As longas cenas, seguidas por cortes em momentos exatos, bem como o jogo de luzes, fazem o espectador sentir na pele o clima de mistério e tensão da Guerra Fria. Enquanto os cenários e figurinos são capazes de transportar qualquer um para os anos 60, onde a história se desenvolve.

Sem deixar de falar do elenco excepcional. Anya Taylor-Joy prende o público com seus olhares marcantes. A atriz, que já era conhecida por seus papéis em Fragmentado e A bruxa, deixa a impressão de que a protagonista foi escrita especialmente para ela. Enquanto outros atores como Moses IngramJacob Fortune-Lloyd e Thomas Brodie-Sangster encantam o espectador com seus personagens cativantes.

Clichês ainda são encontrados no enredo

O roteiro apenas perde alguns pontos quando trabalha com clichês conhecidos. A história da menina esquisita que fica bonita e deixa de ser ignorada, bem como a síndrome de protagonista, são bastante batidas. Durante a série, Beth toma atitudes reprováveis ao lidar com as pessoas ao seu redor. Mesmo assim, é grandemente apoiada e, em certas situações, tratada como o centro do mundo.

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A minissérie da Netflix ainda traz clichês no enredo. | Foto: Reprodução/Netflix.

O Gambito da Rainha consegue, com maestria, segurar a tensão e mexer com as emoções do espectador. A série faz pessoas que não conhecem nada de xadrez parecerem íntimas, apenas observando as certeiras expressões dos personagens. Beth fala que o tabuleiro é um mundo todo em 64 casas. Então, é possível dizer que a minissérie traduziu brilhantemente essas 64 casas em um audiovisual.

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Por Bianca Sousa – Fala! Faculdade Paulista de Comunicação

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